Overdose

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Felix estava em seu apartamento, sentado no sofá, com o celular na mão. Já fazia semanas desde que havia tentado cortar qualquer notícia relacionada a Hyunjin de sua vida, mas a curiosidade e o desejo de saber como ele estava eram difíceis de ignorar. Naquele momento, ele rolava as manchetes rapidamente, passando por títulos que falavam sobre seu próprio sucesso e os novos projetos que tinha pela frente. Até que, de repente, uma manchete específica o fez parar, o coração quase falhando.

"Hwang Hyunjin tem parada cardíaca após overdose."

Felix sentiu um frio percorrer seu corpo, as palavras pareciam borradas enquanto ele encarava a tela. Tudo ao seu redor parecia se desfocar, e ele apenas se concentrava naquela frase. Ele apertou o celular com força, os olhos arregalados, tentando assimilar o que havia acabado de ler.

— Não... — murmurou, com a voz quase inaudível. — Hyunjin...

A mão trêmula deslizou pela tela, abrindo a notícia. Ele leu, absorvendo cada palavra. Hyunjin havia sido encontrado desacordado em sua casa e levado às pressas ao hospital após sofrer uma parada cardíaca provocada por uma overdose. A equipe médica ainda estava trabalhando para estabilizá-lo. Havia poucas informações concretas, mas a situação era crítica.

Felix sentiu lágrimas quentes se formarem em seus olhos. Ele tentou piscar para afastá-las, mas elas escorriam sem parar. Ele não podia acreditar. Tantas vezes desejou que Hyunjin saísse de sua vida para poder seguir em frente, mas agora, a ideia de perdê-lo para sempre era insuportável. Era como se um buraco tivesse se aberto dentro dele.

Tomy, o empresário, entrou na sala, provavelmente para discutir a agenda do próximo show, mas ao ver a expressão de Felix, parou, preocupado.

— Felix? Está tudo bem?

Felix limpou rapidamente as lágrimas, mas era impossível esconder o olhar devastado. Ele ergueu o celular, mostrando a manchete para Tomy, que também arregalou os olhos ao ler.

— Meu Deus... — Tomy murmurou, tentando processar a informação.

— Ele... ele não pode... — Felix começou, mas as palavras ficaram presas na garganta. Ele respirou fundo, tentando recuperar o controle. — Eu preciso ir até ele, Tomy.

— Felix, você tem um show marcado. Se sair agora, vai cancelar toda a programação. Isso vai ter um impacto...

— Eu não me importo! — Felix exclamou, a voz trêmula de desespero. — Se ele... se algo acontecer com ele e eu não estiver lá, eu nunca vou me perdoar.

Tomy respirou fundo, observando Felix, e, vendo a seriedade em seus olhos, assentiu devagar.

— Tudo bem... eu vou resolver as questões do show. Mas, por favor, seja cuidadoso.

Felix mal esperou pela permissão. Ele pegou uma mochila, colocou algumas coisas dentro e saiu às pressas. Durante o caminho para o hospital, ele se sentia em uma espécie de torpor, como se estivesse em um sonho ruim do qual não conseguia acordar. Cada segundo que passava parecia uma eternidade, e a angústia crescia a cada quilômetro percorrido.

Quando finalmente chegou ao hospital, foi direto até a recepção, onde foi informado que Hyunjin estava na UTI. Ele se deparou com uma enfermeira que parecia reconhecer quem ele era.

— Eu sou um... amigo de Hyunjin — Felix explicou, tentando manter a calma. — Preciso vê-lo. Por favor, eu só... preciso saber se ele está bem.

A enfermeira o observou com uma expressão de compaixão e assentiu.

— Vou verificar com os médicos se você pode entrar.

Enquanto aguardava, Felix andava de um lado para o outro, a ansiedade o consumindo. Finalmente, a enfermeira retornou, conduzindo-o por um corredor até a unidade de terapia intensiva. Felix parou na porta do quarto, respirando fundo antes de entrar. Ao vê-lo deitado na cama, com tubos e fios conectados ao corpo, ele sentiu o peito se apertar.

Hyunjin parecia frágil, tão diferente do homem confiante e ousado que ele conhecia. Felix se aproximou devagar, parando ao lado da cama. Ele hesitou, mas acabou segurando a mão de Hyunjin, sentindo a pele fria dele contra a sua.

— Hyunjin... — sussurrou, a voz embargada. — Por que você fez isso?

Ele fechou os olhos, tentando se conter, mas as lágrimas vieram. Todo o ressentimento, a raiva, o amor, e a dor que sentia por ele estavam ali, misturados. E agora tudo parecia tão pequeno, tão insignificante comparado à possibilidade de perdê-lo para sempre.

Depois de alguns minutos em silêncio, ele sussurrou novamente:

— Você sempre disse que nunca foi o cara que fica... mas você precisa ficar. Por favor... — sussurrou Felix — Você precisa viver.

Fogo cruzadoOnde histórias criam vida. Descubra agora