O despertar

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A noite parecia se arrastar em um ritmo cruel, cada minuto mais longo que o anterior. Hyunjin se mantinha firme ao lado de Felix, os olhos inquietos, os nervos à flor da pele. Ele alternava entre caminhar pelo quarto, perdido em pensamentos, e sentar-se ao lado da cama, mantendo uma vigília constante. De vez em quando, ele se inclinava para acariciar o rosto de Felix, o polegar deslizando pelo contorno de suas bochechas pálidas, como se a simples presença dele pudesse de alguma forma trazer Felix de volta à consciência.

Ele não conseguia deixar de pensar em tudo que havia acontecido. E, no fundo, sabia exatamente quem poderia ter feito aquilo. Nicholas. Não havia outra explicação que fizesse sentido para ele. A ideia de Nicholas ter causado tanto sofrimento a Felix fazia o sangue de Hyunjin ferver.

— Como ele pôde fazer isso? — ele se perguntou, enquanto olhava para Felix, o rosto machucado, a respiração leve. O ódio pulsava dentro dele, tão intenso e real que quase o fazia levantar e sair à caça de Nicholas naquele instante.

Hyunjin se levantou de repente, incapaz de suportar o peso de sua raiva imóvel. Ele começou a andar de um lado para o outro no quarto, tentando se acalmar, mas cada passo só parecia alimentar a fúria que o consumia.

— Como ele teve coragem...? — murmurou baixinho, apertando os punhos, a mandíbula travada. Ele fechou os olhos por um momento, respirando fundo, mas o rosto de Nicholas continuava assombrando sua mente.

Ele voltou para perto de Felix, a expressão suavizando quando olhou para o namorado deitado, tão vulnerável. A raiva se misturava com a tristeza, criando uma mistura de sentimentos que quase o sufocava.

— Por que você? Por que ele, meu Deus? — Hyunjin questionava. Ele não sabia a quem estava questionando, se tinha algum Deus que o ouvisse naquele momento — Eu prometo que ele vai pagar por isso, amor — sussurrou, sentando-se ao lado da cama. — Eu juro... ele nunca mais vai te machucar.

Ele pegou a mão de Felix com cuidado, entrelaçando os dedos com os dele, como se isso pudesse protegê-lo de todo o mal. Hyunjin se inclinou, encostando a testa na mão do namorado, os olhos fechados.

— Eu queria estar lá... queria ter feito algo... qualquer coisa para impedir isso — murmurou, a voz embargada.

A noite foi passando, mas Hyunjin continuava acordado, vigiando cada respiração de Felix. Em algum momento, ele acabou adormecendo por poucos minutos, mas logo acordava sobressaltado, o coração batendo forte, temendo que algo tivesse acontecido enquanto ele fechara os olhos.

No início da manhã, quando a primeira luz do sol começou a aparecer pela janela, Hyunjin se levantou mais uma vez, indo até a janela e respirando fundo. A raiva voltava a aquecer seu peito com força, e, naquele instante, ele soube que não iria descansar até que Nicholas pagasse pelo que havia feito.

— Você vai pagar... eu vou fazer questão disso — ele murmurou, a expressão endurecida.

...

Horas depois, Felix abriu os olhos devagar, piscando algumas vezes enquanto se ajustava à luz fraca do quarto de hospital. A dor irradiava do seu ombro e do peito, e ele soltou um resmungo baixo, tentando mover o corpo sem muito sucesso. Hyunjin, que estava sentado ao lado da cama com um copo de café nas mãos, reconheceu imediatamente aquele som característico de Felix, o mesmo resmungo que ouvia toda manhã, quando ele tentava se levantar sem sucesso antes das oito.

Hyunjin sorriu, sentindo um calor preencher seu peito. Ele se aproximou da cama, inclinando-se para ver o rosto do namorado com mais clareza.

— Hey, dorminhoco — sussurrou Hyunjin, com um tom suave, deixando o alívio transparecer em cada palavra. — Como você está se sentindo?

Fogo cruzadoOnde histórias criam vida. Descubra agora