Fogo cruzado

Uma tentativa de assassinato

Hyunjin acordou sentindo o desconforto de uma noite mal dormida. A cama do hospital era estreita, e ele estava todo torto, mas isso não importava tanto quando ele olhou para o lado e viu Felix enroscado nele, respirando calmamente contra seu peito. Um sorriso suave surgiu em seu rosto ao ver o namorado adormecido, tão vulnerável, tão pacífico.

Com cuidado, ele deslizou os braços debaixo de Felix, tentando se mover sem acordá-lo. Felix soltou um murmúrio, ajustando-se contra o colchão, mas não acordou. Hyunjin se levantou da cama, os músculos doloridos pela posição apertada em que dormiu, e se dirigiu ao banheiro, deixando a porta entreaberta.

Enquanto lavava as mãos, ouviu um som estranho vindo do quarto, mas pensou que poderia ser o próprio Felix se mexendo. No entanto, ao sair do banheiro, a cena que o aguardava fez seu sangue gelar.

Um homem encapuzado estava em pé ao lado da cama, com um travesseiro pressionado sobre o rosto de Felix.

— Ei! — Hyunjin gritou, correndo em direção ao estranho.

O intruso levantou o rosto, mas não parou; pressionou o travesseiro com ainda mais força, tentando sufocar Felix. Hyunjin, tomado pela fúria, lançou-se contra o homem, empurrando-o para longe da cama.

— Larga ele! — Hyunjin gritou, socando o agressor com toda a força que conseguia reunir.

Eles entraram em uma luta corporal intensa, derrubando uma cadeira e um suporte de soro no processo. O encapuzado, sem hesitar, retaliou com um soco direto no rosto de Hyunjin, acertando seu nariz. Hyunjin sentiu a dor aguda e o sangue escorrer, perdendo momentaneamente o equilíbrio e caindo no chão.

— Desgraçado! — Hyunjin murmurou, tentando se levantar, mas a dor o fez recuar por um segundo.

Enquanto Hyunjin tentava se recompor, o intruso olhou rapidamente ao redor e decidiu sair antes que alguém chegasse. Ele correu em direção à janela, pulando e desaparecendo na noite.

Hyunjin, mesmo com a dor pulsando no rosto, rastejou até a cama onde Felix estava. O coração disparado, ele retirou o travesseiro do rosto de Felix, que respirava com dificuldade, ofegante, mas estava acordando lentamente.

— Amor... você está bem? — Hyunjin murmurou, a voz trêmula, segurando o rosto de Felix com mãos levemente manchadas de sangue.

Felix piscou, ainda atordoado, e levou alguns segundos para compreender o que havia acontecido. Ele olhou para Hyunjin, os olhos ainda meio confusos.

— Hyunjin...? O que... o que aconteceu? — Felix murmurou, tentando focar o olhar no namorado.

Hyunjin exalou um suspiro de alívio, apesar do latejar no nariz.

— Alguém... tentou te machucar. Mas eu estou aqui. Ele foi embora — disse Hyunjin, segurando a mão de Felix firmemente, como se garantir que ele estava realmente ali.

Felix assentiu, ainda meio grogue, e olhou para Hyunjin com um misto de gratidão e medo.

— Obrigado... você me salvou — murmurou Felix, a voz fraca.

Hyunjin o puxou para um abraço gentil, ignorando a dor que sentia. Ele afastou-se um pouco de Felix, passando a mão pelo rosto com uma expressão tensa. Ele olhou para a janela pela qual o agressor havia fugido e murmurou:

— Provavelmente era Nicholas... só pode ter sido ele.

A voz de Hyunjin carregava um tom de raiva e frustração, mas também um cansaço profundo. Ele limpou o sangue que escorria do nariz com o dorso da mão, mas o ferimento parecia insistir em sangrar. Felix, notando o estado de Hyunjin, esticou-se devagar para alcançar um lenço de papel sobre a mesa de cabeceira. Com delicadeza, ele se aproximou e começou a limpar o nariz de Hyunjin.