Arte na Pele - Gabriel Guevara

10°

Gabriel acordou na manhã seguinte ainda sentindo os resquícios da noite anterior. A leveza no peito e o sorriso no rosto denunciavam que ele, claramente, estava encantado com a noite passada. Anne. Era incrível como ela conseguia fazer com que ele se sentisse mais... humano. Menos o "Gabriel Guevara, ator", e mais Gabriel, a pessoa. Ele rolou na cama, olhando para o teto, ainda repassando os momentos do jantar.

Desde que entrara na casa dela, sentira a atmosfera diferente. Não era só o ambiente aconchegante, mas a presença de Anne que o fazia relaxar. A simplicidade dela contrastava com a vida caótica que ele costumava levar. A conversa fluiu naturalmente, como sempre. No entanto, havia um momento específico que não saía da cabeça de Gabriel: quando ela se inclinou para limpar o molho do rosto dele.

Ele suspirou, tentando não se apegar tanto àquela lembrança. A aproximação havia sido sutil, quase insignificante, mas o efeito... Bem, o efeito ainda estava ali, perturbando seus pensamentos.

O celular vibrou ao lado da cama, e ele o pegou, esperando que fosse algum compromisso de trabalho, mas viu que era uma mensagem de seu amigo e colega de profissão, Javier.

Javier: "Ei, cara! Hoje à noite tem um bar novo abrindo no centro. Bora dar uma passada?"

Gabriel sorriu. Javier era sempre uma boa companhia. Eles se conheciam há alguns anos e compartilhavam algumas aventuras juntos, tanto dentro quanto fora das câmeras. Ele olhou para a mensagem por alguns segundos antes de responder.

Gabriel: "Tô dentro. Nos vemos lá."

Depois de enviar a resposta, ele se levantou e foi direto para a cozinha, onde preparou um café, ainda pensando em Anne. Na noite anterior, ele havia sentido algo mais forte por ela. Não era só atração, era uma conexão genuína que ele não tinha com muitas pessoas. Ainda assim, não queria apressar nada. Estava claro que Anne também preferia ir devagar, e ele respeitava isso. Gostava de como estavam as coisas, da leveza entre eles, sem expectativas sufocantes.

Mais tarde, Gabriel chegou ao estúdio de gravação, onde estava filmando cenas para um novo projeto. Ao entrar no camarim, encontrou Javier já sentado, mexendo no celular.

— E aí, cara? — Javier levantou os olhos e sorriu. — Preparado para mais um dia longo?

— Sempre, né? — Gabriel respondeu, jogando a bolsa no canto e se sentando.

Javier olhou para ele por alguns segundos, um sorriso divertido se formando em seu rosto.

— Você está diferente hoje. Algo aconteceu ontem? — ele perguntou, com aquele olhar típico de quem sabe que há mais do que o outro está dizendo.

Gabriel riu, balançando a cabeça.

— O que te faz pensar isso?

— Sei lá, você parece mais leve. Tipo, mais relaxado. Ou talvez... — Javier estreitou os olhos, como se estivesse analisando Gabriel profundamente. — Talvez tenha a ver com alguém.

Gabriel hesitou por um segundo. Ele não tinha planejado compartilhar sobre Anne, mas Javier era um amigo de longa data, e era difícil esconder as coisas dele.

— Eu fui jantar com uma amiga ontem — Gabriel admitiu, tentando soar casual. — Nada de mais.

Javier ergueu as sobrancelhas, claramente intrigado.

— Amiga, é? Tem certeza? Você tá com um sorriso no rosto que eu não vejo há tempos. Isso não parece "só uma amiga".

Gabriel não conseguiu conter o riso.

— Cara, é sério. A gente é só amigo... por enquanto. Ela é uma tatuadora que conheci recentemente, e a gente se dá muito bem. Eu gosto de estar com ela, mas não quero apressar nada.

— Hum... uma tatuadora, hein? Isso é novo. — Javier sorriu, levantando-se para pegar um café. — Mas sério, se você tá curtindo, vai com calma mesmo. Parece que é algo bom. E se ela te faz ficar assim... — Ele apontou para o sorriso no rosto de Gabriel. — Então, tá valendo.

Gabriel balançou a cabeça, sorrindo. Javier sempre sabia como descontrair as coisas, e isso era uma das razões pelas quais ele gostava tanto da amizade deles. Ainda assim, não podia negar que, cada vez que pensava em Anne, havia algo diferente. Algo que ele não sabia muito bem como explicar.

Eles passaram o restante da manhã no set, gravando cenas intensas, mas Gabriel ainda se pegava, de vez em quando, voltando seus pensamentos para Anne. Ele sabia que as coisas estavam mudando entre eles, mas ainda não sabia ao certo onde aquilo os levaria. No entanto, estava disposto a descobrir. Não havia pressa, mas ele sabia que estava no caminho certo.

Mais tarde naquela noite, Gabriel encontrou Javier no bar novo que haviam combinado. Era um lugar badalado, com luzes baixas e uma banda de jazz ao fundo. Eles se sentaram em uma mesa no canto, pedindo bebidas enquanto conversavam.

— E então, o que você acha que vai acontecer com essa "amiga"? — Javier perguntou, tomando um gole de sua cerveja.

Gabriel deu de ombros, mas sorriu ao responder.

— Não sei. A gente está indo devagar, sabe? Não quero estragar a amizade. Mas tem algo nela... Ela é diferente.

Javier assentiu, compreensivo.

— Bom, só não deixa as coisas passarem despercebidas. Às vezes, a gente espera demais e perde o momento.

As palavras de Javier ficaram ecoando na cabeça de Gabriel. Ele sabia que seu amigo tinha razão. Não queria perder a chance de conhecer Anne melhor, mas, ao mesmo tempo, também sabia que forçar as coisas não era o caminho certo.

Eles continuaram bebendo e conversando, com Javier contando histórias engraçadas do set e algumas de suas últimas escapadas. Gabriel se divertiu, mas uma parte de sua mente estava distante, pensando em como poderia seguir em frente com Anne sem comprometer o que já tinham.

No final da noite, enquanto Javier se despedia e caminhava para o carro, Gabriel pegou o celular e, sem pensar muito, enviou uma mensagem para Anne.

Gabriel: "Ei, tava pensando... O que acha de fazermos outra noite de filme e pizza em breve? Sem molho derramado dessa vez, prometo!"

Ele sorriu para a tela, esperando a resposta. Não demorou muito.

Anne: "Vou segurar você nessa promessa! Quando quiser, estou disponível. :)"

Gabriel riu, guardando o celular no bolso. Ele não sabia o que o futuro reservava, mas estava ansioso para descobrir. Anne era especial, e ele estava disposto a ir até onde essa conexão os levasse.