Arte na Pele - Gabriel Guevara

28°

**Capítulo 28 – O Momento de Paz**

A brisa suave da manhã passava pelas janelas abertas da casa de praia, trazendo o cheiro salgado do mar até a sala de estar. Anne estava na varanda, sentada em uma cadeira de madeira, observando o horizonte onde o azul do céu se misturava com o do mar. Com uma xícara de café quente nas mãos, ela deixava sua mente vagar entre os últimos dias e o quanto sua vida havia mudado desde que conheceu Gabriel.

A casa de praia era o refúgio perfeito para aquele momento. O som das ondas quebrando suavemente na areia trazia uma sensação de tranquilidade que ela há muito não sentia. Estar ali, longe da agitação da cidade, dos compromissos do estúdio de tatuagem e das lembranças que a assombravam de vez em quando, fazia com que tudo parecesse mais leve.

Lá embaixo, no jardim, Gabriel brincava com Lizzie. A menina, com sua energia contagiante, corria de um lado para o outro, rindo enquanto o cachorro que trouxeram tentava pegar a bolinha que ela jogava. Anne observava a cena com um sorriso no rosto, sentindo uma paz que a envolvia de forma inesperada. Aquele momento parecia ser uma fotografia de algo que ela sempre quis, mas nunca soube como encontrar.

Gabriel se virou em sua direção e sorriu, um sorriso leve e sincero que a fez sentir um calor confortável no peito. Ele tinha uma forma tranquila de fazer tudo parecer simples, como se os problemas que enfrentaram nas últimas semanas – especialmente a aparição inesperada de Thomas – tivessem ficado muito distantes. Agora, era apenas eles, Lizzie e o mar.

"Você está bem aí, sonhadora?", Gabriel perguntou, se aproximando dela com Lizzie nos braços.

Anne riu levemente. "Só estou apreciando o momento. É raro a gente conseguir parar assim, não é?"

Gabriel assentiu e se sentou ao lado dela, mantendo Lizzie ocupada com um brinquedo. "Eu acho que esse lugar tem esse poder. A gente acaba se perdendo na correria do dia a dia e esquece de respirar. Aqui, parece que tudo desacelera."

"Exatamente", Anne concordou, tomando mais um gole de seu café. "Eu não lembrava da última vez que me senti tão tranquila."

Eles ficaram em silêncio por alguns minutos, apenas aproveitando a brisa e o som das ondas. Lizzie estava entretida com o brinquedo e ocasionalmente chamava Gabriel para lhe mostrar algo. Anne, observando o jeito carinhoso como ele lidava com a filha, sentiu uma onda de carinho por ele. O Gabriel que ela conhecia agora era muito mais do que apenas o ator famoso. Ele era pai, protetor, e tinha uma forma especial de cuidar daqueles ao seu redor.

Depois de um tempo, Lizzie começou a reclamar de fome, e Gabriel sugeriu que fossem preparar algo para o almoço. Todos entraram na casa e foram para a cozinha, onde Gabriel começou a preparar uma refeição simples – massa com molho de tomate fresco e manjericão. Anne ajudou com os detalhes, cortando os ingredientes e montando a mesa enquanto Lizzie brincava ao redor deles.

"Eu nunca te vi tão à vontade na cozinha", Anne brincou, vendo Gabriel mexer a panela com uma habilidade surpreendente.

"Eu só cozinho coisas simples, mas faço com amor", ele respondeu, piscando para ela. "É uma das minhas poucas habilidades secretas."

O almoço foi descontraído, cheio de risadas e conversas casuais. Lizzie estava animada, e a energia dela parecia contagiar o ambiente inteiro. A tarde passou em um ritmo agradável, com Gabriel e Anne conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Era fácil estar ali com ele, sem a pressão de rótulos ou expectativas, apenas aproveitando a companhia um do outro.

Mais tarde, quando o sol já estava começando a descer no horizonte, Gabriel sugeriu uma caminhada na praia. Lizzie, empolgada com a ideia, já estava correndo em direção à areia antes mesmo de Gabriel terminar a frase.

"Vamos, então", Anne disse, pegando sua sandália e saindo pela varanda.

A praia estava quase deserta, o que tornava o momento ainda mais especial. Eles caminharam devagar, com Lizzie correndo à frente, brincando com a água que chegava aos seus pés. Gabriel e Anne andaram lado a lado, conversando sobre pequenos detalhes do dia, sem a necessidade de entrar em conversas profundas. O som das ondas e o vento leve criavam o cenário perfeito para aquele momento de paz.

A certa altura, Gabriel pegou a mão de Anne, e eles continuaram andando, em silêncio. Não era preciso dizer nada. A conexão entre eles crescia de forma natural, sem forçar, sem pressa. Anne se sentia segura ao lado dele, e, embora soubesse que ainda tinha muitas coisas para resolver internamente, sentia que, com Gabriel, tudo poderia ser enfrentado de uma maneira mais leve.

Quando a noite caiu, voltaram para a casa. Lizzie estava exausta, e Gabriel a levou para o quarto, enquanto Anne ficou na varanda, olhando para o céu estrelado. A tranquilidade da noite reforçava o sentimento de que ela estava no lugar certo, com as pessoas certas.

Gabriel voltou depois de colocar Lizzie para dormir e se juntou a Anne na varanda, trazendo uma garrafa de vinho e duas taças. "Acho que merecemos um brinde, não acha?"

Anne sorriu e pegou a taça que ele lhe oferecia. "E por que estamos brindando?"

"Por estar aqui, juntos", ele disse, erguendo a taça. "E por mais dias como este."

Eles brindaram, e Anne se sentiu ainda mais conectada a ele. Enquanto conversavam, bebiam e riam, Anne percebeu que estava vivendo algo novo, algo que ela não queria deixar escapar. E embora o futuro fosse incerto, ali, naquele momento, tudo parecia exatamente como deveria ser.