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No dia seguinte, Anne acordou com a mente cheia de pensamentos sobre a noite anterior. O beijo, as palavras de Gabriel, o jeito como ele havia sido compreensivo... tudo isso a deixava confusa, mas ao mesmo tempo, havia uma sensação de alívio e empolgação no fundo de seu peito. Era como se, pela primeira vez em muito tempo, ela estivesse permitindo que algo novo entrasse em sua vida, mesmo com todas as incertezas.

Ela precisava falar com alguém sobre isso. Precisava processar tudo o que estava sentindo. E não havia pessoa melhor para isso do que sua melhor amiga, Clara.

Clara e Anne se conheciam há anos, desde que Anne ainda morava no Brasil. Elas tinham mantido contato mesmo depois da mudança, e Clara sempre foi o tipo de amiga que dizia o que pensava sem rodeios, mas com muito carinho. Anne sabia que Clara a ajudaria a entender melhor o que estava acontecendo dentro dela.

Anne pegou o celular e enviou uma mensagem:

_"Ei, você está livre hoje? Preciso falar com você, muitas coisas aconteceram e eu tô precisando de uma amiga pra desabafar."_

Poucos minutos depois, a resposta veio:

_"Claro! Vou sair daqui a pouco, que tal encontrarmos no café perto da sua casa?"_

Anne concordou, e em menos de uma hora já estava a caminho do café onde as duas costumavam se encontrar quando Clara viajava para Madrid. Chegando lá, encontrou Clara sentada em uma mesa do lado de fora, com dois cafés já servidos.

— E aí, mulher? Que cara de quem tem coisa pra contar! — Clara disse com um sorriso travesso, já adivinhando que vinha uma história interessante.

Anne riu, mas logo soltou um suspiro profundo, sentindo o peso do que estava prestes a compartilhar.

— Você não tem ideia... — começou, sentando-se e pegando o café.

Clara se inclinou na cadeira, claramente interessada.

— Tá, conta tudo. O que aconteceu?

Anne ficou em silêncio por alguns segundos, tentando organizar os pensamentos. E então, soltou tudo de uma vez.

— Eu acho que estou começando a gostar de alguém. Mas tô apavorada.

Clara arregalou os olhos, surpresa e animada ao mesmo tempo.

— O quê? Quem? Como assim?! — Ela perguntou, quase se levantando da cadeira de empolgação.

Anne sorriu de canto, sentindo o peso de suas próprias palavras. Sabia que precisava falar disso para tirar um pouco da pressão de dentro de si.

— É o Gabriel, aquele ator que eu te falei, que foi lá no estúdio fazer umas tatuagens.

Clara arregalou os olhos ainda mais, agora com um brilho de excitação.

— O Gabriel Guevara?
Como assim?! E quando isso aconteceu? Quero todos os detalhes!

Anne riu, começando a se sentir mais à vontade para falar. Ela contou para Clara tudo desde o início, desde o primeiro encontro no estúdio, as tatuagens que ele fazia e como eles começaram a se aproximar. Descreveu a noite anterior no show, o beijo e a conversa que tiveram logo depois.

Clara ouvia atentamente, sem interromper, o que não era comum para ela. Quando Anne terminou, Clara soltou um longo suspiro.

— Cara... você está se apaixonando. Não tem como negar isso.

Anne mordeu o lábio inferior, nervosa, e balançou a cabeça.

— Eu sei, mas é isso que me assusta, Clara. Eu não sei se estou pronta para me apaixonar de novo. Eu ainda tenho tanto medo de passar por tudo aquilo de novo, de confiar em alguém e depois ser machucada.

Clara a olhou com empatia. Ela conhecia o ex de Anne e sabia o quanto ele a havia feito sofrer.

— Amiga, eu sei que o que você passou foi pesado. Ele te fez mal de muitas maneiras, e isso deixou marcas. Mas você não pode deixar o medo controlar sua vida pra sempre. O Gabriel parece ser completamente diferente. Ele te respeita, te escuta, e se importa com os seus sentimentos. Você mesma disse que ele foi super compreensivo ontem.

Anne assentiu, mas o medo ainda estava ali, rondando sua mente.

— Eu sei, ele realmente foi. Ele disse que não vai me pressionar e que podemos ir no meu ritmo, mas... eu ainda fico me perguntando se vale a pena. E se, no final, eu me machucar de novo?

Clara sorriu de forma compreensiva.

— Esse é o risco que todo mundo corre quando decide se envolver com alguém. Não tem como saber o que vai acontecer. Mas às vezes, vale a pena correr o risco, sabe? Você não acha que merece ser feliz de novo? Ter alguém que realmente te valoriza?

Anne ficou em silêncio por um momento, refletindo sobre as palavras de Clara. Ela sabia que a amiga tinha razão. Gabriel não havia dado nenhum motivo para que ela desconfiasse dele. Pelo contrário, ele estava sendo exatamente o oposto de seu ex.

— Eu só... preciso de um tempo para me acostumar com a ideia. Sabe, deixar isso acontecer naturalmente, sem me forçar a sentir algo que ainda não estou pronta pra sentir completamente — disse Anne, finalmente encontrando as palavras para descrever o que sentia.

Clara assentiu.

— E está tudo bem em ir devagar, desde que você não feche todas as portas. O importante é que você se permita sentir, mesmo que seja aos poucos. Eu tô aqui pra te apoiar, não importa o que você decida. Mas, sinceramente? Eu acho que esse Gabriel pode ser uma boa surpresa na sua vida.

Anne riu, um pouco mais leve agora.

— Quem diria que eu estaria falando disso? Achei que meus dias de romance estavam encerrados.

— Como diria o amor da minha vida vulgo Justin Bieber: "Nunca diga nunca!" — Clara respondeu, rindo. — Às vezes, a vida joga alguém no nosso caminho quando a gente menos espera.

As duas ficaram ali por mais algum tempo, conversando sobre tudo e nada ao mesmo tempo, como velhas amigas fazem. Anne sentia-se um pouco mais segura depois de falar com Clara. Ainda havia muito medo, mas talvez, só talvez, valesse a pena deixar as coisas fluírem com Gabriel.

Enquanto se despediam, Clara lançou uma última provocação.

— E da próxima vez que você beijar o galã de cinema, manda mensagem antes. Eu quero todos os detalhes em tempo real!

Anne apenas riu, balançando a cabeça, enquanto voltava para casa, já se sentindo mais preparada para o que viria a seguir.

Arte na Pele - Gabriel GuevaraOnde histórias criam vida. Descubra agora