#27

8 1 0
                                    

Naquele silêncio denso, só o som da minha respiração preenchia o quarto. Eu acabara de tirar as sandálias  e estava tentando sem muito sucesso abrir o zíper do vestido, ainda cheia da mistura entre nervosismo e êxtase de tudo que aconteceu naquele dia. Eu sabia que ele estava ali, escorado no batente da porta, mas não precisava olhar. A presença de Hector era tão forte que eu conseguia sentir seus olhos em mim, como se percorressem cada linha do meu rosto e cada curva do meu corpo.

"Precisa de ajuda?" Sua voz soou baixa, rouca. Ele caminhou até mim, e antes que eu pudesse responder, suas mãos já estavam deslizando pelo tecido do vestido, desprendendo-o dos ombros.

"Hoje, você brilhou," ele murmurou, inclinando-se para beijar meu ombro desnudo.

Senti o calor da respiração dele em minha pele, e não consegui esconder o arrepio que me percorreu. Hector afastou um fio de cabelo do meu rosto, olhando diretamente nos meus olhos. "A exposição foi um sucesso," ele disse, mas logo depois fez uma pausa, deixando os olhos escorregarem devagar por mim. "Mas a verdadeira obra de arte, Marina… essa só eu tenho o privilégio de admirar."

Tentei responder, mas as palavras se perderam quando ele beijou meu pescoço, me segurando firme. Antes que eu percebesse, ele me ergueu em um só movimento, com uma facilidade que sempre me surpreendia, e me jogou suavemente sobre a cama.

Enquanto me entregava ao momento, sentindo o peso e a intensidade de cada toque, uma sensação de urgência crescia dentro de mim. Havia uma mistura de amor e conflito, de admiração e necessidade de me afirmar — uma força que parecia querer explodir, nos lembrando de que, mesmo quando as palavras falham, o que sentimos não desaparece.

Ele permaneceu ali, de pé ao lado da cama, observando-me com uma intensidade que parecia despir cada camada que eu tentava manter erguida. Havia algo em seu olhar que misturava desejo com uma espécie de possessividade, uma tensão que queimava entre nós. Eu sabia que, para ele, aquele momento era muito mais do que uma simples celebração de um dia de conquistas.

"Marina, você não faz ideia do que provoca em mim," ele disse, com a voz grave e arrastada, enquanto deixava seus dedos deslizarem levemente pelo meu braço. "É como se eu estivesse preso entre o orgulho de ver você alcançar o mundo e o medo de te perder para ele."

Sorri com suavidade, ainda sentindo a intensidade do dia, mas também a pontada de algo mais profundo. "Hector, você sabe que sempre sonhei com esse momento ," murmurei, a voz saindo firme, mas não menos carregada de sentimento. Eu sabia que ele me amava, mas também sabia o quanto ele lutava contra o meu desejo de liberdade.

Ele puxou meu rosto delicadamente em sua direção, os olhos fixos nos meus. "Eu sei," respondeu, mas sua voz traiu o conflito que ele carregava. "Só... me deixe ser parte disso. Não quero que o sucesso te leve para longe."

Segurei o rosto dele entre as minhas mãos, sem desviar o olhar. "Hector...Tudo isso é graças a  você,mas é só o começo,não sabemos o que vem depois."

Seu semblante endureceu por um breve instante, como se estivesse resistindo ao que eu dizia. Mas ele não recuou; ao contrário, inclinou-se mais, pressionando seu corpo contra o meu com uma urgência que me fez esquecer qualquer preocupação futura. Nos entrelaçamos naquele instante, em uma fusão de vontade e resistência, onde cada toque parecia uma promessa de que, apesar de tudo, continuaríamos lado a lado — mesmo que fosse um confronto entre forças igualmente incontroláveis.

A tensão entre nós se transformou em uma onda poderosa, que quebrava e deslizava sem parar, como se fosse impossível lutar contra a força que nos envolvia. A respiração dele estava próxima, seus dedos exploravam minha pele com a mesma firmeza e delicadeza com que havia me tocado tantas vezes antes, mas agora havia um toque de urgência, um ritmo que dizia que aquilo não era apenas mais um ato comum.

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora