#7

19 1 0
                                    

Após o momento explosivo no estúdio, Hector manteve Marina em seus braços por um instante mais longo do que o necessário, como se estivesse gravando na memória o contorno do corpo dela, o cheiro de sua pele, o ritmo de sua respiração ainda entrecortada. Mas o silêncio que se instalou entre eles trouxe uma sensação palpável de despedida, como se ambos soubessem que aquele momento, por mais intenso que tivesse sido, era apenas um prelúdio para algo maior e mais incerto.

Hector foi o primeiro a quebrar o silêncio. Ele se afastou ligeiramente, seus olhos fixos nos de Marina, como se quisesse avaliar suas emoções. O desejo ainda estava presente, mas havia algo mais agora: uma seriedade que não estava ali antes.

"Eu vou voltar para Nova Iorque amanhã", ele disse, a voz baixa, mas carregada de significado. "E se você quiser, pode vir comigo." Ele fez uma pausa, deixando as palavras pendurarem no ar por um segundo mais do que o necessário, observando como ela reagia.

Marina sentiu um calafrio percorrer seu corpo, mas desta vez não era só desejo. Era o peso da escolha que ele acabara de colocar diante dela. Nova Iorque. Um mundo totalmente diferente, uma realidade na qual ela nunca tinha sequer pensado em viver. A cidade que nunca dorme, cheia de promessas, mas também de incertezas. E mais do que isso, ela sabia o que essa proposta implicava. Não era um relacionamento tradicional. Ele não estava lhe oferecendo amor, ou uma vida estável. Estava propondo que ela fosse sua amante, sua parceira sexual em uma dinâmica onde o luxo, o prazer e a submissão ditariam as regras.

Ela sabia que, se pensasse demais, tudo desmoronaria. A racionalidade poderia dizer que ela estava simplesmente se transformando em algo que havia jurado nunca ser. A acompanhante de um homem poderoso, trocando sua liberdade por prazeres temporários, vivendo à sombra de alguém que não oferecia nada além de desejo e controle.

Mas a realidade era mais complexa. O que Marina sentia por Hector ia além de um simples jogo de poder e sexo. Ele a desafiava de maneiras que ela nunca tinha experimentado. Fazia com que ela se sentisse viva, desejada, como se estivesse constantemente à beira de algo perigoso e eletrizante. Ela sabia que, ao lado dele, descobriria partes de si mesma que nunca havia explorado.

"Se eu for..." Marina começou, a voz baixa, quase hesitante. "O que vai acontecer comigo? Eu não conheço ninguém lá. Meu mundo está aqui." Ela se referia a Monalisa, sua amiga e companheira de todas as horas, e à vida que construíra, por mais que fosse feita de sacrifícios e algumas renúncias dolorosas.

Hector a observou com aquele olhar enigmático, seu sorriso agora mais suave, quase condescendente. "Se você vier, Marina, você vai entrar em um novo mundo. Um lugar onde terá tudo o que sempre quis, mesmo que ainda não saiba o que é isso. Eu não estou te pedindo para abandonar tudo, mas você sabe que, se ficar, o que tivemos aqui vai se dissipar. Vai virar apenas uma lembrança de uma noite. Mas se você vier... terá mais disso. Muito mais."

A proposta dele não era apenas tentadora; era uma promessa de viver intensamente, mas com um preço. Ela teria que largar tudo: a vida, a independência, talvez até sua própria identidade. Marina sempre foi dona de si, mesmo nas escolhas mais arriscadas. Largar tudo, exceto Monalisa — sua única âncora — seria como saltar no escuro.

Mas lá no fundo, ela sabia que se pensasse demais, deixaria o medo vencer. Perderia a chance de algo que, apesar de perigoso, era a única coisa que a fazia se sentir viva de verdade. Naquele momento, com o corpo ainda aquecido do desejo, ela sentiu que não podia mais ignorar o que queria. Não era só o prazer, não era só a aventura. Era a oportunidade de se reinventar, de viver algo totalmente diferente.

Ela se aproximou de Hector novamente, seus olhos encontrando os dele com determinação. "E se eu não me acostumar? E se Nova Iorque não for o que eu espero?"

Desejo proibido Onde histórias criam vida. Descubra agora