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Marina observou pela janela do apartamento de Hector enquanto a cidade pulsava em um ritmo frenético. Os arranha-céus de Nova Iorque se erguiam como gigantes de aço e vidro, e a vida lá fora parecia vibrante e cheia de promessas. Mas dentro daquela imponente estrutura, ela se sentia estranhamente sozinha.

O fuso horário complicava suas tentativas de manter contato com amigos e familiares no Brasil. Mensagens que deveriam ser animadas e cheias de risadas eram agora respostas secas e tardias, perdidas em meio ao dia-a-dia deles. Hector estava ocupado demais para dedicar atenção a ela, sempre mergulhado em suas responsabilidades. E, embora soubesse que essa era a natureza do relacionamento deles, não podia deixar de se sentir abandonada.

A luz da manhã entrava pelo vidro, revelando as tintas e pincéis espalhados sobre a mesa, um pequeno santuário que ela havia montado em um canto do apartamento. Pintar sempre fora uma forma de escapar, de se perder em cores e formas, mas naquele momento, a inspiração parecia distante. Os sentimentos de solidão a impediam de se concentrar.

“Talvez eu devesse sair,” pensou, uma ideia começando a tomar forma. “Explorar a cidade, ver o que ela tem a oferecer.” A ansiedade e a excitação se entrelaçaram, formando uma correnteza de adrenalina que a impulsionou para fora do apartamento.

Com uma mochila leve e uma câmera em mãos, Marina decidiu visitar o Central Park. O sol brilhava e a temperatura estava amena, um convite irresistível para um passeio. Ela se sentia como uma turista, absorvendo cada detalhe ao seu redor: o murmúrio das folhas balançando ao vento, o riso das crianças brincando e os casais passeando de mãos dadas.

Enquanto caminhava, Marina encontrou um grupo de artistas, alguns pintando e outros desenhando ao ar livre. A vista do parque a inspirou a tirar o caderno de esboços e, em meio a risos e conversas, começou a capturar as cenas vibrantes à sua frente. O tempo passou rapidamente, e, por um momento, ela esqueceu-se da solidão que sentia no apartamento de Hector.

Após horas imersa na arte, decidiu visitar o Museu Metropolitano de Arte. A imponente estrutura a deixou maravilhada. Quando finalmente se deparou com a famosa Monalisa, uma emoção avassaladora a dominou. A imagem estava ali, diante dela, e mesmo que soubesse que era apenas uma réplica, sentiu-se conectada de uma forma inexplicável.

Enquanto observava o quadro, um segurança se aproximou e comentou sobre a beleza da obra. Eles trocaram algumas palavras, e ele a elogiou pelo seu talento artístico ao notar seu caderno. Marina sorriu, um calor se espalhando por seu corpo ao sentir a atenção de alguém. Essa interação simples a fez lembrar da importância de se conectar com pessoas, mesmo que fossem estranhas.

No entanto, em algum lugar na parte de trás de sua mente, ela sabia que Hector estava a par de suas atividades. Ele havia mencionado que teria alguém observando-a enquanto estivesse fora, um detalhe que não a surpreendeu. Ele sempre gostou de manter controle, mesmo à distância. A ideia de ser observada a fez sentir-se vulnerável, mas, ao mesmo tempo, instigou uma sensação de excitação.

Com a tarde se transformando em noite, Marina decidiu que era hora de voltar. A cidade estava se iluminando, e ela se sentia cheia de novas histórias para contar. No caminho de volta, olhou para o celular, esperando que Hector a tivesse contatado, mas nada. O silêncio do telefone só reforçou sua solidão.

Ao entrar no apartamento, sentiu a presença de Hector, embora ele estivesse em uma chamada, seu olhar era fixo no computador. Ela hesitou, mas decidiu compartilhar um pouco da sua aventura. “Hector,” disse, sua voz suave, “você não vai acreditar no que eu vi hoje!”

Ele virou a cabeça, mas logo voltou à tela, como se sua empolgação não tivesse impacto. “Ótimo, Marina. Depois falamos,” ele respondeu, sua atenção claramente dividida.

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