𝟐𝟏

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A Margot provavelmente quer me matar só por eu estar aqui.❞

CHERYL BLOSSOM

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CHERYL BLOSSOM

                            O caminho até o hospital foi um borrão. A noite silenciosa era cortada apenas pelo som do choro de Verônica, abafado pelas tentativas de Betty em consolá-la. Eu olhava pela janela do carro. Na minha cabeça, um milhão de pensamentos giravam e se entrelaçavam, todos levando à mesma conclusão amarga: se algo acontecesse com Toni, eu jamais me perdoaria.

Quando chegamos ao hospital, o relógio marcava 3:35 da manhã. As luzes brancas e frias do saguão me fizeram sentir ainda mais exposta. Respirei fundo e entrei, pronta para enfrentar o que viesse.

Assim que passei pela porta, me deparei com Margot. Sua expressão se fechou ao me ver e, antes que eu pudesse sequer abrir a boca, ela começou a despejar palavras duras:

— Claro, você aqui, depois de tudo. É fácil aparecer agora, não é, Cheryl? – disse ela, a voz carregada de desprezo. – Essa sua proximidade nunca trouxe nada de bom pra Toni.

Engoli seco, sentindo o peso das palavras dela. Sabia que não ia ser fácil, mas a forma como ela me olhava era como uma facada no peito. Margot deu um passo à frente, a voz carregada de amargura:

— Justo você… depois de tudo o que fez com a minha filha. Agora que algo sério acontece, você aparece? Pra quê? Pra alimentar sua culpa? – continuou ela.

Tentei manter a calma, mas as palavras dela me atingiam como tapas. Abri a boca para tentar responder, mas ela não me deu chance.

Minha respiração ficou pesada, e eu tentava segurar as lágrimas. Antes que eu pudesse rebater, Thalia se aproximou, segurando o braço da mãe.

— Mãe, já chega! – disse Thalia, a voz firme e decidida. – Isso não vai resolver nada. Ficar jogando a culpa na Cheryl agora só vai piorar as coisas.

Margot olhou para Thalia, surpresa, e soltou um suspiro exasperado.

— Piorar as coisas? – retrucou ela, quase indignada. – Você viu o estado da sua irmã? Você sabe o que ela passou nessas últimas semanas por causa dessa mulher?

— Eu sei, mãe, mas a culpa não é só da Cheryl! – respondeu Thalia, sem hesitar. – E se você está mais preocupada em brigar com ela do que em dar força pra Toni, então talvez quem precise de ajuda aqui é você.

Margot pareceu desconcertada, mas Thalia continuou:

— Cheryl tem o direito de estar aqui, mãe. Ela se importa com a Toni. Você pode até não gostar dela, mas não vai resolver nada ficar a tratando assim.

Por um instante, Margot pareceu hesitar, mas logo lançou um último olhar frio na minha direção. Ela se afastou, deixando Thalia comigo, e, mesmo com o apoio dela, ainda me sentia culpada. Sabia que as palavras de Margot vinham do amor que ela tinha pela filha, mas isso não tornava mais fácil ouvir tudo aquilo.

𝘛𝘏𝘌 𝘎𝘈𝘔𝘌 𝘖𝘍 𝘓𝘖𝘝𝘌 || 𝙲𝚑𝚘𝚗𝚒Onde histórias criam vida. Descubra agora