anchor

17 1 0
                                    

O cheiro do café respingando na cozinha, observando minha mãe colocar meu café da manhã na mesa como se fosse um presságio, os ovos mexidos com bacon e salsinha no prato de porcelanato verde, me fazendo abrir um sorriso no canto da minha boca, era como se um pequeno detalhe se transformasse em saudade retórica, um pequeno delírio mútuo.

Restavam apenas doze horas do trato com a gangue de Riverside, memórias da boa garota que eu fui, começava a me assombrar em minha mente, por um momento de ansiedade, ao me levantar da mesa de jantar, vendo meu pai, Cory Reid, abrindo a porta da frente, se colocando na sala de estar, o seu sorriso se abrindo como antídoto para minha doença. Naquele pequeno instante, meus olhos se enchiam de lágrimas, me fazendo soluçar como um bebê pedindo para se acalentado.

Ele estava alí parado, com a sua jaqueta preta favorita, seu boné do time de futebol americano preferido, sua voz rouca e grossa me chamando:   — Filha, não tenha medo... Eu estou aqui!

O profundo aperto no meu peito foi sentido, era como se estivesse me afogando em oceano tão fundo...  — droga! — exclamei ofegante, sentido o nó em minha garganta, saindo da sala com desespero, indo até o quarto da Jess, ao abrir a porta, escutando o barulho da madeira velha da porta.

Mas ao olhar em direção a sua cama, notando ela dormir com seus cachos marrom na cor de mel, indo até ela, me colocando perto do seu corpo, admirando cada traço do rosto da minha irmã mais nova, me lembrando quando éramos pequenas, parecia que um filme da minha vida se passava diantes dos meus olhos.

Ao tentar me levantar da cama, escutando a voz doce e sonolenta da Jess murmurar: —"Bom dia, Nora!"

Me fazendo abrir um sorriso amoroso, meus dentes amostra, falando baixinho: —"Bom dia, Jess! Eu não queria te acordar... Eu só queria conversar um pouco!"

Jess me conhecia melhor do que qualquer pessoa, ela percebeu o medo em meus olhos, o meu estado paranóica, minha crise de ansiedade fazendo movimentos repetidos ao balançar minhas pernas na tentativa de tentar me acalmar.

— "Ei, nada vai acontecer... O Cuetes irá se entregar, você ficará bem, nós ficaremos bem!" — Jess afirmou, colocando suas mãos sobre minha perna, fazendo parar a crise.

Observando ela abrir um sorriso, me pedindo para ficar sentada, levantando da cama para pegar seu violão no canto da cabeceira, reparando ela colocar o instrumento musical sobre suas pernas, tocando seus dedos nas cordas, iniciando uma melodia suave que fazia ecoar dentro daquele quarto, o tom da sua voz como se fosse uma cantora de country começando a cantar com naturalidade para mim:

Eu nunca quis fosse assim... Eu nunca quis você tirasse uma parte de mim. Nunca poderei esquecer quando você me fez duvidar que existi realmente a solidão! Nunca esquecerei que sem você aqui... Eu nunca encontrarei a direção.
Querida irmã, me leve para a casa está noite, não me deixe caminhar sozinha novamente, estou te suplicando, não me deixe lutar contra o mundo sozinha(...)

— escutando a dor em sua voz enquanto ela tocava e cantava com seu violão e seus olhos fechados. Até observar seus dedos pararem de tocar  as cordas, sem ela conseguir me encarar visualmente, a abraçando rapidamente, lhe apertando contra o meu corpo, sussurrando perto seu ouvido com as últimas palavras ditas pelo nosso pai para mim na noite que ele morreu: — "Você nunca estará sozinha, eu sempre estarei com você! O meu mundo seria vazio sem você, Jess!"

Naquele breve momento, abraçada com a minha irmã mais nova, pedindo para que morte e meus pecados não me alcançasse, fechando os olhos enquanto lágrimas caiam, enquanto minha irmã descansava seu queixo em meu ombro.

Sussurrando novamente: —"Jess, aproveite todas as oportunidades boas que a vida te der, planeje viagens, se forme, conheça outras crenças, termine suas aulas de balé, sua academia de dança e música, busque outras artes, vá a museus, mostre o mundo os seus poemas, coma aquelas comidas francesas, beba café em Paris!"

Escutando sua gargalhada suave ecoar no quarto com as minhas bobas palavras ditas. Continuo a sussurrar perto do ouvido da Jess, orando dessa vez, fechando meus olhos novamente:

Eu não devo temer nenhum homem, só Deus, embora eu ande pelo vale da morte, eu já derramei tantas lágrimas, se eu devo morrer antes de acordar.Por favor Senhor ande junte comigo, me agarre e me leve pro céu.



























19TH STREET - RUA 19Onde histórias criam vida. Descubra agora