**Ana Clara ✨**
Acordei com uma dor latejante no peito, como se meu corpo inteiro estivesse pesando toneladas. A luz era intensa, atravessava minhas pálpebras fechadas e deixava meus olhos ardendo. Senti o cheiro do hospital antes mesmo de entender onde eu estava. Tentei abrir os olhos, mas tudo parecia embaçado, como se eu estivesse olhando debaixo d'água. E então, o medo veio como uma onda, me tomando por completo.
Comecei a lembrar. A faca. A Jéssica. O ódio nos olhos dela. Eu tentei reagir, mas ela estava furiosa, e eu… não tinha forças. Lembrei da dor cortante, do peso dela sobre mim. Eu realmente tinha quase morrido, e, se o Dk não tivesse chegado a tempo…
Meus olhos focaram aos poucos, e então eu vi. Dk estava ali, do lado da cama, a expressão dele marcada por algo entre exaustão e preocupação. Ele estava com o rosto mais sério que já vi, como se estivesse carregando o peso do mundo nas costas.
— Dk? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro, mas ele ouviu. Ele levantou a cabeça de repente, como se tivesse sido puxado de volta para a realidade.
Os olhos dele encontraram os meus, e pude ver um brilho de alívio e… culpa? Ele segurou minha mão com força, como se precisasse sentir que eu estava realmente ali, que não tinha me perdido.
— Ana… — ele começou, mas parecia que as palavras fugiam dele. — Você tá bem? Quer dizer… você tá viva. É isso que importa agora.
— O que… o que aconteceu? Ela… a Jéssica… ela realmente…? — Eu mal conseguia terminar a frase, sentindo um nó na garganta.
Ele assentiu, o rosto dele se tornando uma máscara de dureza e determinação.
— Ela tentou acabar com você, Ana. Mas não deixei. — Ele hesitou, o olhar desviando para as mãos, antes de voltar a me encarar. — Fiz o que tinha que ser feito.
De alguma forma, aquelas palavras me trouxeram um pouco de alívio, mas também um choque de realidade. Jéssica, a garota que uma vez havia sido apenas um rosto familiar, tinha chegado ao ponto de tentar me tirar a vida. Tudo parecia tão irreal, mas eu sabia que tinha que aceitar. E, mais do que tudo, eu sabia que não poderia deixar o medo me dominar.
Dk ainda estava ali, segurando minha mão, mas algo nele parecia distante. E eu senti que aquela distância não era só porque ele estava preocupado com a minha recuperação, mas por tudo o que ele tinha passado naquela noite para me salvar.
A porta se abriu, e vi minha mãe e Th entrando, ambos com expressões mistas de alívio e angústia. Minha mãe veio até mim, abraçando-me com cuidado, enquanto o Th mantinha-se ao lado dela, o olhar dele fixo em mim, tentando transmitir a força que eu sabia que ele também estava tentando encontrar.
E naquele instante, algo dentro de mim mudou. Eu sabia que tinha pessoas que se importavam comigo mais do que eu jamais imaginei. Eu não podia deixar o medo vencer.
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**Dk 🤯**
A Ana estava viva. Era só isso que eu repetia na minha cabeça enquanto esperava ela acordar. As últimas horas tinham sido um inferno. Eu sentia uma mistura de alívio e culpa, como se o peso de tudo o que aconteceu estivesse me esmagando aos poucos.
Quando a Ana abriu os olhos e disse meu nome, foi como se eu tivesse saído de um pesadelo. Eu sabia que o pior ainda não tinha passado, mas pelo menos ela estava aqui, acordada. Ela era forte, mais forte do que eu imaginava, e só de vê-la ali, lutando, me deu um motivo pra acreditar que, talvez, tudo isso ainda tivesse conserto.
— Ana… — Eu disse, a voz quase falhando. Não sabia o que dizer. Como é que se explica que você quase perdeu a pessoa que mais protegeu? Mas eu sabia que ela precisava de mim agora, mais do que nunca.
Ela me perguntou o que tinha acontecido, e foi aí que tudo me atingiu de novo. O medo, a culpa. A Jéssica tinha invadido o apartamento, tinha chegado perto demais. E eu só consegui evitar o pior por questão de segundos.
A verdade é que eu deveria ter cortado essa situação com a Jéssica antes. Eu sabia que ela estava se tornando uma ameaça, mas subestimei até onde ela podia ir. E agora, a Ana tinha pagado o preço.
A Camila e o Th chegaram, e eu dei espaço pra eles, mas fiquei no canto do quarto, observando, prometendo a mim mesmo que isso nunca mais ia acontecer. Que ninguém, nem eu, nem qualquer outra pessoa, ia colocar a vida dela em risco de novo.
Depois que eles ficaram um tempo juntos, me aproximei da porta pra dar espaço. Era melhor sair do quarto e dar a eles um momento de paz. Mas antes de sair, olhei para ela uma última vez, o rosto dela ainda com a marca do cansaço e da dor, mas o brilho de vida nos olhos.
Saí do quarto e me encostei na parede do corredor, tentando entender o que estava acontecendo comigo. Eu sentia algo além de culpa. Era um medo que eu não tinha sentido antes. Era a sensação de que, se algo tivesse acontecido com ela de verdade, eu ia ficar vazio.
Th saiu depois de um tempo e veio na minha direção. Ele me encarou por um longo momento, e, pra minha surpresa, ele colocou a mão no meu ombro, apertando forte.
— Obrigado, Dk. Você salvou ela. Só… não deixa isso acontecer de novo.
Assenti, e ele seguiu em frente pelo corredor, mas as palavras dele ficaram. "Você salvou ela." Se dependesse de mim, ia ser a última vez que eu teria que fazer isso.
Naquele momento, prometi a mim mesmo que ia limpar toda essa sujeira, que ia fazer tudo o que fosse preciso pra manter a Ana em segurança. Ela era mais que um dever ou uma responsabilidade. Ela tinha se tornado algo muito mais importante, e eu não ia deixar mais nada colocar isso em risco.
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Amor Proibido - Entre Fogo e Pólvora
FanfictionEm meio aos becos sombrios do morro, Ana Clara e Dk vivem um amor proibido, inflamado pelo perigo. Ela é filha do dono do morro; ele, um vapor de confiança. Cada encontro é um risco, uma faísca que pode acender a fúria implacável de seu pai. Sabem q...