Em meio aos becos sombrios do morro, Ana Clara e Dk vivem um amor proibido, inflamado pelo perigo. Ela é filha do dono do morro; ele, um vapor de confiança. Cada encontro é um risco, uma faísca que pode acender a fúria implacável de seu pai. Sabem q...
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Ana Clara🖤
O avião voava tranquilo, mas meu peito era só turbulência. A cada segundo que passava, parecia que a ficha caía mais. Meu pai se foi. Não importa quantas vezes eu dissesse isso para mim mesma, ainda parecia mentira. Olhei pela janela do jatinho, o céu estava tão azul, tão calmo. Uma paz que eu não sentia por dentro.
Enquanto minha mãe tentava manter a cabeça erguida, meu irmão segurava a mão dela, oferecendo apoio. Minha madrinha estava sentada ao meu lado, quieta, mas presente. Não sei se era o silêncio do luto ou a força que ela tentava me passar, mas foi ali, naquele momento, que senti que precisava colocar tudo o que eu sentia em palavras.
Peguei um caderno que estava na bolsa e uma caneta qualquer. As palavras começaram a sair, desordenadas, mas sinceras.
"Pai, Eu nunca pensei que estaria escrevendo para você assim. Nunca imaginei que você não estaria mais aqui para me ouvir. Você sempre foi o meu maior herói, o meu porto seguro. Mesmo nas suas falhas, você era perfeito para mim. Eu sabia que o mundo lá fora era perigoso, mas nunca quis acreditar que ele fosse capaz de te tirar de mim.
Eu queria tanto te abraçar de novo, ouvir você me chamar de princesa, sentir o calor do seu amor. Você sempre dizia que faria qualquer coisa para me proteger, e agora vejo que isso era verdade. Você deu a sua vida por nós, por mim, pelo Th, pela mamãe. E isso é algo que nunca vou esquecer, nunca vou deixar de valorizar.
Mas sabe o que mais dói, pai? É saber que, no fundo, eu sempre te admirei, mas nunca disse isso o suficiente. Nunca te agradeci por tudo o que você fez, pelas noites que ficou acordado preocupado, pelas vezes que abriu mão dos seus sonhos para garantir os nossos.
Eu sinto muito, pai. Sinto muito por não ter te abraçado mais, por não ter dito mais vezes o quanto eu te amo. Sinto muito por todas as vezes que briguei com você ou te respondi de forma ríspida. Agora, daria tudo para voltar no tempo e fazer diferente.
Eu prometo que vou cuidar da mamãe e do Th, como você sempre pediu. Vou tentar ser forte, mesmo quando tudo dentro de mim estiver desmoronando. E vou te honrar, pai. Vou carregar seu legado comigo para onde quer que eu vá.
Obrigada por ser o melhor pai do mundo, o melhor homem que já conheci. Eu te amo mais do que palavras podem descrever, e isso nunca vai mudar. Nunca.
Com todo o meu amor, Sua princesa."
Quando terminei, minhas lágrimas já tinham molhado metade da página. Minha madrinha, percebendo meu estado, colocou a mão sobre a minha e perguntou baixinho:
— Quer ler para ele, quando chegarmos?
Eu não consegui responder. Apenas balancei a cabeça em negativo. Não sei se teria forças para isso. Dobrei a folha com cuidado e guardei dentro da minha bolsa.
Meu pai não estava mais aqui para ouvir minhas palavras, mas eu sabia que, de alguma forma, ele sabia o que eu sentia. O amor que nunca morreria.
O jatinho pousou, e descemos em silêncio. Cada passo parecia mais pesado, mas, ao mesmo tempo, senti como se meu pai estivesse ao nosso lado, segurando nossas mãos. E, mesmo com o coração quebrado, eu prometi a mim mesma que continuaria caminhando. Por ele. Por nós. ---- Eu estou chorando com essa carta da Aninha para o Jonathan.💔 ---
