Ana Clara✨️
Ainda não consigo acreditar que meu pai foi preso. A casa tá silenciosa, só o som baixo da minha mãe chorando no quarto e o Th tentando segurar a barra por nós. Cada um de nós se afogando na própria angústia, e eu sem conseguir sequer comer.
Dk apareceu na porta do meu quarto e tentou insistir.
— Tem que comer, Aninha.
— Eu não quero, só quero meu pai — respondi, sentindo aquele nó na garganta que não desatava.
Ele fez uma pausa antes de falar, e eu percebi uma tristeza escondida na expressão dele.
— Amanhã na audiência já vamos no resgate dele.
— E ele tá bem?
Dk desviou o olhar por um instante.
— Não tenho essa informação… — Ele tentou esconder, mas eu notei o jeito dele. — Preciso ir na boca agora.
Antes que eu pudesse responder, ele saiu rápido, me deixando sozinha de novo. Fechei a janela, tirei a roupa e me joguei na cama, tentando encontrar algum descanso. Mas acordei de madrugada com gritos e discussões vindo da sala.
Minha mãe parecia fora de si.
— Como vocês não me avisam que meu marido foi espancado? Eu tenho o direito de saber! Esconder da Ana, até entendo, mas de mim?
Dk, tentando acalmar ela:
— Foi mal, patroa. Ordem dele.
Eu saí do quarto, sentindo um misto de medo e raiva.
— Como ele tá, mãe? Eu quero ver meu pai, me leva lá, por favor.
Minha mãe, com os olhos vermelhos, me abraçou.
— Eles vão buscar ele amanhã, filha.
Senti uma agonia e, ao mesmo tempo, uma vontade de escapar de tudo. Precisava sair, respirar longe da tensão da casa.
— Eu quero ir pro asfalto — falei. — O Ret vai comigo.
Dk se adiantou.
— Eu vou junto. Preciso resolver uns negócios com a advogada do seu pai.
— Vou dormir lá, mãe — insisti, tentando me firmar, mas ela fez uma cara que não deixou muita escolha.
Ela concordou, mas só se o Dk dormisse lá, como meu segurança. No fundo, eu queria o Ret, mas aceitei. Sabia que não ia adiantar insistir.
— Tá bom, então, Dk, vamos passar no supermercado antes. Vou comprar um vinho, fazer um strogonoff e assistir um filme.
Me arrumei e, quando saí, Dk já estava no carro, falando com minha mãe. Entrei sem dizer muito, só queria deixar tudo pra trás, ao menos por uma noite.
No caminho, pensei na Jéssica.
— E a Jéssica? — perguntei, tentando entender se ele ainda tava enrolado com ela.
Ele respondeu rápido, olhando pra frente.
— Tá na minha casa. Por quê?
— Nada, não.
Chegamos no mercado e fui pegando o que precisava. Ele pegou um carrinho separado e desapareceu pelos corredores. Mas percebi um vapor sempre por perto, como uma sombra, me seguindo de longe. Passei pelo corredor dos vinhos e, quando estava quase saindo, vi Dk de novo, com o carrinho cheio de arroz, feijão, tudo o que precisava pra uma casa.
— O que tá acontecendo? — perguntei, olhando pro carrinho.
Ele deu de ombros.
— Compra pra minha casa.
Deixei quieto, passei minhas coisas e esperei lá fora enquanto o vapor ajudava ele com as compras. Estava prestes a sair quando uns policiais passaram, e o vapor me tranquilizou.
— Fica suave, patroa, ficha limpa.
Entrei no carro, e o Dk veio logo em seguida. No caminho pro apartamento, fiquei em silêncio, só pensando no amanhã. Assim que chegamos, fui direto pro banho, tentando lavar o cansaço e a tensão, e me arrumei pra jantar.
Comecei a preparar o strogonoff e, de repente, o vapor que estava com a gente se despediu e foi embora. Dk apareceu na cozinha e me olhou.
— Quer ajuda?
— Quero, sim — respondi, sentindo o silêncio da casa pesar. — Lava a louça pra mim?
Ele não disse nada, só foi lavando enquanto eu terminava o prato. Sentamos pra comer e o silêncio continuou, cada um com seus próprios pensamentos, o vazio da casa preenchendo todos os espaços.
Era estranho. Mesmo sentada ao lado dele, me sentia sozinha.
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Amor Proibido - Entre Fogo e Pólvora
FanficEm meio aos becos sombrios do morro, Ana Clara e Dk vivem um amor proibido, inflamado pelo perigo. Ela é filha do dono do morro; ele, um vapor de confiança. Cada encontro é um risco, uma faísca que pode acender a fúria implacável de seu pai. Sabem q...