Em meio aos becos sombrios do morro, Ana Clara e Dk vivem um amor proibido, inflamado pelo perigo. Ela é filha do dono do morro; ele, um vapor de confiança. Cada encontro é um risco, uma faísca que pode acender a fúria implacável de seu pai. Sabem q...
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Dk🤯
Hoje foi estranho. Pela primeira vez, senti algo diferente pela Ana Clara, e não foi nada leve, não. Senti uma atração que não era só de boa, era forte, de me deixar bolado. Tentei tirar da cabeça, até porque eu vi essa menina crescer, brinquei de boneca com ela quando ela ainda era pirralha. Mas agora ela virou essa mulher, e eu me peguei pensando: por que logo eu fui sentir isso? Por que ela foi crescer desse jeito? Minha mente tava uma confusão só, o coração meio acelerado.
E o que ela me falou na cozinha? Parece que só piorou tudo, deixando essa parada mais viva ainda na minha cabeça. A mina que eu tô ficando, a Jéssica, conheci quando fui buscar a Ana no curso. A Ana saiu mais tarde nesse dia, e eu não sabia, então desci do carro pra perguntar dela, e a Jéssica tava ali. Trocamos ideia, peguei o número, e foi assim que tudo começou. Mas a Jéssica nem sonha que a Ana é filha de quem é… se soubesse, era capaz de nem querer colar perto.
Depois que deixei a Ana dormindo, já meti o pé de volta pra casa. O Terror tava lá, então saí de boa. Quando cheguei, a Jéssica já tava me esperando.
— Oi, amor, não atendeu minhas ligações, hein? — ela começou, toda querendo atenção.
— Tá fazendo o que aqui? — perguntei, meio impaciente.
— Vim te ver. Meu pai foi viajar.
— Já te falei, Jéssica, só vem quando eu te chamar. — Nem tava afim de dar atenção agora.
— Qual é, por que tá assim comigo? — Ela fez cara de desentendida.
— Por quê? Tá se fazendo? — retruquei, irritado.
— Não vai dizer que é por causa daquela patricinha que xinguei?
— Exatamente por isso. E ó, faz o seguinte, mete o pé que tô cansado.
— Ah, deixa eu te ajudar a descansar, então.
— Beleza, então vaza que já ajuda demais.
— Posso pelo menos dormir aqui? Amanhã cedo eu vou embora.
— Se ficar quietinha, pode. Tô com dor de cabeça.
Ela deu um sorriso sem graça, deitou do meu lado, e logo eu saí pra tomar um banho e comer alguma coisa. Tava tentando dormir, mas a mente tava rodando na Ana Clara. Levantei, fui na sala e fiz uma carreira de pó pra ver se esvaziava a cabeça. Aquela sensação me deu uma acalmada. Subi de volta e vi que a Jéssica tava ali, só de calcinha e sutiã.
— Jéssica — chamei, acordando ela.
— Que foi?
— Bora transar.
— Agora, Dk? Que cara é essa?
— Vamo logo, porra — retruquei, sem paciência.
Ela me olhou com cara de quem tava com medo, mas não negou.
— Você quer ou tá com medo?
— Quero.
E foi isso. A gente transou umas duas vezes, mas ainda assim, minha cabeça tava longe, rodando em outros pensamentos. Quando terminamos, ela me olhou de novo, desconfiada.
— Você tá estranho — comentou.
— Te machuquei?
— Não, mas tá esquisito. Vou dormir.
Ela virou pro lado e dormiu.
No dia seguinte, fui acordado pelo toque do celular, e era a Ana Clara.
— Solta a voz, Aninha.
— Oi, bom dia. Tem como me levar no shopping? Quero comprar umas coisas.
— Tem, ué. Vai que horas?
— Umas 14h.
Olhei pro relógio e eram 9h. Beleza, ainda tinha tempo.
— Fechou. 13h30 tô aí.
Desliguei e virei pra Jéssica, que ainda tava dormindo.
— Acorda aí. Vou te levar.
— Tá cedo, Dk!
— Tenho compromisso.
Ela levantou, emburrada, e foi se arrumar. Quando voltou, já pronta, quis trocar ideia.
— Dk, eu preciso falar com você.
— Fala, então.
A conversa com a Jéssica só confirmou que eu tava fudido. Levei ela pra casa irritado, e depois fui buscar a Ana Clara pra levar no shopping. Aquele clima estranho ainda tava no ar, então troquei pouca ideia com ela, só fiz o que precisava. No caminho de volta, o silêncio entre nós pesava, mas deixei ela na casa dela e voltei.
Era sexta-feira e ia rolar o baile. A Ana Clara tava animada, e eu sabia que ia ter que ficar na cola dela. Estacionei do lado de fora, trocando ideia com os vapores da área, já esperando a noite cair. ----