Em meio aos becos sombrios do morro, Ana Clara e Dk vivem um amor proibido, inflamado pelo perigo. Ela é filha do dono do morro; ele, um vapor de confiança. Cada encontro é um risco, uma faísca que pode acender a fúria implacável de seu pai. Sabem q...
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DK 🤯
Resolvi parar tudo pra focar nessa parada do Terror. Ele tá sumido há semanas e, se for como tavam dizendo, preso na segurança máxima lá em Curitiba, não tem como a gente deixar ele largado. Mas, nesse mundo, as coisas não são tão simples. Pra resolver uma treta dessas, tem que ter cabeça fria e mão quente.
Tudo começou quando achamos aquela carta no galpão. No início, parecia só um pedaço de papel, mas quando o homem chegou e confirmou que a letra era mesmo do Terror, o clima fechou. A pergunta que ficou na mente foi: quem entregou o esconderijo pro sistema? Alguém que sabia muito bem onde ele guardava as coisas. Isso não foi obra de qualquer um.
Peguei o bonde, todo mundo alinhado. Entramos no carro e partimos de volta pro galpão, só que dessa vez não íamos de cara limpa. Levei os vapor pra dar suporte. Quem quer guerra vai encontrar.
Chegando lá, não teve cerimônia. Batemos na porta com tudo, invadimos o lugar pra dar um jeito de encontrar qualquer pista. Só que o que achamos não foi só pista, foi a desgraça em pessoa. O Ret tava lá, sentado num canto, trocando ideia com um sujeito que nunca vi, mas que dava pra sentir o peso na postura dele. Quando eles nos viram, já tentaram sacar.
Começou a trocarão. Era tiro vindo de todo lado. O galpão virou uma zona. Quem já passou por isso sabe como é: o barulho, o cheiro de pólvora, o calor do cano na mão... O tempo parece que para, mas o coração dispara. Depois de uns minutos, o Ret e o parceiro dele caíram. Bala pegou nos dois, mas de leve. A gente foi pra cima, amarrou e levou os dois pro morro.
Chegando lá, a conversa foi simples: ou eles falavam ou iam ficar só o pó. Começamos a bater nos dois até a verdade sair. O Ret, que sempre foi mais frouxo, foi o primeiro a abrir o bico. Ele contou que eles venderam a localização do Terror. Deram a informação pro sistema, direto pro delegado que já tava na caça. A ideia era garantir que o Terror fosse preso e mandado pra Curitiba, onde ele ficaria sem contato com ninguém.
Mas o pior foi ouvir do outro cara quem ele era. O maluco era ex da Camila. A ficha caiu na hora: ele tava seguindo elas. Lembra quando a Camila falou do tal Vinícius? Era esse cara, achando que podia chegar perto da minha mulher e da família do Terror. Só não ficou pior porque a Camila é ligeira.
Depois que tiramos essa, a gente continuou no aperto até saber quem tava no comando do esquema. Descobrimos que foi o delegado mesmo quem arquitetou tudo, usando informação suja de outros caras. Isso foi suficiente pra decidir o próximo passo.
Organizamos o sequestro do delegado. Tinha que ser bem feito, sem deixar rastro. Enquanto isso, mandamos três dos nossos pra casa dele. A mulher e os dois filhos ficaram sob vigilância, só pra garantir que ele ia colaborar.
A guerra tá declarada. O Terror vai sair de lá, nem que eu tenha que botar o mundo abaixo. Aqui, é sangue no olho e coração no peito. Eles mexeram com a gente, agora vão conhecer o peso do nosso lado.
(...)
A missão tava correndo do jeito que tinha que ser: rápido e sem brecha pra erro. Depois de esculachar o Ret e aquele otário do ex da Camila, o caminho tava claro. A missão era trazer o Terror de volta e acabar com quem botou ele lá dentro.
Três dos nossos ficaram na casa do delegado, garantindo que a mulher e os filhos dele não iam se meter onde não eram chamados. Enquanto isso, eu e o resto do bonde fomos direto pro cativeiro. Lugar discreto, longe de tudo, onde ninguém ia chegar sem convite. O delegado tava lá, todo amarrado, tentando bancar o fodão, mas dava pra ver nos olhos dele que o medo tava batendo.
Cheguei devagar, olhando no olho dele, mas com o tom firme.
— Tu vai falar ou vai querer pagar pra ver?
Ele deu aquele sorriso torto, achando que tinha algum poder.
— Vocês acham que isso vai levar a algum lugar? O sistema já tá contra vocês. Não tem como ganhar.
Ri na cara dele, seco.
— Sistema? Cê não entendeu nada, parceiro. O sistema é a gente. Vocês só mandam o que a gente deixa passar. Agora fala logo, ou tua família vai aprender como é que joga esse jogo.
A cara dele mudou na hora. Começou a gaguejar, e aí soltou tudo. O Terror foi pego numa operação direta, montada por ele e mais dois delegados que tavam sendo comprados por um tal de Gabriel.
Na hora que ele falou esse nome, meu sangue ferveu. Gabriel. Já tinha ouvido o Terror mencionar esse cara antes. Era um daqueles filhos da mãe que ficava tentando dar rasteira, mas nunca tinha conseguido nada grande. Agora, ele tava por trás disso tudo.
O delegado ainda deu mais detalhes. O Gabriel tinha interesse direto no morro. Ele não tava só de olho no tráfico, não. O desgraçado tinha uma rede de prostituição e tava obcecado pela Camila e pela Ana Clara. Pra ele, controlar o morro era só mais uma parte do plano. O Terror era o obstáculo que ele precisava tirar do caminho.
Depois de ouvir isso, olhei pro bonde e falei o que todo mundo já sabia:
— Bora. Primeiro, garante que a família desse otário tá de boa. Depois, a gente vai atrás do Gabriel.
Antes de sair, cheguei bem perto do delegado, olho no olho.
— Escuta, maluco. Tua mulher e teus filhos tão inteiros porque a gente não mexe com inocente. Mas se tu tentar alguma gracinha de novo, não vai ter segunda chance.
Ele só balançou a cabeça, branco que nem papel.
Voltando pro morro, minha cabeça não parava. O Terror precisava sair daquele presídio, mas agora tinha um problema maior na mesa. Gabriel. Era ele ou a gente.
Cheguei no morro direto, sem enrolar. Entrei na casa da Ana Clara e encontrei ela jogada no sofá, lendo um livro qualquer. Quando ela me viu, levantou na hora, com aquela cara de quem já sabia que eu vinha com papo.
— O que você tá fazendo aqui, Douglas?
Suspirei. Já sabia que ia ser difícil, mas tinha que tentar.
— Ana, a gente precisa conversar.
— Conversar? Conversar sobre o quê? Sobre você ter me traído?
— Eu não lembro de nada, Ana. Te juro. Aquele dia foi estranho, parece que tinha alguma coisa na bebida, sei lá...
Ela me interrompeu antes que eu pudesse continuar.
— Você acha que isso muda alguma coisa? Você me traiu, DK. Não importa se lembra ou não. Eu não confio mais em você.
Senti como se tivesse levado um soco no peito.
— Ana, por favor...
Ela apontou pra porta.
— Sai daqui, DK. Eu não quero te ver.
Eu fiquei ali, parado, olhando pra ela. Queria falar mais alguma coisa, mas sabia que não ia adiantar. Dei as costas e saí, com a cabeça a mil.
Cheguei em casa e fui direto pro quarto. Peguei o celular e comecei a ligar pro bonde. Se Ana não ia me ouvir, tudo bem. Agora era hora de focar no que importava. A guerra tava na nossa porta, e a gente ia entrar pra ganhar.