A última chance

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Oliver

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Oliver

Meu coração está agoniado. O peito sobe e desce somente ao me lembrar que dia é hoje.
A incerteza do que está para acontecer me apavora, faz meus ossos vibrarem por dentro da carne, a dúvida me incendeia os pensamentos.
Meu estômago revira-se ao imaginar que daqui algumas horas tudo estará acabado.

Todos os meus sonhos e projetos para o futuro agora, incluem Delilah. Não tenho sequer uma perspectiva do amanhã se não for com ela. Para mim será tudo sem sentido se meu amor não estiver ao meu lado.

Tomei o líquido nas mãos em formato de concha, aproximei meu rosto da bacia de bordas amarelas acoplada a um móvel de madeira entalhada, banhando minha pele com a água fria. Senti a brisa primaveril da janela me acariciar as bochechas, provocando um arrepio dos pés a cabeça.

Encarei meu reflexo no espelho, as gotículas transparentes escorrendo pela face. Inspirei fundo enchendo os meus pulmões com o máximo de ar possível.
Mantenha-se calmo Oliver, vai dar tudo certo.
Vai dar tudo certo.

Passei a mão da testa até os meus cabelos, umedecendo-os com o excesso de água. Bati o pano de linho contra o rosto a fim de me secar e o devolvi dependurando-o no suporte de metal fixo na parede.

Abri o guarda-roupas de mogno, escolhi uma camisa branca de algodão, a vesti sentindo seu tecido macio me tocar a pele nua. Tomei uma calça escura de lã fina riscada de giz de uma das gavetas, prendi um suspensório na peça, joguei um colete de seda cinza perolado com detalhes cintilantes por cima, mais um fraque de corte elegante, com calda longa da cor preta também.

Terminei de calçar a meia junto aos sapatos de couro legítimo e amarrei uma cravat no colarinho.
Olhei para o meu relógio que marcava dez horas da manhã e o coloquei dentro do bolso sentindo um aperto no peito.
Faltam apenas duas horas para o casamento acontecer. Eu tenho muito pouco tempo.

Poderia tentar conversar com Victor ontem, mas o mesmo depois da cena deplorável que presenciou na sala de visitas, foi embora para a estalagem onde estava hospedado.
Já Delilah, seu pai praticamente a carregou e trancou dentro de casa, alegando que deveria descansar pois precisava estar bem disposta no dia seguinte.

Não tive a menor chance de trocar sequer uma palavra com ela após o ocorrido.

________

Me direcionei até a porta da frente da minha casa e quando a abri, dei de cara com Victor caminhando pelo jardim, indo na direção da casa de Georgie. Trouxe consigo um assistente que carregava seus trajes em um cabide, envoltos em uma capa protetora de tecido fino.

Seus olhos se iluminaram ao me notar. Ambos apressaram o passo e vieram ao meu encontro.

— Olá Oliver, vejo que já está pronto... — Ele me olhou de baixo para cima, reparando nos detalhes da minha roupa. — Cinza lhe cai muito bem.

Meu anjo da guardaOnde histórias criam vida. Descubra agora