(História 5) Em meio ao brilho da aristocracia francesa, Delilah Montgomery vive um casamento sombrio com um conde violento, enquanto o peso das expectativas sociais sufoca seus verdadeiros anseios. Quando Oliver Crane, o carismático herdeiro de um...
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ALERTA DE GATILHO: Violência física, abuso emocional e psicológico.
Delilah
Naturalmente, sei controlar os meus impulsos muito bem. Não costumo meter os pés pelas mãos e agir sem pensar. Mas agora, minhas pernas tomaram controle do meu corpo e, quando dei por mim, estava na porta de Oliver.
Um misto de ansiedade e excitação atinge meu peito, fazendo meu coração bater forte à ponto de quase me sufocar. Eu sequer sabia o que dizer à ele. Mas precisava estar aqui. Precisava vê-lo outra vez.
Quando a porta abre, meu estômago se revira. Não sei se para o bem ou para o mal, pois, ao mesmo tempo em que sinto as saudosas borboletas que só ele me causa, sinto um aperto na garganta, roubando-me o ar.
— Dell? — Seus olhos repousam sobre os meus, alternando entre um e outro, quase perdidos. Engulo em seco, abrindo meio sorriso ao fitá-lo. Fico incapaz de desviar minha atenção do seu olhar penetrante, de sua boca carnuda. Mordo os lábios quase que instintivamente.
— Oliver... — Sussurro. Minha voz é baixa como um suspiro de alívio, pois finalmente posso falar com ele.
Ele olha para trás, como se procurasse por alguém, e encosta a porta, nos deixando do lado de fora.
— O que faz aqui? Veio procurar por Victor?
O encaro, tentando entender do que ele está falando. Por que raios procuraria Victor em sua casa? Eu não quero ver aquela assombração. Não é à toa que inventei qualquer desculpa para me livrar dele, quando perguntou se poderia se arrumar na mansão de Ava. Aproveitaria toda oportunidade de ficar sozinha, pelo menos enquanto me fosse possível inventar desculpas.
— Não. — Neguei veementemente. — Eu vim por você.
— Por mim? — Sua expressão confusa me deixa ainda mais desorientada. — Para quê?
— Eu quero falar com você.
Oliver entreabre os lábios, hesita, mas depois assente e me puxa pela mão, guiando-me para dentro de sua casa. À passos curtos e desengonçados o acompanho. Meus olhos lentamente avistam a escadaria que leva ao segundo andar, uma estrutura que parece dividir a sala ao meio. Ele me guia para debaixo do vão da escada, onde a construção cria um curioso ponto cego. Assim, quem estivesse em cima jamais nos veria embaixo e vice-versa.
— A sua casa é linda...
— Tudo bem, tudo bem. O que tiver de dizer, diga rápido.
Pisco, surpresa com a forma pragmática e ríspida com que ele fala comigo. Como se estivesse com pressa, sem dar a mínima para os meus sentimentos. Como se eu fosse apenas um estorvo do qual ele queria se livrar o quanto antes.
Titubeio. Aquela não era a resposta que eu esperava dele. Sei que pode estar perplexo com a rapidez com que as coisas aconteceram entre mim e Victor, mas esse não é um motivo para fazer pouco caso de mim. De toda forma, não sei por que me surpreendo, sendo que ele fingiu que eu nem sequer existia nos últimos meses. Não respondeu nenhuma das duas cartas que enviei. Talvez aquele beijo tenha significado só para mim afinal de contas.