(História 5) Em meio ao brilho da aristocracia francesa, Delilah Montgomery vive um casamento sombrio com um conde violento, enquanto o peso das expectativas sociais sufoca seus verdadeiros anseios. Quando Oliver Crane, o carismático herdeiro de um...
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ALERTA DE GATILHO: Este capítulo contém descrições de abuso psicológico, controle coercitivo e situações que podem ser interpretadas como relações conjugais forçadas. __________________
Delilah
Os dias seguintes à cerimônia foram uma bela tortura. O caminho de Richmond até Versalhes, na França, era árduo e longo, com a estrada se estendendo à nossa frente como uma maratona que parecia não ter fim. A viagem durou ao todo cinco dias e meio. Partimos de Londres, a cidade que deixávamos para trás, com a incerteza do que o novo nos reservava e uma sensação sufocante no peito.
O trem que tomamos até o sul da Inglaterra sacudia suavemente sobre os trilhos. Ao olhar o verde brilhante da vegetação pela janela, meus pensamentos vagavam entre as memórias do casamento e os medos que se formavam na minha mente. Porém o que mais me atormentava dentre todas as coisas era o fato de não ser Oliver quem está do meu lado.
Em Dover, o barco a vapor que nos transportou pelo Canal da Mancha fez uma travessia lenta e nauseante, através das ondas que balançavam a embarcação de um lado para o outro.
Quando finalmente chegamos a Calais, o alívio foi passageiro. A França, com seus campos amplos e seus aromas desconhecidos, parecia uma extensão distante de minha atual realidade. Tomamos outro trem em direção a Paris, e de lá, finalmente, outro até Versalhes. Cada estação, cada troca de trem, parecia uma eternidade. A presença quieta e silenciosa de Victor tornou a experiência ainda mais entediante, fazendo com que eu fosse obrigada a puxar assunto com outras pessoas que viajavam conosco. Eu podia perceber o seu olhar perscrutador avaliar a minha atitude. Logo murchava, recolhia minha insignificância e retornava para meu assento.
Durante o tempo do nosso noivado, tivemos pouquíssimas conversas a sós. Nunca nada profundo ou que me fizesse querer conhecer mais de sua personalidade. Suas palavras pouco me instigavam. Me sinto instigada apenas sobre o seu passado. Coisa que ele parece querer deixar guardado e trancado à sete chaves.
Compreendo que ele pode carregar más lembranças de seu último casamento e que o luto tenha sido realmente muito difícil de lidar. Porém, eu não posso deixar de me sentir estimulada a querer entender mais sobre a vida que meu marido levava antes de me conhecer.
Não seria esse o tipo de coisa que deve-se saber sobre o outro antes de assumir um compromisso tão sério? Então por que raios ele se ofende tanto quando faço perguntas sobre a falecida esposa?
Eu estou abandonando tudo o que gosto para trás. As minhas amigas, Oliver, até meu próprio pai, que apesar dos pesares continua sendo meu pai. Nossos últimos momentos não foram os melhores do mundo. Depois da cerimônia mal trocamos uma palavra. Somente algo relacionado ao fato do mesmo ter recebido a notícia de que Margareth, minha antiga camareira já estava me aguardando em Versalhes.
Fiz questão de que Victor a contratasse. Senhora Barlow era uma mulher muito doce e gentil que eu criei um vínculo especial no momento em que vivi aqui na França. Por ela ter boas referências, ele não se opôs a ideia. O que é um alívio, dado ao fato de que eu não tenho ninguém de confiança por aqui.