O bilhete

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ALERTA DE GATILHO: Este capítulo contém representações gráficas de abuso sexual, violência física e emocional

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ALERTA DE GATILHO: Este capítulo contém representações gráficas de abuso sexual, violência física e emocional. Por favor, leia com cautela e priorize o seu bem-estar.
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Delilah

Seus olhos parecem arder e me devorar enquanto aguardam uma resposta minha. Eu não posso dizer o real motivo pelo qual estou aqui. Não posso arriscar a única chance que tenho de me comunicar com os meus. Portanto, por mais que com certeza eu tenha consequências esmagadoras pela minha decisão, me mantenho em silêncio.

A irritação que molda sua expressão é suficiente para me fazer encolher, como se cada músculo do meu corpo instintivamente buscasse proteção. Eu temo pelo pior. Temo acordar o monstro que habita nele. Aquele que me foi apresentado de forma brutal na noite de núpcias e que desde então se revela quando o contrariamos, negamos ou despertamos sua ira, pelo menor motivo que seja.

É como caminhar sobre cacos de vidro, onde cada passo errado pode me levar de volta àquele inferno particular que ele parece ansioso por reacender.

Victor suga as próprias bochechas deixando seu rosto severo, parecer mais magro do que o habitual. Um tipo de coisa que eu sei bem o que significa: Ele está possesso de raiva.

— Entre na droga da carruagem. — Diz, entre dentes.

— Victor — Meus olhos assustados e suplicantes imploram para que ele seja gentil. Para que não me machuque por ter fugido.

— Agora, Delilah. — Profere sua ordem com rigidez.
Meu coração pula dentro do peito. Tento me manter calma, mas sei que minha ansiedade não é em vão. Eu pagarei caro por ter desobedecido suas regras.

Baixo a fronte sem dizer uma palavra e embarco no landó. Sinto como se meus pulmões tivessem dobrado de tamanho a cada passo que dou até o interior da carruagem.

A tensão no ar parece me sufocar, mesmo com a capota retrátil aberta, permitindo que o ar fresco sopre livremente em minhas bochechas. É como se nem a brisa suave pudesse aliviar o nó que se forma em minha garganta.

Permanecemos em silêncio durante a curta viagem até o castelo. Entrar de novo pelos portões forjados em ferro e seguir por aquela alameda estreita coberta por árvores é uma experiência desesperadora. É como se, por um breve momento, eu tivesse vislumbrado a liberdade, apenas para ser aprisionada novamente.

Eu não fugi com a intenção de nunca mais voltar, por mais que esse seja o maior desejo do meu coração. Sei que, a partir da nossa união, mesmo não sendo religiosa, Victor se tornou uma autoridade em minha vida. O meu responsável legal. Meu dono.

Nem mesmo meu pai pode me livrar de suas garras. Estou fadada a viver neste inferno para sempre, então seria melhor que eu colaborasse e me conformasse com o meu destino, se não quiser piorar ainda mais meu sofrimento.

Fomos recepcionados pelo mordomo, que teve seu breve sorriso apagado pela atitude bruta de Victor ao me empurrar em direção às escadas, a fim de me obrigar a subir os degraus. Controlo os meus pés que vacilam, tropeçando um no outro, para que não caia de joelhos.

Meu anjo da guardaOnde histórias criam vida. Descubra agora