(História 5) Em meio ao brilho da aristocracia francesa, Delilah Montgomery vive um casamento sombrio com um conde violento, enquanto o peso das expectativas sociais sufoca seus verdadeiros anseios. Quando Oliver Crane, o carismático herdeiro de um...
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Oliver
As cenas vívidas do pesadelo ainda assombram meus pensamentos. De tempos em tempos, o grito agonizante do pássaro ressoa em minha mente, como se a tragédia se repetisse incessantemente diante dos meus olhos.
Ajeito meu fraque com cuidado e ajusto a cravat ao redor do pescoço. Em seguida, guardo novamente nos bolsos o embrulho cor-de-rosa de Lorde Montgomery e a pequena caixinha de bordas douradas, decidido a finalmente presentear Delilah.
Não sei ao certo quais palavras dizer, tampouco consigo prever sua reação ao me ver. Mas, no final das contas, talvez isso não importe. Se ela vai me aceitar ou não, pouco faz diferença agora, porque simplesmente não posso permanecer de braços cruzados enquanto ela definha em um casamento sem amor.
Sem amor, sem cor, sem lealdade, sem alegria. Tudo o que ela não merece. Delilah é digna do mundo, e eu farei o possível e o impossível, para que ela saiba disso.
Até ontem, eu poderia aceitar a derrota e me resignar ao meu lugar como um caso indefinido de seu passado. Mas, ao saber que Victor falha em ser o que ela merece, não consigo evitar o desejo de estar perto, de ser para ela tudo o que ele jamais foi.
Tive minhas dúvidas, cheguei até a ponderar se, de fato, ela poderia ser apaixonada pelo marido, se encontrava alguma felicidade ao seu lado. Mas agora sei que estava enganado; não foi difícil perceber que ele não passa de um patife incapaz de valorizar a mulher extraordinária que tem ao lado.
Como ousou dizer aquelas palavras a seu respeito? Chamou-a de mal-educada, mas Delilah é a moça mais bem-educada e gentil que já tive o prazer de conhecer. Como pôde mencionar seu sobrepeso sem considerar seus sentimentos? Será que ela é apenas um pedaço de carne, onde a carcaça é a única coisa que importa?
Dell é a pessoa com o interior mais belo e puro que já tive o privilégio de encontrar.
E mesmo que ela esteja diferente de como a vi pela última vez, sei que poderia cair aos seus pés novamente com apenas uma das pérolas de seu colar, com um sorriso seu ou o toque suave de seu perfume floral. Posso me tornar um vassalo se ela decidir que assim deve ser. Me sujeitaria a ser seu amigo, seu porto seguro, até seu amante, com apenas um pedido.
O desejo e a admiração que sinto por ela permaneceriam imutáveis. Ou talvez nem tanto, pois estou certo de que podem crescer a cada dia, tornando-se mais profundos e intensos do que jamais foram.
Desço do landó e sigo a passos lentos, um tanto hesitante ao avistar a imponência de Blackthorn Keep, o castelo de Victor. Inspiro fundo, a ansiedade tomando conta dos meus pensamentos, tensionando meus músculos, enquanto a brisa fresca, carregada de um aroma herbáceo, preenche meus pulmões. Bato na aldrava, aguardando que alguém venha abrir a porta para mim.
O mordomo, com os cabelos penteados de lado e o nariz pontiagudo, abre um sorriso acolhedor, recebendo-me calorosamente. Ele me informa que Victor está fazendo seu desjejum e que posso me juntar a ele, se quiser. Aceno com a cabeça, aceito o convite e adentro a propriedade.