Casa dos Carson
A noiteO dia correu mais lento que o normal hoje. Não sei se foi pelo fato de eu querer que a noite chegasse logo ou pela minha ansiedade em falar com Jonathan o mais rápido possível que fez o tempo parecer lento.
Quem diria que um adolescente me faria reclamar do tempo? Talvez ele esteja me acostumando demais com a imagem de irmã. A preocupação, o carinho e a amizade que construí em tão pouco tempo com aquele menino são novos para mim. E depois do que Ashley me contou, minha imaginação está a mil.
Não consigo tirar da cabeça cenas desagradáveis com Jonathan sendo intimidado por um merdinha qualquer. Só de pensar nisso, meu sangue ferve de raiva. Quando eu descobrir quem está fazendo isso com ele, eu...
Balanço a cabeça numa tentativa de espantar meus pensamentos.
Não... isso ainda é apenas uma especulação. Só vou ter certeza se é verdade quando o próprio Jonathan me contar.
— Filha, já chegou — disse minha mãe, me recebendo calorosamente. — Como foi a escola?
Ignoro sua pergunta.
— Mãe, o Jonathan já chegou?
— Já sim, ele acabou de subir para o quarto. Ele parecia meio... nervoso.
— Tá bom, obrigada.
Após agradecê-la, subo rapidamente o lance de escadas e vou até o quarto de Jonathan, que ficava no início do corredor. Sem ao menos tirar o uniforme, bato na porta do quarto dele.
— Jon, você tá aí? — pergunto, mas não tenho resposta. — Vou entrar, tá bom? — novamente, sem resposta.
Dou um suspiro longo para acalmar os nervos, antes de girar a maçaneta e abrir a porta do quarto.
Ao olhar para dentro, vejo um quarto com paredes cinza-escuro decoradas com quadros de artistas famosos e filmes clássicos. Os móveis, em sua maioria, eram cinza-claro, e apenas alguns eram brancos. Na escrivaninha, havia um notebook fechado, livros com páginas desgastadas e uma pilha organizada de papéis ainda não mexidos. Algumas roupas e sapatos estavam espalhados pelo chão, incluindo a mochila e o uniforme escolar.
Jonathan estava deitado em sua cama, enrolado entre os lençóis, quieto, sem mover um único músculo.
Sem rodeios, vou até ele e sento-me na cama ao seu lado. Ele nem ao menos me olha; seu rosto permanece escondido entre o lençol.
— Jon — chamo-o carinhosamente —, Jon, sou eu.
— O que foi, Chloe? — finalmente, ele falou, porém sem o tom doce de sempre.
— Eu é que pergunto isso a você — retruco. — O que foi? Por que está tão cabisbaixo? O Jon que conheço não é assim.
— O Jon que você gosta apenas não está aqui agora — respondeu ele, tão indiferente como nunca. — Só... quero ficar sozinho agora. Diz pra mamãe que eu não vou jantar hoje.
Agora estava indo longe demais.
— Jonathan — chamei-o pelo nome, agora mais séria. — Quero que seja sincero comigo. — Apertei as mãos com receio da pergunta que estava prestes a fazer. — Você... tá sofrendo bullying na sua escola?
Vejo um pequeno movimento de sua parte. Ele não diz nada, não me responde nada. Ficamos em silêncio pelos dez segundos mais longos da minha vida, e quando estava prestes a insistir por uma resposta, Jon retirou o lençol de seu rosto, revelando seus olhos castanho-escuros levemente vermelhos, como se tivesse acabado de chorar, e uma expressão de grande tristeza misturada com desespero.
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Um Amor Além do Tempo
RomanceAh, o amor... um dos sentimentos mais intensos que o ser humano pode possuir. O amor pode ter várias formas, uns podem ser verdadeiros e sinceros, já outros frios e traiçoeiros. Já o meu amor é sincero, frio e cheio de cicatrizes incuráveis causado...