Capítulo 10: O inicio de um pesadelo

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Às vezes, todos nós temos uma espécie de vilão que surge em nossas vidas sem nenhum motivo específico. Seja o vilão que surgiu na escola sendo um bully, um tirano político que abusa de seu poder sobre um estado, pais cruéis que tratam seus filhos como objetos, ou um agressor que bate nos mais fracos para se sentir superior às suas vítimas.

Os vilões também podem se passar por mocinhos, o que dificulta descobrir suas verdadeiras intenções por trás da máscara que eles criam para enganar as pessoas e fazer com que acreditem que os verdadeiros mocinhos são os vilões da história.

Chloe é a mocinha que foi nomeada como vilã pelas pessoas, enquanto o verdadeiro vilão se manteve escondido nas sombras, vendo toda sua culpa sendo jogada para outra pessoa, sem ser revelado.

Colégio de Portland
2019 d.C.

"Chloe Carson era, sem sombra de dúvidas, uma excelente filha e exemplo de aluna dedicada. Ela foi criada para ser uma ótima pessoa, ser gentil e alegre com as pessoas à sua volta, e foi ensinada que, apesar de ter nascido em uma família rica, ela não era melhor do que ninguém."

"Me pergunto se, em vez de ser tão legal, ela fosse uma completa escrota, talvez não teria chamado a atenção da pessoa errada."

"— Porra! — disse a voz irritada de um garoto que acabara de deixar alguns papéis caírem no chão."

"— Hm? — Chloe parou para observá-lo, intrigada por não conseguir reconhecer aquele garoto de cabelos ruivos. — Um aluno novo? — ela se perguntou curiosa."

"Por ser uma garota gentil e altruísta, ela, por sua vez, decidiu ir em direção ao ruivo e ajudá-lo a recolher os papéis no chão, o que foi, sem a menor dúvida, a pior decisão da sua vida."

"— Deixa eu te ajudar — disse ela, se agachando e pegando os papéis."

"Ele não falou, apenas a encarou fixamente de forma esquisita, enquanto ela recolhia os papéis concentrada. Se Chloe tivesse prestado a devida atenção ao olhar dele naquele momento, ela teria evitado o pesadelo que se iniciou com aquele simples ato de bondade."

"— Prontinho, foi mais rápido do que recolher sozinho — disse ela, entregando os papéis com um sorriso simpático."

"O ruivo abriu a boca para falar algo, mas foi interrompido quando o alarme do colégio tocou bem na hora."

"— É a minha deixa. — ela se levantou, fazendo o ruivo fazer o mesmo, ainda em silêncio. — Te vejo por aí pelos corredores — se despediu e saiu andando até sua sala de aula tranquilamente."

"Mal sabia ela que aquele 'te vejo por aí' seria tão constante."

"No dia seguinte, Chloe teve uma pequena surpresa ao descobrir que aquele mesmo garoto a quem ajudou era um aluno transferido de outra escola e que, por coincidência, iria estudar na mesma classe que ela."

— Pessoal, esse aqui é o Alex Brown, que foi transferido de outra escola. Então, por favor, sejam legais com ele. — comunicou o professor sério.

"Todos os alunos apenas concordaram de uma forma tão animada que nem consigo descrever com palavras tanta animação."

"— Muito bem! Alex, você pode se sentar naquela mesa vazia no final da fileira, atrás da Chloe."

"Ele apenas acenou com a cabeça e foi direto até a mesa, sem prestar atenção nos olhares curiosos dos alunos por onde passava, como se fosse uma espécie de bad boy que não liga para as pessoas à sua volta. Mas... houve apenas uma pessoa em quem Alex depositou toda a sua atenção do começo ao fim."

"— Prazer. — disse ele, parando ao lado de Chloe com um sorriso amigável, nada suspeito. — Eu sou o Alex, seu novo colega de classe."

"— Prazer, Alex, eu sou a Chloe, mas você já sabia disso. — ela brincou, dando um sorriso bobo."

"Se ela tivesse apenas o cumprimentado de forma séria, ele teria perdido o interesse nela naquele mesmo instante."

"Foi a partir dali que Alex começou a seguir Chloe em todos os lugares do colégio. Na sala, na biblioteca, no refeitório, no ginásio, em todo maldito lugar em que ela estava, ele ia atrás puxando assunto, onde 'coincidentemente' eles tinham muitas coisas em comum, senão todas!"

"— Então você gosta de astrologia? Que coincidência! Eu também gosto — falou animado.

— Sério? — perguntou surpresa."

"— Claro! Às vezes, observar um céu estrelado..."

"— É mais interessante do que um céu cheio de nuvens. — complementou ela, surpresa. — E-eu sempre uso essa frase."

"— Meu Deus! — dizia ele, sorrindo e colocando sua mão sobre a dela. — Temos tantas coisas em comum que chega a ser hilário!"

"— Verdade — Chloe retirou sua mão por se sentir desconfortável."

"Era verdade, eles tinham muitas coisas em comum. O mesmo hobby, o mesmo tipo de sabor de bebida, as mesmas opiniões, até a mesma frase de efeito eles tinham em comum. Chegava a ser assustador, até mesmo para ela. Sem contar os toques físicos exagerados que Alex fazia quando bem entendia, deixando Chloe desconfortável perto dele."

Mas o pior foi quando ele se sentiu no direito de se declarar para ela, confiante de ser aceito.

"— Eu gosto de você, Chloe. — falou em um tom confiante e emocional. — Quer namorar comigo? — Aquilo foi a gota d'água para ela dar um basta."

"— Eu sinto muito, Alex, mas não posso aceitar."

A expressão confiante dele desapareceu num único instante ao ouvir a recusa.

"— Por que não?"

"— Alex, somos amigos. Eu nunca tive outro interesse além da amizade. — disse sincera."

"— Não! — ele agarrou o braço dela com força. — E nossos olhares, nossas conversas, o nosso lance! Eu me dediquei tanto para ser a pessoa que você adoraria ter ao seu lado, estudei astrologia por sua causa, aprendi a gostar das mesmas coisas que você gosta. VOCÊ NÃO PODE FAZER ISSO COMIGO!!! — gritou mais alterado que nunca."

"— ME SOLTA! — bruscamente, ela retirou a mão dele de seu braço já dolorido."

"— Eu fiz de tudo POR VOCÊ!! E é assim que você retribui???"

"— Você é um doente, Alex, vê se me deixa em paz, ouviu?! — gritou séria."

"E adivinhe? Ele não a deixou em paz, obviamente!"

"Depois daquela briga feia, Alex deixou de frequentar a escola por algum tempo. Chloe achou aquilo maravilhoso, pois não teria que enfrentá-lo tão cedo e se sentir desconfortável com seu olhar penetrante atrás dela. Mas essa pequena paz durou pouco, quando Alex começou a enviar aquelas mensagens e fotos de assédio."

"Claro, ela poderia muito bem ter informado sua família sobre o acontecimento, mas sua mãe havia acabado de se recuperar de um câncer de mama, seu pai e irmão mais velho estavam ocupados com uma crise na empresa, e seu irmão mais novo ainda era incapaz de fazer algo sem a ajuda dos pais. Ela odiava ser motivo de preocupação, então achou que seria melhor resolver aquela questão sozinha."

"Foi quando o dia do acidente chegou..."

Continua...

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