Capítulo 08: A verdade escondida

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Verdade. Para muitos, essa palavra significa aquilo que está intimamente ligado a tudo o que é sincero, verdadeiro, e a ausência de tudo aquilo que é mentira.

A verdade também é uma força muito poderosa, que pode ser boa ou ruim, dependendo da pessoa. Por esse motivo, alguns escondem a verdade, porque têm medo do que possa acontecer quando os outros descobrirem tudo. Descobrirem o que eles tinham feito de errado. Por essa lógica, os humanos criaram a mentira, que é exatamente o oposto da verdade, e, dessa maneira, eles poderiam se esconder das consequências.

Com o passar do tempo, as pessoas ficaram tão boas em mentir que se tornou algo natural na natureza humana.

Claro... eu não fui uma exceção, já que menti para as pessoas que confiaram em mim a minha vida inteira. E, agora, aqui estou eu, mentindo mais uma vez para as pessoas que estão sendo tão verdadeiras comigo.

Casa dos Carson
2020 d.C.

Agora tudo estava mais bagunçado do que nunca.

A princípio, eu tinha plena certeza de que aquele acidente tinha sido causado unicamente pela Chloe, por descuido no excesso de velocidade, mas, agora, depois daquela pequena fração de memória, meus pensamentos mudaram instantaneamente.

Chloe não foi a única culpada. Havia mais uma pessoa, o principal responsável por tudo isso ter acontecido.

— Então, Chloe, a nossa casa tem, em média, dois andares e 17 cômodos. Sendo, 5 quartos e 5 banheiros no segundo andar, e 2 salas, cozinha, escritório, garagem e 1 ateliê no primeiro. — explicava Jonathan, já que eu ainda não conhecia a minha nova moradia.

— É uma casa bem grande. — digo isso enquanto olho em volta com curiosidade.

Bem, comparada à minha antiga casa, que tinha vários cômodos vazios que só serviam para acumular poeira, essa aqui é mais cheia e, de certa forma, mais acolhedora que o mausoléu onde eu morava sozinha em uma casa tão grande. Eu queria ter comprado uma menor, mas como aquela casa fazia parte da minha herança, decidi me contentar com o vazio persistente.

— Que bom que nós todos estamos aqui, em nossa casa, como deve ser. — disse Evelyn, me abraçando de lado, o que me faz sorrir.

— Pois é, seria solitário se um de nós faltasse nesta casa. — dizia Elias, meio sentimental. — Por isso, Chloe... — ele olha em minha direção. — Por favor, nunca mais dirija um carro, em hipótese alguma!

— Como se lembrasse de dirigir. — respondi.

— Até isso você esqueceu? — perguntou Jonathan, surpreso.

Corrigindo. Não é que eu tenha esquecido como dirigir um carro; a questão é que eu não sei dirigir. Eu até tentei aprender uma vez, mas não deu certo porque quase deixei uma pessoa entre a vida e a morte quando a atropelei acidentalmente. Isso resultou num processo no qual assumi total responsabilidade e fui expulsa de qualquer academia de autoescola.

Bem... pelo menos ninguém morreu.

— Sobre isso, vamos esperar até que suas memórias voltem com o tempo. Mas, até lá, nada de dirigir veículos sem a nossa supervisão. — avisou Cristian.

— Sim, pai. — concordei.

Por mim, eu fico sem dirigir pelo resto da vida.

— O seu quarto já está arrumado para você usar. Quer ir ver? — perguntou Jonathan.

Tá aí uma coisa que eu temia desde que saí do hospital.

Querendo ou não, simplesmente não consigo deixar de me sentir desconfortável com a ideia de invadir a privacidade de outra pessoa, passar a dormir no quarto de outra pessoa e usar as roupas que eram dela. Mas... o que diabos eu podia fazer quanto a isso?

Um Amor Além do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora