Um Amor Além do Tempo

Capítulo 27: Um inferno de cada dia

"No dia seguinte, as coisas pareciam mais normais do que eu esperava."

"Eu não havia contado sobre o incidente para minha família, pois não achei que havia necessidade de causar preocupação em ninguém. Era apenas uma coisa boba, sem a menor importância. Além do mais, se eu contasse para minha mãe o que havia feito no meu primeiro dia de aula, teria levado um sermão de duas horas e meia, fora o castigo do meu pai pelo meu... comportamento infantil."

"Eu não estava arrependido, bem longe disso! Mas também não estava orgulhoso pelo que fiz."

"Reconheço que ontem agi de forma impulsiva e muito imatura, e, se eu quiser ter ao menos uma vida escolar decente, devo evitar Jack o máximo que conseguir. É... uma opção agradável para todos."

"Ao caminhar pelos corredores do colégio, logo percebi meus dois colegas indo rumo à sala de aula enquanto conversavam animadamente, acompanhados de risadas divertidas e altas. Eles parecem ser legais, apesar de seus pensamentos distorcidos. Talvez tenhamos uma boa amizade."

"— Ei, gente! — chamei a atenção de ambos com meu tom animado de sempre, porém fui completamente ignorado."

"'Será que falei alto o suficiente?' pensei confuso com tal comportamento dos meus colegas."

"Deixando isso de lado por um momento, fui direto para minha sala. Quando entrei, logo pude sentir que havia algo estranho no ambiente."

"Todos os alunos me olhavam de forma intensa, alguns com julgamentos, outros com... pena? Era como se eu tivesse feito algo de errado, mas não entendia o motivo. Olhando ao redor, notei que Jack não estava presente, o que me deixou um pouco aliviado."

"Ignorando isso, fui para meu assento enquanto murmúrios nada discretos sobre mim ecoavam entre os alunos:"

"— Sinto pena dele — disse a garota de cabelos curtos para a outra. — Ele não deveria ter mexido com aquele louco. Agora vai sofrer nas mãos dele."

"— Ninguém mandou bancar o herói — respondeu a outra, de cabelo preto."

"— É realmente uma pena. Ele era tão bonitinho... Um desperdício de rosto — lamentou a de cabelos curtos, meio chateada."

"Achei aquilo confuso. 'Como assim era? O que mudou?'"

"— Ei, Jonathan! — chamou meu colega de óculos, parecendo sério."

"— Ah, oi! Bom dia. Vocês não me ouviram chamar no corredor há pouco? Queria ver se, depois das aulas, vocês topam sair comigo pro cinema ou fazer algo legal como... amigos? — perguntei, meio envergonhado com a proposta, mas animado com a ideia de sair com eles."

"— Foi mal, cara, é que... — começou ele, meio sem jeito. — Meio que as coisas ficaram complicadas, sabe? E não vai dar mais pra sermos amigos."

"Isso me deixou surpreso."

"— Complicadas? Mas o quê..."

"— Você é o novo brinquedo do Jack — me interrompeu. — Eu sei, isso é ridículo, mas é a verdade. E ninguém aqui quer se envolver com ele, nem com você."

"Fiquei perplexo. Pensei que seríamos amigos, que me encaixaria no grupo deles, mas não. Aparentemente, ninguém ali queria mais contato comigo, nem ao menos uma palavra."

"— Sinto muito de verdade, Jonathan — lamentou ele. Parecia sincero, mas logo se afastou de mim."

"Quando estava prestes a me sentar, uma mão pesada bateu na minha nuca, me deixando atordoado pelo impacto. Coloquei a mão na área dolorida e me virei para ver quem tinha sido. Para minha infelicidade, era Jack. Que merda está acontecendo?"