Capítulo 17: Promessa sem valor

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"— De que vale uma promessa feita quando ela não tem valor algum por não ser cumprida?"

"Foi o que a mulher que me trouxe ao mundo disse quando o homem que deveria ser meu pai não cumpriu com a sua promessa. Ele prometeu que iria amá-la, prometeu que iria ficar com nós duas quando pedisse o divórcio da outra, que chamava de esposa."

"Eu nunca conheci meu pai. Bom, ao menos acho que nunca o conheci! A mulher que me trouxe ao mundo tinha tantos homens em sua vida que mal me dei ao trabalho de perguntar quem era meu genitor."

"Afinal... de que adianta tentar saber de alguém quando claramente essa pessoa não quer saber de você?"

"E depois que ela fez o mesmo comigo, quando fez aquela promessa de voltar, eu entendi o que suas palavras significavam. Assim como ela, eu sofri a dor da desilusão de uma promessa sem valor."

{...}

Casa dos Walter
2022 d.C.

Já se passaram mais de dez anos desde a última vez que vi aquela mulher, e quatro anos desde que venho reunindo informações sobre seu real paradeiro.

Não me interprete mal, não tenho interesse em tê-la de volta, apenas quero encontrá-la para dizer uma coisa. Uma coisa que venho guardando há anos, e, quando eu finalmente disser isso, poderei dar um ponto final na história que ela mesma iniciou.

— Lucy, Charlotte, o café da manhã está pronto. — gritou minha mãe, Alice, do primeiro andar.

— Já vai! — respondeu Charlie, em um tom um pouco mais alto.

Charlotte ainda estava no banheiro do nosso quarto arrumando seu cabelo e passando um pouco de maquiagem no rosto. Como eu tenho zero interesse nesse tipo de arrumação, com apenas meu velho rabo de cavalo e minha cara limpa, saio do quarto vestida com meu uniforme escolar e bolsa pendurada em um dos ombros, me dirigindo até a cozinha.

A mesa de seis assentos que usamos para todas as refeições já estava posta e minha mãe, junto com meu pai, Brian, ocupava seus devidos lugares, ele na ponta esquerda e ela na direita.

— Bom dia. — cumprimento, pondo minha bolsa no canto do assento que costumo sempre usar, ao lado do meu pai.

— Bom dia, querida. — disse o pai, com seu sorriso alegre e contagiante logo de manhã pra mim.

— Bom dia, Cicy. — respondeu a mãe, com aquele carinho na voz, ao se dirigir a mim pelo meu apelido. — E sua irmã?

— Se arrumando. — respondo, me servindo com uma caneca de café e panquecas.

— Ela vai para uma escola ou para um concurso de moda? — perguntou o pai, pegando sua xícara.

— Tá mais para um campo de batalha. — disse Charlie, se aproximando de nós já arrumada.

Sua maquiagem era simples, com uma base de tom claro da sua pele para cobrir as 'imperfeições', um blush meio rosado para dar cor às bochechas, cílios com rímel para dar a impressão de serem grandes, e brilho labial para evitar lábios secos. Seu cabelo naturalmente ondulado estava com um penteado dois em um, sendo a grande maioria do cabelo da parte de baixo solta, e a de cima com duas tranças ligadas a um laço borboleta atrás.

Apesar de parecer simples, isso demora pra casete, ainda mais com Charlotte! Juro, qualquer errinho besta é motivo de começar o processo tudo de novo.

— Bom dia, família amada. Hoje, que somente coisas boas surjam em nossos dias e afaste toda a maldade que paira no mundo. Namastê. — disse ela, juntando as mãos e fazendo uma cara de paisagem.

Um Amor Além do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora