Capítulo 19: A vida que vivemos

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Portland, Oregon
Adam   2016 d.c

"Quando eu era pequeno, acreditava que minha família era perfeita."

"Meu pai, Henry Salver, vem de uma linhagem composta por grandes advogados. Tanto meu bisavô, Phillip Salver, quanto meu avô, Thomas Salver, dedicaram suas vidas ao direito, e claro, meu pai não podia ficar de fora."

"Ele se casou com minha mãe, Vivian Banks, uma ex-atriz, e juntos tiveram meu irmão mais velho, Liam, e eu, o caçula. Apesar de meu irmão e eu termos 6 anos de diferença, isso nunca nos impediu de sermos próximos um do outro."

"Desde criança, Liam demonstrava ser um prodígio em nossa família. Estudos, esportes, culinária, não havia nada que ele não pudesse fazer. Ele era uma pessoa incrível, gentil e muito compreensiva."

"Ele sempre foi o centro das atenções e, sendo o filho primogênito de nosso pai, recebia mais atenção dele do que eu. Em compensação, minha mãe tinha mais cuidado comigo e parecia me tratar de forma mais atenciosa do que ao meu irmão. Podia-se dizer que nossos pais tinham seus favoritos."

"Essa era a vida que vivemos, e não podíamos fazer nada para mudar isso."

"Então, quando eu fiz 12 anos, a família perfeita que eu idealizava na minha cabeça se tornou mais a enojada do que eu gostaria que fosse."

"— SEU MOLEQUE INGRATO! — gritou meu pai furioso, quando deu um soco forte no rosto do meu irmão, fazendo-o cair no chão."

"Liam havia acabado de terminar o ensino médio e, como sempre, nosso pai tinha grandes planos sobre qual faculdade ele iria frequentar e sobre o curso de direito que faria para se tornar um advogado como os homens da família. Ele colocava muitas expectativas no meu irmão, o que o sobrecarregava, levando-o a se dedicar tanto aos estudos que mal conseguia dormir noites seguidas."

"Nossa mãe sabia disso, mas não fazia nada a respeito."

"Liam estava cansado e, por isso, disse que não queria mais seguir os passos de ninguém. E, por ser sincero, acabou levando uma surra do homem que estava pouco se fudendo para isso."

"— Você só pode estar brincando com a minha cara! — disse o pai, furioso."

"— Não! — afirmou meu irmão, se levantando, colocando a mão sobre a bochecha onde foi atingido e o encarando nos olhos, sério. — Eu não vou continuar fazendo o que você quer, pai. Eu já sou maior de idade, sou dono da minha própria vida. VOCÊ não tem direito de decidir nada por mim."

"Nosso pai riu, perplexo ao ouvir aquilo."

"— Você é dono da própria vida? — perguntou ele, com sarcasmo. — Quem caralhos você pensa que é? Só porque tem 18 anos, acha mesmo que eu não tenho direito de querer o melhor pra você? Sou a porra do seu pai, moleque, e sei o que é melhor pra sua vida."

"— Eu não sou a merda do seu fantoche. Você até pode ter sido o do vovô, mas comigo é diferente."

"— O que foi que você acabou de falar?"

"— Você ficou surdo, seu velho???"

"Nosso pai, com veias saltando de sua testa, se direcionou até uma mesa da nossa sala de estar, onde havia um abajur comum sobre ela. Com a mão, ele pegou o abajur de forma brusca e olhou para meu irmão com uma fúria que eu jamais havia visto antes, dizendo:"

"— Agora você vai aprender a me respeitar, seu maldito. — declarou ele, antes de se aproximar de Liam com a intenção de quebrar aquele abajur na cabeça dele."

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