O despertador toca. Olho a hora: sete e meia. Estico o braço e o desligo. Espreguiço na cama e minha cabeça desperta rapidamente.
Olho à minha direita e vejo que Rafaela não está. Minha mente recupera a consciência do
que aconteceu e eu me sento na cama quando ouço uma voz:- Bom dia.
Olho na direção da porta e ali está ela, vestida. Vejo sua roupa e me surpreendo ao perceber que o terninho feminino que ela está usando não são os mesmos da véspera. Ela se dá conta e responde:- Tomás me trouxe essa roupa há uma hora.
- E a dor de cabeça? Passou? - pergunto.
- Passou, sim, Bia. Obrigado por perguntar.
Respondo com um sorriso triste. Levanto da cama sem ter consciência da minha cara péssima, toda despenteada, cheia de remela e com o pijama do Taz. Chego perto dela,
fico na ponta dos pés e lhe dou um beijo na bochecha enquanto murmuro um ainda sonolento "bom dia".Vou à cozinha para dar o remédio de Luete, até que vejo suas coisas em cima da bancada. Paro de repente e sinto Rafa atrás de mim. Nem me deixa pensar. Me segura pela cintura e me vira.
- Já para o chuveiro! - ordena.
Quando saio do banheiro e entro no quarto para me vestir, Rafaela não está mais ali.
Então me apresso a pegar uma calcinha e um sutiã da gaveta e os coloco. Depois abro o armário e me visto. Quando já estou vestida e apresentável, vou para a sala e a vejo
lendo o jornal.- Tem café fresco - diz ao olhar para mim.
- Come alguma coisa.Ela dobra o jornal, se levanta, vem beijar o alto da minha cabeça.
- Hoje você vai me acompanhar a Guadalajara. Tenho que visitar as sucursais de lá.
Não se preocupe com nada. No escritório já estão todos avisados.Concordo com um gesto, sem ânimo para falar ou contestar. Tomo o café e, quando deixo a xícara na pia, sinto que Rafa se aproxima por trás, mas desta vez não encosta em mim.
- Está melhor? - me pergunta.
Faço um gesto afirmativo, sem olhar para ela. Estou com vontade de chorar de novo, mas respiro fundo e consigo controlar o impulso. Tenho certeza de que Lua se aborreceria se eu continuasse me comportando como uma fraca. Com meu melhor
sorriso, me viro, tirando os fios de cabelo que caem sobre meus olhos.- Quando quiser, podemos ir.
Ela faz que sim. Não me toca.
Não se aproxima de mim mais do que o estritamente necessário. Descemos até a rua e lá está Tomás, nos esperando com o carro. Entramos e a viagem começa. Durante o trajeto de uma hora, Rafaela e eu folheamos vários papéis. Sou a encarregada de manter atualizadas as sucursais da Müller, então conheço quase todos os chefes. Rafaela me explica
que quer saber em primeira mão absolutamente tudo de cada sucursal: produtividade, número de funcionários que trabalham nas fábricas e o rendimento de todos eles. Isso me deixa nervosa. Com a taxa de desemprego tão alta hoje em dia, tenho medo de que
comece a demitir a torta e a direita. Mas em seguida me esclarece que seu objetivo não é esse, mas sim o contrário: tentar fazer com que seus produtos sejam mais competitivos
e dar início à expansão.Às dez e meia chegamos a Guadalajara. Não me espanto quando noto que Enrique Matías não se surpreende ao me ver. Cordial, nos cumprimenta e entramos todos juntos em sua sala. Eric e ele conversam sobre produtividade, deficiências da empresa e uma série de outras coisas. E eu, sentada num discreto segundo plano, tomo nota de tudo.
À uma e meia, quando deixamos a sala, saio feliz ao ver que eles se entenderam.Recebo um torpedo de Fernando. Respondo que estou bem, mas no íntimo me sinto culpada. Receber suas mensagens e estar com Rafaela faz com que eu me sinta mal. Mas por
quê? Não tenho nada sério com nenhum dos dois.
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The Boss / Rabia
Roman d'amourRafaela Kalimann é uma garota intersexual, que perde o pai e assumi a empresa da família, se tornando uma empresária alemã poderosa que se "apaixona" pela secretária Bianca Andrade.