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Três dias depois, ainda continuamos em Zahara de los Atunes e nossos anfitriões insistem para ficarmos mais tempo no chalé. Acabamos aceitando, encantados.
Rafaela recebe várias ligações e mensagens de uma tal de Marta, e toda vez preciso me controlar
para ficar de boca fechada em vez de perguntar:
“Quem é essa mulher que fica te ligando tanto?”

No quarto dia, Frida e eu resolvemos descer uma noite ao vilarejo para beber alguma coisa. Rafaela e Andrés jogam xadrez e preferem continuar no chalé.

Chegamos a um pub chamado “lacosita”. Pedimos umas cubas libres e nos sentamos ao balcão pra bater papo. Conversar com Frida é fácil. Ela é divertida, falante e encantadora.

— Faz muito tempo que está casada com Andrés?

— Oito anos. E a cada dia fico mais feliz por ter atropelado ele.

— Como assim?
Frida cai na gargalhada e explica:

— Conheci Andrés porque o atropelei com o carro.
Isso me faz rir.

— Me conta essa história. Quero saber tudo.

Frida toma um gole de sua bebida e começa a contar:

— Nós dois estávamos indo à faculdade de medicina em Nuremberg. E no primeiro dia
em que fui de carro, quando ia estacionar, não o vi e o atropelei. Por sorte, ele não sofreu nada grave, exceto um ou outro hematoma. Foi uma atração instantânea. E, desde esse dia a gente não se desgrudou mais.
Nós duas rimos e volto a perguntar:

— Ah, vem cá, e essa coisa de sexo e joguinhos, foi ideia de quem?

— Minha.

— Foi ideia sua?
Ela faz que sim com a cabeça.

— Você precisava ver a cara dele quando falei disso pela primeira vez. Ele não quis nem saber. Mas um dia o convidei para uma dessas festas, e o apresentei a Rafaela e, bom... a partir desse dia, ele gostou!

— Rafaela?!

— Sim. Somos amigos há anos e frequentávamos o mesmo grupo. Algo que, como você já deve ter percebido, continuamos fazendo. Aliás, acho que você já sabe que fui eu naquele dia no hotel que...

— Sim... Rafa me contou.

— Pra mim foi um prazer dar prazer a vocês dois.
De repente me ocorre algo e eu pergunto:

— Ah, vem cá, você participou da roda que Björn organizou outro dia?

— Sim — diz Frida, rindo. — Adoro esse tipo de jogos, e Andrés fica louco também.

— E não é estranho?

— Estranho? — surpreende-se. — Por quê?

— Não sei... Você não acha humilhante estar ali para satisfazer os desejos dos caras?
Vocês ficam peladas. Vocês ficam entregues. Vocês são as que... bom, isso aí que você já sabe.

Frida solta uma gargalhada e tira do rosto uma mecha de cabelo.

— Não, querida. Adoro o tesão desse momento. Me deixa louca ver como me desejam, como meu marido me oferece, como os outros homens me possuem. Eu gosto e o Andrés gosta. É isso que conta, que os dois gostem e que a gente curta a experiência.

Quero perguntar mais coisas sobre os jogos, sobre Rafa, Betta ou Marta, mas começa a tocar a música Love is in the air, de John Paul Young, e Frida grita empolgada:

— Adoro essa música. Vamos dançar!
Animadas, nós duas vamos até a pequena pista e dançamos ao som dessa linda canção, enquanto percebo que vários homens ali nos observam. Somos duas mulheres jovens, sozinhas, e isso é um prato cheio.
Por volta das três da manhã, Frida e eu decidimos voltar ao chalé. Estamos exaustas.

The Boss / RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora