Quando chego em casa, minha Luete me recebe. É um amor! Leio o bilhete em que minha irmã me explica ter dado o remédio a gata, e isso me faz sorrir. Que fofa ela é!
Ponho uma roupa mais confortável e preparo alguma coisa para comer. Cozinho um macarrão à carbonara delicioso, encho o prato e me sento no sofá para ver TV enquanto devoro a comida.
Quando termino de comer, me recosto no sofá e, sem me dar conta, mergulho num sono profundo, até que um barulho estridente me acorda. Sonolenta, me levanto e o
apito volta a soar. É o interfone.— Quem é? — pergunto, esfregando os olhos.
— Bia, sou eu, Rafaela.
Então acordo rápido. Consulto o relógio. Seis em ponto. Por favor! Mas quanto tempo será que dormi? Fico nervosa. Minha casa está uma bagunça. O prato com os restos de
comida sobre a mesa, a cozinha entulhada, e eu estou com uma cara horrível.
— Bia, pode abrir? — insiste.
Quero dizer não. Mas não tenho coragem e, após bufar, aperto o botão. Em seguida desligo o interfone. Sei que tenho cerca de um minuto e meio até que ela toque a campainha da porta. Como Ligeirinho, salto por cima da poltrona. Por pouco não bato com a cabeça na mesa. Pego o prato. Pulo de novo a poltrona. Chego à cozinha e, sem poder fazer mais nada, ouço a campainha. Deixo o prato. Jogo água em cima para esconder as sobras do macarrão.
Ai, meu Deus! Está tudo sujo!
A campainha volta a tocar. Me olho no espelho. Meu cabelo está todo embaraçado.
Dou um jeito como posso e corro para abrir a porta.
Quando abro, respiro ofegante por causa da correria e me surpreendo ao ver Rafaela usando calça jeans e camisa escura. Está gatíssima! Sinto seu olhar me percorrendo, e ela pergunta:
— Você estava correndo?
Como uma idiota, me seguro na porta. Essa afobação toda acaba comigo. Ela me olha de cima a baixo. Estou prestes a gritar: “Já sei! Estou horrível.” Mas Rafaela me surpreende ao dizer:
— Adorei suas pantufas.
Fico vermelha como um tomate quando olho para minhas pantufas do Bob Esponja que ganhei de presente da minha sobrinha. Rafaela entra sem pedir licença. Luete se aproxima. Para um gato, ela até que é bem sociável. Rafaela se agacha e faz carinho nela. A partir desse momento, Luete vira sua aliada.
Fecho a porta e me apoio nela. Luete é tão maravilhosa que não consigo deixar de sorrir. Rafaela me olha, se levanta e me entrega uma garrafa.
— Tome, linda. Abra, coloque num balde com bastante gelo e traga duas taças.
Obedeço sem contestar. Ela está me dando ordens.
Ao entrar na cozinha, pego o balde que meu pai me deu de presente, encho de gelo, abro a garrafa e, ao colocá-la no gelo, me detenho com curiosidade no rótulo rosa e leio
“Moët Chandon Rosado”.— Você disse que gostava de morango — escuto ela dizer, enquanto sinto que me pega pela cintura.
— Nesse espumante o aroma que predomina é o de morangos silvestres. Você vai gostar.Nas nuvens com sua presença, fecho os olhos e balanço a cabeça afirmativamente.
Está me deixando louca. De repente, me gira para ela e eu fico apoiada entre ela e a geladeira. Respiro ofegante. Rafaela me olha. Eu retribuo o olhar, e então ela faz aquilo de
que tanto gosto. Agacha-se, aproxima sua boca da minha e lambe meu lábio superior.
Meu Deus, que delícia!
Abro minha boca à espera de que agora ela passe a língua no lábio inferior, mas não.
Errei.
Me ergue para que eu fique da sua altura e logo enfia sua língua direto na minha boca com uma paixão voraz.
Incapaz de continuar pendurada como uma linguiça, enrosco minhas pernas na sua cintura e, quando ela cola seu sexo no meu, eu me derreto. Sentir sua ereção dura e quente sobre meu corpo me deixa com vontade de despi-la. Mas em seguida afasta sua
boca da minha e me pergunta:— Onde está o presente que te dei hoje?
Volto a ficar vermelha.
Essa mulher só pensa em sexo? Tá, admito, eu também.
Mas, sem conseguir resistir a seus olhos indagadores, respondo:— Ali.
Sem me soltar, olha na direção indicada. Anda até lá comigo enlaçada em seu corpo e depois me solta. Abre o envelope, pega o que há ali dentro e rasga o plástico da embalagem, primeiro de um dos presentes, e logo do outro. Enquanto faz isso, não tira
os olhos de mim e respira com mais intensidade. Me sinto toda incendiada.
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The Boss / Rabia
RomanceRafaela Kalimann é uma garota intersexual, que perde o pai e assumi a empresa da família, se tornando uma empresária alemã poderosa que se "apaixona" pela secretária Bianca Andrade.