Mentiras

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Quando acordo na manhã seguinte, estou sozinha e nua na cama imensa.
Jogado de qualquer jeito numa cadeira, vejo o terno que Rafaela usava na noite anterior
e, não muito longe, meu vestido. Sorrio e suspiro. Por um momento repasso mentalmente os últimos meses com ela e sinto que estou numa montanha-russa que me agrada muito e não quero que essa viagem acabe nunca.

Meu celular apita. Uma mensagem. É meu pai, dizendo que está indo embora para Jerez. Ligo para me despedir e sorrio ao me lembrar da sua alegria na noite anterior. Rafaela
e ele se dão muito bem e para mim isso é muito importante. Combinamos de nos ver no Natal. Então me despeço dele e em breve embarcarei para a Alemanha junto com meu
amor.

Deixo o celular na mesinha de cabeceira e reparo no pote de lubrificante — fecho os olhos. Ainda não consigo acreditar nas coisas que tenho feito. Nunca na vida imaginei
que pudesse experimentar o sexo selvagem que faço com Rafaela. Cada vez entendo mais o que um dia Rafaela me explicou sobre o tesão. O tesão pode te fazer alcançar limites
inimagináveis. Ah, se pode...! Eu que o diga!

Nos últimos meses tenho feito sexo em todos os sentidos da palavra, e Rafaela me compartilhou com homens e mulheres. Pensar nisso me faz sorrir e desejar mais. Se há
um ano alguém tivesse me dito que eu faria tudo isso, eu pensaria que essa pessoa estava doida. Mas não. Aqui estou eu, nua na cama de Rafaela e disposta a realizar minhas
fantasias e as dela.

Me levanto e, ao sentar na cama, faço uma careta ao perceber que minha bunda está doendo. Com cuidado, ergo o corpo novamente e me sinto estranha ao caminhar. Vou
direto para o chuveiro e, quando saio, vejo Rafa sentada na cama. Ligou o rádio e, assim que me vê, sorri.

— O que houve?

— Minha bunda está doendo.
Sua expressão se contrai e ela
murmura:

— Querida... eu te falei pra ter cuidado.

— Ai, Rafaela... acho que vou ter que sentar em cima de uma boia.

Rafaela ri, mas em seguida percebe que estou com a cara séria.

— Desculpa... desculpa.
Com cuidado, me sento na cama e, antes que ela diga qualquer coisa, levanto um dedo e digo:

— Nada de me sacanear sobre isso, tá?

— Tá — responde.

De repente, começa a tocar uma música que faz nós duas rirmos. Rafaela me deita na cama e, achando graça, comenta:

— Como diz a música, estou louco pra te beijar.

E me beija. Aceito com prazer seu beijo e quando sua mão desce pela minha cintura, o telefone toca. Rafaela me solta e vai atender. Após desligar, diz:

— Era minha mãe. Marquei com ela meio-dia e meia no restaurante do hotel.

— Pra almoçar?

— É.

— Esse horário gringo de vocês me mata — respondo, bufando. — Eu tomaria é o café da manhã.
Rafaela sorri e explica:

— Eu sei, querida, mas ela vai voltar a Munique hoje à tarde e quer almoçar com a gente.

— Tá bom — digo. — Você tem um analgésico ou algo do gênero?

— Tenho... na nécessaire.

Rafaela vai pegá-la, mas se detém e diz, segurando o riso:

— Não se preocupa, querida, as cadeiras do restaurante são macias.

Essa gracinha me faz bufar. Sinto vontade de lhe dizer umas poucas e boas, mas, ao ver seus olhos brincalhões, me seguro e abro um sorriso. Sua felicidade é minha
felicidade, e a música que me faz ficar louca para beijá-la continua tocando.
Dolorida, me levanto e abro o armário. Ali dentro vejo uma calça jeans e uma blusa rosa, mas, como não encontro o que estou procurando, reclamo desesperada:

The Boss / RabiaOnde histórias criam vida. Descubra agora