Quebra cabeça.

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Isabella Parker

O carro estava em completo silêncio. Cada uma de nós parecia presa em seus próprios pensamentos. Tudo era estranho, como se estivéssemos vivendo em um episódio surreal.

Por que justo o brinquedo onde fomos estava com uma armadilha?. E por que eles, Gustavo e Pedro Henrique, desapareceram por tanto tempo?

— Meu Deus... eu tô ficando louca. — resmungo, tentando organizar os pensamentos.

— Liga pra eles e manda voltarem de Uber. É perigoso ficarem tanto tempo fora. — Antonella sugere, prática como sempre, mas sua ideia me puxa de volta à realidade. Lembro-me de que perdi meu celular.

— Não tenho telefone. Acho que deixei cair enquanto corria. — encosto a cabeça no vidro, exausta.

Antonella franze a testa, mas não insiste. Depois de alguns segundos de silêncio, solto o que vinha remoendo:

— Mas vocês não acham tudo isso muito estranho? Eles ficaram tempo demais fora e, quando voltaram, ainda mentiram pra gente.

Heloísa me olha como se esperasse o momento certo para concordar, e balança a cabeça.

— Faz sentido. Tem alguma coisa que eles não querem que a gente descubra — Ela afirma, com um olhar mais sério do que o normal.

Antonella suspira antes de falar:

— Quer saber? Cansei dessa viagem. Era pra ser divertida, mas tá sempre terminando em desgraça. Vamos embora amanhã cedo. — Ela propõe, e nós todas concordamos sem questionar. Era como se eu tivesse falado o que todas queriam dizer, mas não conseguiam.

— Então é isso. Amanhã, às sete da manhã, a gente volta. — Antonella conclui, pragmática.

A tensão começou a se dissipar, como fumaça se esvaindo de um incêndio. Aos poucos, fomos rindo de coisas banais, e, antes que percebêssemos, a conversa já fluía naturalmente.

Antonella trouxe o colchão do quarto dela e colocou no meu, enquanto Heloísa tirava as coisas de Gustavo e as deixava do lado de fora do quarto.

— Prontinho! Girls' night oficialmente iniciada! — Heloísa comemorou com um sorriso largo.

Lucas saiu do banheiro nesse momento, com um pijama da Hello Kitty e uma faixa rosa no cabelo, parecendo uma versão exagerada e hilária de uma diva adolescente.

— Meu Deus, você está divonica! — Antonella gritou entre risadas, indo na direção dele enquanto eu revirava minha mala, procurando meus pijamas.

Foi então que notei algo familiar no fundo da bagagem: uma pequena caixa preta, amarrada com uma fita vermelha.

— Até aqui? — sussurrei para mim mesma, sentindo um frio na espinha.

— Falou alguma coisa? — perguntou Heloísa, curiosa.

— Nada. — Respondi rápido, fechando a mala e pegando-a. Fui direto ao banheiro, onde abri a caixa em silêncio.

Dentro, havia um iPhone 16 Pro Max rosa. Ele vinha com uma capinha transparente e uma película já aplicada. Um envelope estava pendurado na lateral com uma mensagem curta e perturbadora:

"Não perca novamente."

Meu estômago revirou. Quem estava por trás disso? Não era a primeira vez que recebia algo assim, mas, definitivamente, era a mais invasiva. Mesmo assim, parte de mim não conseguia deixar de se sentir impressionada.

— Tá legal... esse stalker não tá fraco. — murmurei.

Por um momento, optei por recusar o presente, mas a curiosidade venceu. Liguei o aparelho e percebi que já estava configurado, exatamente do jeito do meu celular antigo. Cada aplicativo, cada foto... tudo estava lá.

Entre luxos e simplicidade.Onde histórias criam vida. Descubra agora