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onde eles vão em um churrasco


FLORA MARTINS ORTIZ

Quando eu acordo na manhã seguinte, eu sinto braços me segurando e já sei que é Hector.

Ontem a noite foi muito legal, eu adorei os pais dele, eles me trataram muito bem e quando menos vi já estava completamente confortável na presença deles.

Eu pego seu celular que estava mais próximo da gente e vejo que são 8:47 da manhã, mas depois de ver o horário olho mais para baixo e meu coração aquece, e me pego sorrindo boba.

Seu papel de parede era uma selfie nossa, mais especificamente dos nossos olhos, e eu lembro dessa foto, tiramos quando insisti para ele fazer comigo uma trend do tiktok e essas coisas todas. Na foto nossos olhos estavam próximos da câmera e nossas íris e pupilas estavam olhando para o lado, como se estivéssemos olhando um para o outro, e pela distância da câmera dava pra perceber nossas bochechas mais saltadas por causa de um sorriso.

Com a atualização do IPhone, e por ser uma live foto, toda vez que ele ligava o celular a fotografia se mexia e dava pra ver nossos olhos ora virados para a câmera, ora se encontrando, ora virando para o outro lado como se estivéssemos com vergonha de trocar olhares, e esse era exatamente o sentido da trend.

Saber que essa era a foto de parede dele fez com que eu quase explodisse de amores. Mas a minha também não é muito diferente, na verdade eu mudei ontem a noite mesmo, eu tinha tirado uma foto dele distraído brincando com Tulipa e Barça, e ficou tão bonitinha que decidi pôr de papel de parede.

Ele só não sabe ainda.

Depois de um tempo olhando mais atentamente ao redor do seu quarto e vendo cada decoração e cantinho e também refletindo sobre a vida, decido me levantar.

Eu nem me troco, mas antes de sair do quarto escovo meus dentes com a mesma escova que usei na noite da festa do pijama e que impressionantemente Hector não havia jogado fora.

Eu escuto barulhos da cozinha e desço até lá em silêncio. Assim que chego na porta vejo Paula separando ingredientes para começar a cozinhar algo.

— Bom dia! — a comprimento me aproximando mais dela que me lança um sorriso muito feliz.

— Bom dia, querida! Dormiu bem?

— Dormi sim, você quer ajuda pra preparar o café? — ofereço de bom grado, eu adoro cozinhar coisinhas, principalmente docinhos.

— Não é necessário, Flora, mas pode ficar aqui para conversar comigo, se quiser — ela diz animada e continua pegando os últimos ingredientes.

— Eu insisto — digo decidida a ajudar e dou uma olhada nos ingredientes que ela colocou na bancada — é panqueca ou waffle?

— Uau, você reconhece só pelos ingredientes? — questiona parecendo realmente impressionada — são waffles.

— Eu amo cozinhar doces e coisas de padaria — lanço um sorriso sem graça pra ela — eu posso ajudar com a cobertura ou com a massa se quiser.

— Pode fazer a cobertura então! Eu iria adorar sua ajudar — sorrimos uma para a outra e ela logo começa a fazer as medidas dos ingredientes e coloca-los em um pote grande.

— Eu posso fazer uma cobertura meio diferente? É uma receita brasileira que aprendi com a minha avó, é uma delícia, se chama brigadeiro — pronuncio a última palavra com um pouco de dificuldade ainda, eu ando aprendendo português sozinha com o Duolingo e escutando músicas, que digam-se de passagem, são sensacionais — Hector já provou quando foi lá em casa e virou simplesmente o doce favorito dele, me pede sempre pra fazer.

¡PERFECT! Hector FortOnde histórias criam vida. Descubra agora