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onde ela organiza a vida

FLORA MARTINS ORTIZ



— FLORA! — ouço minha mãe me gritando do andar de baixo e com o susto derrubo os livros que estava levando para a estante — daqui 5 minutos vamos sair para o mercado!

— Ta bom mãe! — berro de volta me abaixando para recolher os livros e logo desisto de arruma-los na estante e vou me arrumar para sair.

Você provavelmente não está entendendo nada, mas fica tranquilo, vou te explicar: Tudo começou em novembro do ano passado, estamos no final de janeiro, meu pai pediu o divórcio e minha mãe ficou arrasada, mas sabia que seria o melhor, não apenas para mim e meu irmão, mas pra cabecinha dela também, então ela seguiu firme. Porém acendeu alguma luz nela que achou uma ótima ideia sairmos da Colombia para ela voltar a terra natal dela, Barcelona. Ou também onde meus avós maternos habitam atualmente.

De primeira não gostei muito da ideia, é bem compicado deixar 16 anos de uma vida para trás, mas eu estaria em um lugar "novo" e eu amo qualquer coisa nova, e com meus avós que não vejo desde meus 9 anos, então estou aqui de bom grado.

Eu jogo vôlei desde meus 8 anos e foi complicado deixar minhas amigas e meu time para trás, só não foi mais complicado do que me inscrever e entrar para o time de vôlei sub-18 do Barcelona, mas como disse antes: eu entrei. Me lembro como se fosse ontem quando vovó me levou a um jogo do futebol masculino no Camp Nou, lá eu não só me senti em casa como também descobri um sonho: jogar no time do meu coração.

Além disso minha mãe fez questão que eu estudasse na mesma escola em que ela estudou, uma escola particular que forma atletas e gente rica pra ser mais rica no futuro, ou seja patricinhas e mauricinhos aí vou eu! É óbvio que com mudança e tudo eu tive que fazer uma prova para bolsa, mas nada que eu achasse difícil, posso ter minhas dificuldades, mas burra eu não sou.

— FLORA MARTINS ORTIZ! DESCE AGORA OU EU TE LARGO AQUI! — novamente escuto minha mãe e percebo que me desliguei por mais de 5 minutos.

Desço as escadas a encontrando no telefone parada em frente à porta de casa aberta, meu irmão, Victor de 4 anos ao seu lado segurando um carrinho em uma mão e na outra tentando alcançar seu casaco no cabideiro.

Chego por trás dele e pego a roupa logo o vestindo, o inverno da Europa não é para os fracos e muito menos para os latinos. Estou vestindo duas calças, quatro blusas, um sobretudo, uma touca, três meias e meu tênis. Pois é amigos, amo frio, mas não estou acostumada com ele, considerando que Equador é um país bem clima tropical, e, consequentemente, quente.

Minha mãe desliga o telefonema e se vira para mim.

— Minha filha, quanta demora! — ela reclama e se agacha para colocar mais roupa de frio no meu irmão — pegou suas coisas? Vamos passar na escola para terminar a matrícula, de lá vou te deixar no CT para assinar suas coisas do vôlei e enquanto isso vou com seu irmão no mercado — apenas balanço a cabeça em concordância — acha que até as 17:00 você termina tudo lá?

— Provavelmente, por que? — saímos de casa e seguimos para a garagem.

— Você tem que terminar de arrumar seu quarto ou vai dormir no sofá de novo — minha mãe, Anna, liga o carro e começa a dirigir para a escola, que não é nem um pouco longe, apenas dois quarteirões de distância.

— Estava quase terminando, só faltava os livros, os CD's e algumas coisas de penteadeira e escrivaninha, da pra dormir na cama se eu deixar as caixas no chão — dou de ombros.

— Quero seu quarto arrumado até amanhã, tá bom? Quem sabe daqui uns dias eu convide meus amigos de época da escola para nos visitar — ela parece estar pensando em ideias para esse reencontro.

¡PERFECT! Hector FortOnde histórias criam vida. Descubra agora