𝟐𝟓

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William estava sentado no carro, observando cada movimento como se estivesse assistindo a um filme de terror em tempo real. Ben estava parado na porta do prédio de Catherine, falando algo que parecia prender toda a atenção dela. Ela mexia no cabelo, um gesto que William conhecia bem e que o deixou ainda mais furioso. O sorriso leve no rosto dela, os acenos de cabeça enquanto concordava com o que Ben dizia, tudo parecia uma afronta pessoal.

O que ele está dizendo que é tão interessante assim? William pensava, apertando o volante com tanta força que seus dedos começaram a doer.

Ele viu Ben inclinar-se um pouco mais, a expressão descontraída e confiante de sempre, enquanto Catherine ria suavemente de algo que ele disse. Aquela risada era um golpe. Então, o ponto final. Ben a abraçou, um gesto casual que poderia ter sido inocente, mas não era assim que William enxergava. E para completar, Ben depositou um beijo no rosto dela antes de se afastar.

William sentiu como se o chão tivesse desabado sob ele.

Ben caminhou até o carro, casual, sem pressa, como se fosse dono do mundo. Ele deu partida, e Catherine ficou ali, segurando o portão, observando o carro de Ben se afastar pela rua. A visão dela, parada na calçada, com aquele olhar sereno enquanto o carro desaparecia, foi o estopim para William.

Ele saiu do carro abruptamente, batendo a porta com força suficiente para ecoar na rua silenciosa. Catherine se virou, surpresa, ao ouvi-lo se aproximar.

― Que cena bonita, Middleton. ― William começou, a voz carregada de sarcasmo enquanto suas palavras cortavam o ar como lâminas. ― Sabe, eu quase aplaudi. Seria um final perfeito para um romance de verão, não acha?

Catherine piscou, confusa e claramente pega de surpresa pela presença dele ali.

― William, o que você está fazendo aqui? ― Ela perguntou, mas sua voz não tinha firmeza.

Ele riu, mas não havia humor em seu riso, apenas desgosto.

― Eu? Só estou aqui assistindo à grande apresentação. Você e o queridíssimo Comodoro. ― William inclinou a cabeça, os olhos fixos nos dela, cheios de uma mistura de raiva e mágoa. ― Sabe, Catherine, se você queria me dar uma aula prática de como ser ignorado, parabéns. Aula concluída com sucesso.

Catherine cruzou os braços, defensiva.

― Você está sendo ridículo, William. Ele só me trouxe pra casa. Foi só isso.

― Só isso. ― William repetiu, com sarcasmo, dando um passo mais perto. ― Claro. Porque é absolutamente normal que um colega de trabalho te traga em casa, fique minutos conversando na porta, te abrace e ainda te dê um beijo no rosto. Totalmente profissional, não é?

Ela abriu a boca para responder, mas William ergueu a mão, interrompendo-a.

― Não se preocupe, amor. ― Ele disse, o tom ácido, mas com uma expressão que traía sua decepção profunda. ― Só queria ter certeza de que você estava bem. E olha só, parece que está muito bem cuidada.

William deu meia-volta, como se fosse sair, mas parou e olhou por cima do ombro.

― Só me avisa quando decidir se eu sou o namorado que você quer ou só um idiota pra ocupar o tempo entre as caronas do Ben. Assim eu sei se continuo esperando por você... ou paro de ser o homem mais idiota do mundo.

Sem esperar resposta, ele começou a se afastar, mas seu coração parecia apertado a cada passo, mesmo que ele não quisesse demonstrar, então ele parou abruptamente quando sentiu a mão de Catherine em seu ombro. Ele não queria se virar, não queria encará-la naquele momento, mas ela estava determinada. Catherine se posicionou à frente dele, os olhos verdes brilhando de nervosismo e frustração.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora