William estava afundado no sofá, cercado por garrafas vazias e um caos que parecia refletir perfeitamente o que se passava em sua mente. A luz do sol entrava fracamente pelas cortinas semi-abertas, iluminando um apartamento que já não parecia o lar do homem que sempre mantinha tudo no controle, nem que fosse na superfície. A barba, agora mais espessa, cobria seu rosto marcado por noites sem sono e pela constante companhia do álcool.
Ele passava os dedos pelo copo que segurava, ainda com um resto de uísque. A televisão estava ligada, mas William não prestava atenção no que passava. Não havia foco, só um vazio que parecia impossível de preencher.
― O que eu estou fazendo? ― murmurou para si mesmo, sua voz rouca de tanto fumar e beber nos últimos dias.
Os pensamentos incessantes sobre Catherine o consumiam. Cada risada, cada briga, cada momento em que ela havia sutilmente destruído suas defesas, voltavam como um filme que ele não conseguia desligar. E agora ela estava lá, em Londres, talvez com Rupert, talvez reconstruindo algo que ele sabia que nunca poderia competir.
Ele passou a mão pelo rosto, sentindo a barba áspera e o cansaço que parecia impregnado em cada parte do seu corpo. Por que isso me afeta tanto? pensou ele, como se a resposta não fosse óbvia. William nunca havia se apaixonado antes ― pelo menos, não de verdade. E agora que havia deixado Catherine entrar, ela parecia ter arrancado tudo dele e partido antes que ele pudesse sequer entender como lutar por ela.
O telefone vibrava insistentemente na mesa ao lado, mas ele nem sequer olhou. Rob, Zara, até mesmo o Comandante Finn haviam tentado falar com ele nos últimos dias, mas William simplesmente não tinha energia para lidar com ninguém. Ele estava preso em uma espiral de autopiedade que não sabia como quebrar.
Levantando-se com esforço, ele foi até a cozinha, pegando mais uma garrafa de cerveja. Quando abriu a geladeira, viu a ausência de comida, apenas algumas garrafas sobrando. Ele riu amargamente.
― Perfeito, ― disse, batendo a porta da geladeira e voltando para o sofá.
O fim de semana havia chegado, mas para William não fazia diferença. Ele não tinha planos, não tinha motivação, e, mais do que isso, não tinha Catherine. Ele olhou para o celular mais uma vez, como se esperasse que ela ligasse, mesmo sabendo que era uma esperança tola.
― Talvez seja isso, ― disse para si mesmo. ― Talvez seja hora de aceitar que eu perdi.
Mas a ideia de realmente perder Catherine fazia algo nele doer de uma forma que nenhuma bebida podia anestesiar. William sabia que estava à beira de algo ― ou de lutar por ela como nunca lutara por nada, ou de afundar de vez na solidão que ele mesmo criara.
Rob bateu na porta do apartamento de William mais uma vez, o som ecoando pelo corredor silencioso. Ele olhou para o relógio, bufando de frustração.
― Vamos lá, cara, eu sei que você está aí, ― disse ele, batendo de novo, agora mais forte.
De dentro, a voz rouca de William respondeu, misturando irritação e cansaço.
― Vai embora, Rob. Eu não estou no clima.
― Ah, não está no clima? ― Rob rebateu, cruzando os braços e inclinando-se para mais perto da porta. ― Bem, azar o seu, porque eu não vim até aqui pra bater papo pela porta. Abre logo.
Um silêncio pesado se seguiu, mas Rob sabia que William estava lá, provavelmente sentado no meio de garrafas vazias e ressentimentos acumulados. Ele bateu de novo, com mais insistência.
― William! ― chamou, a voz agora cheia de preocupação. ― O que diabos está acontecendo com você? Você não responde mensagens, não atende o telefone... está agindo como um fantasma. E eu estou cansado disso. Abre essa porta.
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TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾
FanfictionOnde Catherine Middleton, uma competente controladora de voo é transferida para a RAF Brize Norton para começar algo novo, algo grandioso. Ela só não sabia ainda que, entre as ordens de voo e as coordenações perfeitas, algo ainda mais inesperado est...