𝟑𝟎

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O apartamento estava mergulhado em uma atmosfera descontraída e confortável. Os tons dourados do pôr do sol atravessavam as janelas, refletindo o fim de um verão cheio de emoções. William estava esparramado no sofá, os pés sobre a mesinha de centro, com uma mão apoiando a cabeça e a outra segurando uma garrafa de cerveja. No chão, Lupo estava deitado, com as orelhas caídas e os olhos atentos ao movimento da sala, ocasionalmente levantando a cabeça para observar seu humano resmungando com a televisão.

— Pelo amor de Deus, como você erra um passe desses? — William gritou, agitando a garrafa no ar, enquanto o time que ele estava torcendo desperdiçava uma oportunidade clara de gol.

Catherine, sentada no outro lado da sala, com a mesa repleta de papéis e o laptop aberto, suspirou e revirou os olhos. Ela estava tentando, sem muito sucesso, revisar o relatório de uma missão complicada que deveria apresentar na base na manhã seguinte.

— William, será que dá para gritar um pouco menos? Ou pelo menos xingar em silêncio? — ela resmungou, sem olhar para ele, enquanto ajustava os óculos no rosto e tentava se concentrar.

— Ah, claro, amor. Porque a culpa do lateral perder a bola a dois metros de distância é minha. — William rebateu, com um sorriso travesso. — Você devia assistir isso comigo. É uma obra de arte em forma de tragédia.

Catherine olhou para ele por cima dos óculos, com uma expressão exasperada.

— Prefiro minha tragédia em forma de relatório. Pelo menos a missão teve mais sucesso do que seu time está tendo.

— Ai, que cruel! — William respondeu, colocando a mão no peito como se estivesse ofendido. — Vou lembrar disso na próxima vez que você pedir meu suporte emocional enquanto lê essas coisas chatas.

Catherine riu, balançando a cabeça, enquanto voltava a atenção para o relatório. Lupo, percebendo o tom descontraído da conversa, se levantou e foi até Catherine, encostando o focinho na perna dela.

— Pelo menos alguém aqui sabe ser fofo. — Catherine disse, abaixando-se para fazer carinho em Lupo. — Você devia aprender com ele, William.

William olhou para ela, fingindo estar ofendido.

— Aprender? Quem foi que te fez café da manhã na cama ontem? Eu sou praticamente um namorado modelo.

— Modelo de quem? — Catherine provocou, com um sorriso.

— Muito engraçada. Você sabe que me ama. — Ele piscou para ela antes de voltar sua atenção para o jogo. — Vamos, pelo amor de Deus, marquem logo esse gol!

Catherine balançou a cabeça, um sorriso persistente nos lábios, e voltou ao relatório. Mesmo com a gritaria de William e o som da televisão, o apartamento parecia o lugar mais tranquilo do mundo para ela.

— Isso só pode ser brincadeira! — William gritou, jogando a cabeça para trás no sofá, incrédulo, enquanto o time adversário comemorava um gol nos acréscimos. — Esse técnico deveria ser demitido! Agora mesmo! Que desastre!

Catherine ergueu os olhos do relatório, com uma expressão mista de cansaço e diversão.

— Você vai sobreviver a isso? — ela perguntou com um tom sarcástico, tentando não rir.

Antes que William pudesse responder, o interfone tocou, quebrando o momento. Catherine se levantou e caminhou até o aparelho, atendendo rapidamente.

— Boa tarde, senhorita Middleton, aqui é da portaria. Chegou uma correspondência para o senhor Wales — informou a voz educada do outro lado.

Catherine olhou para William, que ainda estava no sofá, resmungando algo inaudível sobre árbitros corruptos.

— Correspondência pra você, amor. Quer que eu desça e pegue? — ela ofereceu, colocando a mão no botão do interfone.

TURBULÊNCIA ; 𝗐𝗂𝗅𝗅𝗂𝖺𝗆 𝖾 𝖼𝖺𝗍𝗁𝖾𝗋𝗂𝗇𝖾Onde histórias criam vida. Descubra agora