O destino em meus olhos - Choi Beomgyu (TXT)

Palavras não ditas

Capítulo trinta e seis

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          As últimas semanas têm sido uma mistura de confusão e uma certa paz forçada. Soobin saiu do hospital, mas algo dentro dele parece não se curar. O físico está em recuperação, mas a mente... A mente está atordoada, perdida entre os pedaços do que havia acontecido e o peso de não querer falar mais sobre isso. Ele simplesmente se recusa a fazer qualquer queixa contra Kaito, e não importa quantas vezes tentemos, ninguém consegue convencê-lo a mudar de ideia. Seus pais, nossos amigos, até mesmo eu... Nada parece ter força suficiente para fazer Soobin mudar de opinião.

— Eu não quero mais falar sobre isso, Yeonhee — ele disse uma vez, com uma calma que mais parecia uma muralha erguida entre nós. — Deixa pra lá, por favor. Isso tudo é passado. — A resposta dele sempre era a mesma, e cada vez mais eu me via impotente, tentando, sem sucesso, entender o que realmente o está impedindo de agir.

Por um lado eu sei o que ele está tentando dizer, mesmo sem precisar de palavras. Soobin não quer se envolver mais com Kaito. A história não significava nada para ele, nada além de dor e um lembrete de como as coisas podem sair do controle quando menos se espera. Ele está tentando enterrar aquilo, como se fingir que nunca aconteceu fosse a única saída possível. Ele diz que não sentia mais nada, nem raiva, nem rancor. Nada. Mas eu sei que há algo mais por trás disso. Algo mais profundo.

A família Natozaki são muito influentes, e eu entendo agora o que Soobin realmente queria dizer quando insiste em não fazer queixa. Eles, os Natozaki, têm uma rede de poder que vai além do que a gente pode imaginar. Eles têm dinheiro, contatos, e um alcance que, se fosse contra eles, só geraria mais dor de cabeça. Não vale a pena. Soobin não está apenas tentando evitar problemas para ele mesmo, mas também para sua família, que sempre esteve no lado mais discreto da vida pública. A última coisa que ele quer é um escândalo. Ele sabe que o peso das consequências seria muito maior para seus pais, que sempre foram simples fotógrafos que já prestaram serviços aos Natozaki, do que qualquer coisa que ele pudesse sofrer. E por mais que eu queira que ele seja mais duro, mais corajoso, eu sei que essa é a realidade. Ele não quer abrir mais feridas para os outros, ainda que as dele estejam lá, bem visíveis.

Segundo os seguranças de Taehyun, que estavam investigando discretamente a situação, Kaito está em casa há dias, sem sair. Eu sei que, provavelmente, seus pais tenham descoberto o que ele fez e estão mantendo-o longe de qualquer lugar público. Eles provavelmente estão fazendo o que sempre fizeram: controlando tudo, desde os passos do filho até as coisas mais sutis que ele faz. E a ideia de Kaito estar vigiado me dá uma sensação de desconforto, como se ele fosse um prisioneiro em sua própria casa, cercado pela pressão de uma família que não aceita falhas.

É como se tudo o que aconteceu com Soobin fosse apenas a consequência de uma criação controladora e abusiva. Quando ele sai da linha, é como se uma tempestade se formasse ao seu redor. E seus pais , com sua mentalidade rígida, sempre foram os primeiros a agir. Isso me fez pensar: Kaito não passa de um reflexo, um produto moldado por sua família?

Eu sinto o peso de tudo isso. Mas ao mesmo tempo, não posso fazer nada além de observar. Soobin quer seguir em frente, e por mais que isso me machuque, eu sei que ele está tentando fazer o que acreditava ser o melhor para ele, para sua paz. Eu quero que ele tenha a força para enfrentar tudo, para não deixar essa sombra pairar sobre ele, mas também sei que ele tem seus próprios fantasmas para lidar.

As coisas em casa não andam bem, nem um pouco. Desde o dia da confusão envolvendo Kaito e Soobin, Daimen simplesmente desapareceu, como se tivesse evaporado no ar. Ele não apareceu mais, e ninguém sabe onde ele está. Não que alguém realmente esteja preocupado, pelo menos eu não estou, e pelo o que tenho observado, ninguém mais parece estar também. Vicent, no começo, aparentava sentir um incômodo com a situação, um pouco desconcertado, mas logo passou a agir como se nada tivesse acontecido. Ele nunca menciona Daimen, como se sua presença ou ausência fosse irrelevante.