Before you go | Wenclair

29. me diga que ele é nosso.

"Antes que você vá... me diga que ele é nosso."
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Apertei os olhos e permiti que ficassem fechados por alguns segundos antes de abri-los pouco a pouco. O quarto ainda estava escuro por causa da cortina fechada, mas podia notar que já era de manhã. Senti falta do peso comum por cima do meu corpo que estava acostumada a ter todos os dias ao acordar, mas não havia. Dessa vez, ao olhar para o lado, Enid descansava a cabeça no travesseiro, ainda entregue a um sono tranquilo.

Estava deitada de barriga para baixo, coberta pelo lençol somente até a cintura, as costas completamente despidas, livres de qualquer tecido, assim como as outras partes do seu corpo. Algumas mechas loiras estavam caídas em seu rosto, o cabelo totalmente bagunçado. A respiração era calma, assim como seu sono também parecia. Fui tomada por uma sensação de tranquilidade, um sentimento que estava se tornando frequente a cada dia e manhã nova que acordava ao seu lado.

Observei enquanto dormia, com vontade de tocar seu rosto delicadamente, mas temia que acordasse com o mínimo toque. Dormia bem, sem preocupação nenhuma, se sentia em paz e segura. Eu amava poder acompanhar aquilo e fazer parte do que considerava ser conforto e segurança. Amava acordar ao seu lado todas as manhãs e ser a primeira a abrir os olhos, só pra ter o privilégio de observar alguns minutos do seu sono. Nas primeiras vezes, achava que a visão fazia parte dos meus sonhos e que eu ainda estava dormindo. Com o tempo, a sensação persistia, mas eu sabia que era real.

Ela estava ali.
Ela estava ali dormindo como um anjo.
Estava ali segura, comigo.

Aproximei minha mão lentamente do seu rosto e retirei com cuidado as mechas loiras que cobriam seus detalhes. Deslizei a ponta do dedo por sua bochecha, sorrindo ao sentir um suspiro fraco sair de seus lábios. Desci um pouco mais, colocando mais mechas pro lado para que seu pescoço ficasse exposto. A marca estava lá, em um tom meio arroxeado e vermelho. Uma única marca naquele lugar. Haviam outras pelo corpo, mas naquele momento não era possível vê-las. Eram uma forma de nos sentirmos livres também, sem precisar nos preocupar se alguém as veria, sem precisar ter medo. Ver elas trazia um sentimento novo para o meu peito. Cada parte dela sabia o quanto eu a amava.

Livremente.

- eu consigo sentir seu olhar e seu toque, Willa... - sussurrou, ainda de olhos fechados. Um sorriso pequeno brincava em seus lábios, logo desfeito pelo provável sono.

- não queria te acordar. Volte a dormir, estou aqui. - sussurrei de volta, o coração mais do que satisfeito de ouvir o tom rouco da sua ao acordar. Mais um suspiro deixou sua boca, e em pouco tempo já dormia de novo. Estava cansada do trabalho todo que a mudança para o loft estava fazendo conosco.

Ouvi o celular vibrar na mesa de cabeceira ao lado e me virei para pegá-lo lentamente e com cuidado para que não a acordasse novamente. Nas notificações apareciam mensagens de Ajax, me avisando que já estava chegando no loft. Rapidamente olhei para o horário, e me surpreendi no mesmo instante ao ver o quão tarde estava. Havíamos dormido além do costume.

Apertei os olhos reclamando em minha própria cabeça do delize e respondi as mensagens de Ajax rapidamente, me apressando para sair da cama. Retirei o lençol que nos cobria de cima de mim e sai da cama fazendo o mínimo barulho possível e lentamente para que não percebesse, mas era uma missão impossível.