Capítulo 36

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Kamélia Sorthur

Era madrugada e Kamélia estava sentada na poltrona do quarto, as mãos apertando seus joelhos, os dedos enterrados na pele como se tentassem se segurar a algo sólido em meio ao turbilhão de pensamentos. 

A camisola de tom vermelho e tecido fino cobria sua pele, mas não conseguia se aquecer da forma como desejava. Os olhos, fixos na lua cheia lá fora, tentava encontrar algum tipo de resposta nas sombras e luzes que se entrelaçavam no céu, mas, no fundo, ela sabia que aquilo não passava de distração. 

Não estava realmente olhando para a lua. Não mais.

E não conseguia dormir. O peso das imagens da noite anterior a consumia. Sua mente, uma bagunça de confusão, medo e algo mais que ela não queria entender. 

Porque, por algum motivo, ela havia percebido que, naquele momento, Kang estava tentando causar o mínimo de danos ao homem que tinha à sua frente. Era um detalhe estranho, dado o local repleto de sangue. 

Sangue que escorria das feridas profundas outros torturados, feitos por alguém alguém que não tinha piedade. De alguém que desmembrava, ameaçava, destruía sem hesitação até conseguir o que queria.

E ainda assim... os cortes em Yamada eram superficiais. 

Nada além de arranhões se comparados àquilo que Kang poderia ter feito. 

Algo parecia... contido. Como se ele estivesse controlando o impulso de ir mais fundo, de fazer o estrago completo.

Foi por ela? Essa dúvida se instalou em seu peito como uma agulha, fincando-se ali com uma pressão desconfortável.

Kamélia suspirou, os pensamentos voltando àquela cena. 

A crueldade que Kang exibia, as palavras frias e calculadas, a maneira como ele havia lidado com Yamada e Kenji — tudo isso a fazia questionar quem ele realmente era. 

Mas também o atraía. Ela odiava admitir isso, mas não podia negar. Havia algo em seu olhar, no controle absoluto que ele tinha sobre a situação, que a fazia se sentir... admirada, fascinada, e ao mesmo tempo, aterrorizada.

Com um movimento automático, ela olhou para a lua novamente, como se esperasse que ela pudesse dar uma resposta que fosse mais simples, mais clara. Mas nada vinha. Não havia explicação para o que ela sentia.

Sua mente estava em desordem, e ela estava começando a aceitar algo ainda mais desconcertante: seus sentimentos por Kang. 

Ele torturava, destruía e provavelmente matava homens — homens que, embora não fossem inocentes, ainda eram humanos. E ela sabia disso. Sentia isso.

Então, por que ainda pensava nele? Por que o pensava de uma maneira que a fazia sentir uma mistura de medo e desejo?

Kamélia fechou os olhos, tentando afastar esses pensamentos, mas era inútil. Eles estavam lá, impiedosos, como uma tempestade que não se acalmava. 

Não sabia como, ou se deveria, lidar com o que estava começando a perceber. 

Mas, acima de tudo, não sabia como escapar daquilo.

Impaciente, levantou-se da poltrona, o ambiente ainda silencioso e pesado com seus pensamentos. Seus pés descalços mal faziam barulho enquanto andava pelo quarto, passando a mão pela testa, tentando afastar a névoa de confusão que se formava em sua mente. 

O que ela estava fazendo? Por que não conseguia parar de pensar nele?

Olhou para a janela, onde a lua ainda brilhava no céu. 

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⏰ Última atualização: 3 days ago ⏰

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The Demon:  heaven or hell? ❄ Kwon JiyongOnde histórias criam vida. Descubra agora