Capítulo 73

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No intervalo da luta, Chris segue até a cozinha para buscar um copo de água. Street, ao avistar ela, se levanta do sofá e a segue.

- Oi... - Ele fala com um sorriso tímido.

Chris o olha surpresa e desconfortável. Os dois ficam em silêncio por um momento.

- Você mal me olhou nos olhos a noite toda... - Ele fala com pesar e Chris sente aquelas palavras a atingirem em cheio.

- Ei! O que vocês estão fazendo aí? Venham logo! A luta já vai começar! - Tan grita da sala para eles.

Chris suspira e então se retira para a sala, em silêncio.




Quando a luta termina e os meninos decidem jogar Fifa no Playstation, Chris aproveita a deixa para respirar um pouco. Ela vai até a mesa da sala de jantar e se senta ali, ouvindo apenas os gritos de comemoração dos amigos a cada gol que eles faziam.

- Acho que você já tem a sua resposta, então... - Street se aproxima enquanto ela descolava, concentrada, o rótulo da garrafa de cerveja. - Chris? - Ele a chama novamente, apesar de ela ter escutado desde a primeira vez. Ela leva seu olhar até ele, enquanto ele se sentava na frente dela. Street nota seus olhos pesados e tristes.

- Como a gente iria fazer isso, Street? - Ela abre um meio sorriso e fala com pesar. - Nossos amigos estão atrás de nós e a gente mal pode nem conversar direito...

Ele olha para ela pensativo e sentindo seu coração acelerar, mas de uma maneira ruim.

- Como a gente faria isso? Iríamos mentir para eles? Iríamos nos encontrar às escondidas?

Ele abaixa a cabeça e respira fundo.

- Não daria certo... - Ela continua.

Ele levanta seu olhar para ela novamente.

- E você nunca namorou sério antes... É o seu jeito... Você se envolve com várias... Mas agora quer namorar? - Ela franze o cenho falando calmamente mas com tristeza e dúvida na voz. Street a olha decepcionado. Ele sabia que ela era demais para ele, sempre soube. Sabia que ele era um mulherengo e ela já havia comentado negativamente sobre isso diversas vezes. Mas ouvir Chris falar isso era como receber um forte empurrão em seu peito. - E nós somos amigos... - Chris continua. - Somos do mesmo time... Não tem como isso dar certo...

Street assente com a cabeça e a abaixa. O ar fica tenso e o silêncio entre os dois é desconfortável.

- Street...

- Tudo bem, Chris... Eu entendo. - Ele corta ela e a olha abrindo um meio sorriso.

- Não, não entende... - Ela balança a cabeça. Seu tom de voz é baixo e calmo, mas Chris sente suas mãos tremerem e precisa se esforçar para falar de maneira firme. - Mas eu também não... - E então abre um meio sorriso para ele. Street se compadece ao ver Chris tão triste quanto ele.

- Continuaremos amigos... - Ele fala com um tom de dúvida olhando para baixo e em seguida para Chris, com receio, aguardando uma confirmação. Ela sorri levemente para ele.

- Sim...

- Tá bem... - Ele suspira e então se levanta, abrindo um sorriso tímido para ela. Ele achava que sentiria um alívio por pelo menos ainda manter a amizade com Chris, mas ele sente seu coração pesado e uma tristeza descomunal.





Alguns dias depois, o time é acionado para localizar um hacker responsável por acessar os computadores da Polícia de Los Angeles e revelar a identidade de alguns policiais disfarçados. Devido à magnitude do caso e da agilidade do hacker, o Comandante Hicks decide desligar todos os computadores e tablets da SWAT e ordena à todos os oficiais que acessassem documentos e mapas de maneira física, não mais consultando aparelhos eletrônicos.

- Vocês precisam descobrir a identidade desse hacker antes que mais informações sejam vazadas! Sabemos que o hacker é um aluno universitário, então procurem por documentos que possam ajudar a descobrir quem ele é. - Hicks informa.

A sala de operações é tomada por caixas e pastas de alunos de diversas universidades que tinham alguma ligação com as informações que eles já possuíam do possível hacker.

- Não imaginava como um acesso ao computador pudesse fazer tanta falta! - Tan bufa irritado. - Já teríamos conseguido montar uma lista de suspeitos! - Ele continua, alongando seus braços com uma expressão cansada.

- Para de reclamar, campeão! Continua procurando aí! - Luca o zomba.

- Estou todo dolorido... Dormi pouco hoje...

- A noite foi boa então, né? - Luca ri e Chris revira os olhos mas sem desviar sua atenção da pasta de documentos em suas mãos. Ela odeia quando os rapazes fazem comentários desse tipo.

- Que nada! Bonnie ainda está viajando...

- E você, Street?

Street se vira para Luca curioso, parando de procurar os documentos na caixa que estava em seu colo. Chris sente seu rosto corar.

- Não dorme em casa faz três dias! A coisa deve estar boa! - Luca ri.

Chris olha para Street mas imediatamente retorna seu olhar de volta para a pasta de documentos assim que ele olha para ela.

- Eu nã...

- Já encontraram alguma coisa ou vão continuar de papo furado? - Deacon os corta, com um tom de voz sério.

Chris sente seu coração acelerar. Ela fixa seus olhos nos documentos, procurando por pistas mas uma irritação toma conta dela, impedindo ela de conseguir se concentrar, principalmente depois de perceber Street olhando para ela.

Depois de alguns minutos, reparando que todos estão concentrados nos seus afazeres e ainda se sentindo inquieta, Chris se levanta e apoia a pasta de documentos na mesa, e se retira da sala de operações. Street é o único que a nota saindo.

Chris entra no vestiário bufando, agradecendo mentalmente por ele estar vazio. Ela fecha seus punhos com força, a ponto de suas unhas marcarem as palmas das mãos. Ela respira com raiva, tentando se recompor e tentando entender porque aquilo havia mexido tanto com ela. Ela para de andar de um lado para o outro e fecha os olhos respirando fundo a fim de normalizar sua respiração. Depois de alguns segundos ela abre eles novamente e se vira para a porta, a fim de retornar para a sala de operações, mas seu corpo dá um leve salto ao ver Street atrás dela.

- Que susto...

- Foi mal. - Street olha seu rosto e analisa sua expressão irritada. Ele fica em silêncio por um momento olhando para ela. - Você achou que eu estava com outra?

Chris engole em seco e não responde, e a sua respiração volta a acelerar.

- Achou? - Ele pergunta mais uma vez, ficando irritado com o fato de ela pensar tão pouco dele e também com raiva dele mesmo, por Chris ter motivos para pensar isso.

- Isso não importa... Você encontrou alguma pista?

- Que se dane isso, Chris.

Chris arregala um pouco seus olhos com Street fazendo pouco caso da operação. Ele continua a encarando e a expressão em seu rosto de raiva se dissipa em uma de tristeza. Ele abaixa a cabeça e respira fundo, fechando os olhos. Chris também suaviza a sua expressão irritada e o olha confusa para ele.

- A minha mãe... Eu não consigo falar com ela... A agente condicional dela me ligou faz alguns dias dizendo que não consegue falar com ela há semanas... O celular dela está desligado... Então eu tenho passado as últimas noites no meu antigo apartamento, caso ela volte para lá...

- Street... - Chris se aproxima devagar com pesar.

- Você achou que eu estava com outra, não achou?

Chris não responde, mas seu olhar de culpada entrega tudo. Ela abaixa a cabeça e molha os lábios suspirando, e Street se retira em silêncio.

SWAT - A história de Christina AlonsoOnde histórias criam vida. Descubra agora