18º

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Estamos a jantar os três pela primeira vez em anos, os meus pais conversavam de tudo e todos e até me perguntavam coisas como se estava bem, como ia a escola... sabem coisas que os pais perguntam, mas eles sabem as minhas notas, sabem que estão bem e que só tenho mais um amigo, o Harry. A minha mãe ficou a pensar coisas, ficou a pensar que gosto dele e que quero mais que simples amigo, começou a dizer que ele era lindo e que era um bom partido. Estava a roer-me por dentro porque o Harry estava atrás da porta a ouvir a nossa "conversa".

Quando terminamos, ajudei a arrumar a mesa e a lavar a loiça. A minha mãe ponha conversa comigo e eu até respondia mas hesitava um pouco porque não sei o esperar quando digo alguma coisa. Por acaso, até gostei de falar com os meus pais mas continuo com receio que façam a mesma coisa que fizeram.

Depois, fui para o meu quarto, disse que ia para a cama mas o que quero mesmo é sair dali, havia uma tensão no ar que eu não sei explicar. Entrei no meu quarto, Harry estava com um caderno na mão que eu reconhecia mesmo que o colocassem com vários cadernos.

"O que pensas que estás a fazer com o meu caderno de esboços?" pergunto caminhando até ele e arrancando o caderno das suas mãos.

"Estava apenas a ver o que era!" ele respondeu sentando-se.

"Mas para a próxima vez não faças isso." digo e caminho para a mesa onde ele estava escondido. "Como o encontraste?"

"Não sei, apenas olhei para o lado e vi o caderno... porque não me deixas ver?"

"Porque são desenhos que ninguém ir perceber, neles está representado o que eu sou e aquilo que passo na escola, em casa... os meus sentimentos." explico e ele levanta-se e aproxima-se de mim.

"Mas e se alguém conseguir perceber... eu percebi os teus desenhos, tu desenhas muito bem, e tens imensos desenhos riscados e isso significa que são as coisas que não gostas... só quero saber uma coisa." ele diz parando à minha frente com um sorriso.

"O quê?" pergunto sentando em cima da mesa.

"O rapaz que está desenhado mais ao menos no meio do caderno, sou eu?" ele pergunto aproximando-se mais de mim e o meu coração dispara.

"Que desenho?" pergunto fazendo-me despercebida, eu sei qual é o desenho, desenhei-o na semana passada, não conseguia dormir, então comecei a desenhar.

"Oh tu sabes... aquele em que tem umas asas negras e gigantes, o rapaz está de costas mas consegui ver que desenhas-te algumas tatuagens nos braços que, por acaso, são iguais às que eu tenho..." ele tem uma visão fantástica! É claro que é ele mas eu sei que ele sabe, só quer que eu diga que é ele.

Ele foi-se aproximando enquanto as palavras saiam da sua boca. Parou mesmo à minha frente e colocou os braços um de cada lado apoiando-se na mesa. O meu coração estava a mil e parecia que me ia sair pela boca. Harry aproximou a sua cara da minha mas parou quando os nossos narizes quase tocaram. Era como se ele me tivesse a pressionar para dizer que é ele.

"S-sim, és tu!" respondo olhando-o nos olhos.

"Porque desenhas-te?" perguntou com um sorriso no rosto.

"P-p-porque fazes parte do meu dia a dia!" respondo e ele encosta nos nossos narizes.

"Só isso?" ele fez uma voz tão sedutora que quase derreti. O que se passa comigo?

Assinto mesmo sabendo que há mais alguma coisa. Ele próxima-se mais, tenho a certeza que ele conseguia ouvir o meu coração, a minha respiração estava irregular e fecho os meus olhos involuntariamente. Quando os nossos lábios estava quase a colar-se, alguém bate à porta, Harry afasta-se um pouco e olha para mim antes de desaparecer. Respiro fundo e salto da mesa indo em direção à porta. 

Next To You || h.s. #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora