27º

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POV Alma (avó da Daisy)

Só passou três dias e eu já não me posso ver ao espelho. Como vou esperar mais quatro dias, eu não consigo olhar para mim, é como se a rapariga que eu vejo não fosse eu. Ele tem vindo cá todas as noites, apenas ficamos a falar um com o outro, a contar o que nos aconteceu nestes anos todos separados, claro que não contei que tenho família porque senão eu não sei o que ele faria, o melhor é ele continuar a pensar que estou sozinha e que ele é a única coisa que me resta.

Sempre que ele aparece, o meu coração parece que quer sair do meu peito, eu ainda o amo como antes e isso é horrível porque ele é capaz de fazer mal a todos que amo e isso inclui a minha herdeira: a Daisy. Eu não consigo perceber como mas o feitiço foi quebrado quando ela nasceu, eu lancei-me um feitiço quando estava grávida para que a Alice não sofra mas quando a Daisy nasceu ela começou a ver as mesmas coisas que ela, eu percebi que a Daisy era a minha herdeira quando a tive nos braços pela primeira vez, a sua energia era tão grande que quase a deixei cair mas felizmente a minha filha estava lá e tirou-ma dos braços.

Eu amo-a tanto, eu ajudei-a tanto que ela me disse que dava a vida por mim mas, aquilo que a espera no futuro, não devia ser ela a dizer isso mas, sim, eu. A minha missão aqui é ajudá-la, quando for concluída eu irei em paz para onde quer que Deus me queira levar.

Estava a fazer um chá quando tocam à campainha, o meu coração dispara, ainda não é de noite e ele só volta à noite. Deixo as coisas e vou à porta mas primeiro olho pela janela ao lado para ver quem é. O meu coração quase cai quando vejo a Daisy e o Harry. Oh meu Deus, o que faço? Não posso fazer de conta que não estou em casa porque ela sabe que raramente saiu e quando preciso de ir às compras ela vai comigo porque peço.

"Avó?" Daisy grita. Eu não sei o que fazer... espera! Harry!!!

"Harry, se me ouves manda-me um sinal..." penso, os demónios conseguem ler mentes, por tanto, vamos fazer isto como uma bênção! "Harry, se me ouves manda-me um sinal..."  ele, de repente, olha para a janela, as suas sobrancelhas juntam-se e eu fico parada porque se ele olhar para mim não me vai reconhecer. "Harry, tira-a daqui e dá uma desculpa qualquer, eu depois explico mas não voltes cá de noite, por favor!" suplico e ele parece perceber porque baixou a cabeça e pareceu pensar.

"Day, acho melhor irmos, talvez ela não esteja em casa..." ele afirma e ela o encara.

"O quê? Mas é impossível porque ela sempre que quer sair pede-me para ir com ela!" Daisy explica, ela conhece-me demasiado bem para não desconfiar.

"Talvez, ela esteja... a dormir, pois a dormir porque sabes que ela é uma velhota e está sempre cansada!" o Harry fala, vou tentar não levar aquilo a peito, eu sei que ele está a tentar ajudar, a insultar-me mas a ajudar.

"A minha avó é mais forte do que parece, ela quase nem dorme, quando eu dormia aqui, ela praticamente não dormia, e quando lhe perguntava o porquê, ela respondia que era para me proteger. Tenho um mau pressentimento, Harry!" ela afirma e Harry dá-lhe um abraço ao qual ela retribui fazendo-me ficar admirada, será que ele já lhe disse ou está a esperar pelo momento certo.

"Não tenhas, Day, tenho a certeza de que está tudo bem!" ele afirma e começam a andar, Harry continuava com um braço poisado nos ombros de Daisy e Daisy roda um braço à cintura de Harry, eu sabia que Harry iria perceber mais cedo ou mais tarde.

Ok... agora vasta só em preparar-me para receber o Harry e como sei que ele não bate à porta, tenho de ter muito cuidado para ele não me atacar no meio do nada.

(...)

Está a começar a escurecer e ainda não ouve sinais do Harry, talvez, ele não queira saber o que me aconteceu e esteja a fazer o que lhe pedi, proteger a minha neta.

Next To You || h.s. #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora