Entro no quarto de hospital e dou um beijo na testa da minha mãe. Sento-me na cadeira ao seu lado e observo-a. Suspiro e preparo-me para falar mas não sai nada, como se a minha voz não quisesse sair ou talvez seja por ainda não estar preparada. Bem, eu tenho de estar, não posso continuar à espera. Suspiro novamente e finalmente falo.
"Olá mãe..." agarro a sua mão. "Bem, eu estou bem e sei que tu não, a minha vida vai ficar um pouco mais vazia agora que tomei a decisão correta e vou conseguir deitar-te ir, eu amo-te imenso mas eu sei que ficas melhor nos braços do meu pai, a descansar... Oh meu Deus! É possível estar mais nervosa?" riu fracamente e olho para o lado encontrando o olhar do meu pai. "Chegou a hora de descansarem... os dois..." desvio o olhar para a minha mãe e volto a falar. "E eu não te peço para pares de lutares, eu imploro porque quanto mais lutas mais te destróis e se é para morreres, prefiro assim para te dar o último beijo." lágrimas correm pelo rosto e vejo que a máquina irritante ainda está a contar os seus batimentos. "Mãe, se estás preocupada comigo, não estejas porque eu tenho o Harry, a avó, a Violet... tenho tudo o que preciso aqui." finalmente o bip cessou, dando lugar a um ainda mais irritante e continuo.
Levanto-me e encosto os lábios na sua testa pela última vez. Sinto uns braços a abraçarem-me e retribuo o abraço sabendo que é meu pai a despedir-se.
"Vou ter saudades!" ele diz e eu apenas assinto, sentindo os seus braços uma última vez.
Viro-me para a cama da minha mãe e vejo o que nunca pensei ver, a alma da minha mãe a sair, literalmente, do seu corpo, agora, sem vida. O meu pai caminha até ela e agarra-a nos seus braços, fazendo-a despertar e um sorriso aparecer no rosto de todos. Olham para mim e evaporam ainda com um lindo sorriso. De repente, a porta é aberta e os médicos entram pedindo para eu sair, eu apenas fiquei a olhar porque estava petrificada com o que acabei de ver e fazer.
Harry aparece e abraça-me. As lágrimas não paravam e, por estranho, não são de tristeza mas sim por ter conseguido deixá-la ir ter com o meu pai. Harry leva-me para fora do quarto e sentamo-nos numa cadeira, pois porque ele senta-se e puxa-me para o seu colo.
"Está tudo bem, Day!" ele aperta-me contra si e poiso a cabeça no seu ombro.
"Eu sei que sim... agora está..." digo beijando o seu pescoço e o abraço com imensa força. "Obrigada..."
"Estarei sempre aqui para ti, amor!" ele diz e choca os nossos lábios.
(...)
Agora que reparo, eu tenho vindo a mais funerais este ano do que nos meus 18 anos de vida. Bem, estou aqui, no funeral da minha mãe, Harry abraça-me fortemente e a minha avó apenas me dá uma das suas mãos, apertando-a. Deve-lhe estar a doer imenso enterrar a filha, a mim também me dói, e eu contei à minha avó que fui que pedi a ela para parar de lutar, ao principio achei que esteve zangada ou magoada comigo mas depois ela abraçou-me e disse que eu fiz uma escolha que muitas pessoas não iam conseguir fazer. Bem, eu só fiz esta escolha porque o Harry ajudou-me e também porque percebi que tenho tudo o que preciso aqui, apesar de ainda haver um vazio que acho que nunca irá ser removido.
Limpo a cara várias vezes, por culpa de algumas lágrimas que escapam, a minha mão é agarrada com mais força e olho para o rosto da minha avó que também está lavado em lágrimas. Olho para o caixão à minha frente e suspiro, pedindo a Deus que eles estejam mesmo num lugar melhor. Começam a enterrá-la, a minha avó pediu para a enterrarem à frente da cova do meu pai porque ela diz que, um dia, se os mortos voltarem à vida, eles serão a primeira coisa que vêem, estranho não é?
Olho para a frente, sem ser para o caixão, e os meus olhos encontram uns olhos azuis fixados na minha avó. A pessoa repara que a estou a olhar e levanta um pouco o chapéu que tinha enfiado na cabeça. Ai, quase me dá uma coisa! Lúcifer? Ele volta a baixar o chapéu e sai do recinto. Não pude deixar de ir atrás dele, digo ao Harry que vou à casa de banho e sigo pelo mesmo caminho que o meu querido avô. Quando o encontro, estava encostado à parede, com o chapéu no peito e posso jurar que vi uma lágrima a cair pela sua bochecha pálida.
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Next To You || h.s. #Wattys2016
FanfictionE se tivesses de confiar a tua vida a um demónio? Confiarias? Na vida de Daisy tudo era horrível e horroroso, tinha vida difícil e apenas a sua melhor amiga a compreendia. Até que aparece o seu pior pesadelo... ou melhor, ela pensava que era...