70º

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Coloco os brincos de prata que pertenciam à minha avó e desço as escadas encontrando, Harry à minha espera. Ajeito o meu vestido preto e coloco os meus saltos também pretos. Harry pergunta se eu estou bem e eu apenas assinto sem emoção. 

Ambos saímos de casa e eu entro dentro do carro. Harry conduz até ao enterro da minha avó e ambos saímos quando o carro se encontra estacionado. Agarro a mão do meu namorado e andamos até à parte de trás da igreja, onde iria decorrer tudo. Quando cheguei, olhei para todos os lados e vi as pessoas que minha avó convivia, vizinhos, comerciantes e etc... até havia pessoas que nunca tinha visto na vida. 

De repente, a música começa a tocar dando inicio ao funeral e eu apertei a mão de Harry, andando para o pé do caixão já fechado. Enquanto o padre falava, eu apertava a mão de Harry que permanecia ao meu lado, apertando a minha mão igualmente. Nunca pensei que iria enterrar a minha avó tão cedo, nunca pensei que iria conhecer o meu avô, nunca pensei que iria conhecer o Harry... tudo isto acontecer por causa dela, eu estou internamente grata, não apenas por me ter mudado a vida mas também por nos ter salvo de tudo o que aconteceu. Mas agora eu tenho um problema, como vou saber como está a minha criança sem a sua ajuda.

Sinto a minha mão livre ser agarrada, olho rapidamente para o lado e reconheço Lúcifer de cabeça baixa. Aperto também a sua mão e encosto a cabeça no seu ombro, reparando que este se encontrava a chorar. O caixão é enterrado e todos seguimos para a igreja. Estava a entrar, quando Harry me puxa e ai eu me lembro de que ele não pode entrar. 

"Não se preocupem..." o meu avô afirma. "Tenho a certeza que Ele deixa." ele pisca o olho e Harry coloca um pé dentro da igreja. Sorrio e ele puxa-me com ele.

Ouvimos a missa até ao fim e quando acabou, deixei Harry com Lúcifer enquanto eu ia até a minha avó. Deixei a sua flor preferida eu cima do seu caixão que ainda não tinha sido enterrado por completo. Dou um beijo na rosa branca e deixo-a cair.

"Obrigada!" sussurro e lágrimas caiem pelo meu rosto.

"Ela era uma grande mulher." ouço uma voz ao meu lado e vejo uma mulher mais ou menos de idade da minha avó. "Finalmente, te conheço, Daisy." ela vira-se para mim. "Sou a Zita." apresenta-se e eu sorrio.

"Como sabe o meu nome?" pergunto e ela sorri também.

"Era uma amiga muito próxima da Alma." ela fala e eu olho-a bem, eu tenho a sensação de que a conheço.

"Desculpe mas já nos vimos, não?" pergunto e ela volta a sorrir.

"Bem, sim, já nos vimos, quando foste ao Brasil." ela diz e eu a olho.

"Era você que me observava!" digo.

"Bem, em minha defesa, eu pensava que eras a Alma mas depois eu pensei que ela não podia estar tão nova e depois lembrei-me de que ela me disse que tinha uma neta muito parecida com ela e, então, cheguei à conclusão que eras tu." ela fala e eu sorrio. "E estas grávida..." ela olha para a barriga que se nota por causa do vestido ser justo ao corpo.

"Sim diz que sim." digo e ela sorri também.

"A criança é do rapaz de caracóis que estava ao teu lado não é?" ela pergunta e eu assinto. "Sabes que ele é..."

"Um demónio? Sim, eu sei." interrompo-a e ela levanta uma sobrancelha ainda com um sorriso.

"A história repete-se." ela afirma e olha para baixo. Eu apenas sorri, lembrando-me da minha avó com o meu avô juntos. "Quem tratava da criança?"

"Era a minha avó..." olho para baixo. "Agora, não tenho ninguém para me ajudar..."

"Não, tens novamente." olho para Zita. "Eu ajudei a tua avó, posso muito bem ajudar-te também!"

Next To You || h.s. #Wattys2016Onde histórias criam vida. Descubra agora