Realidade Aumentada

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Sala de Exposições

10 de fevereiro

17h17min

Dra. Odillez, entretida com as fotos nas paredes, dobrou o pescoço ao notar dois rapazes se unirem ao grupo. Aproximou-se deles ao ouvi-los conversar em português.

– São brasileiros? – perguntou, interessada.

– Sim! – o mais novo respondeu depressa, surpreso com ela.

– Sou professora da USP, Maria Odillez – apresentou-se, apertando a mão de cada um.

– Meu nome é Alex, também sou professor universitário.

– O sotaque de vocês é peculiar – ela comentou.

– Somos do nordeste do país – Alex respondeu. – Está aqui por quê?

– Fui convidada para participar do primeiro passeio aberto ao público. Sou microbiologista de formação. Pediram uma avaliação minha sobre o lugar – ela disse. – Não estão aqui por isso também?

Alex e Éder trocaram olhares.

– Na verdade, não fomos autorizados a falar sobre o motivo de nossa presença aqui – o professor explicou. – O que sabe sobre este projeto?

– A Iniciativa Unicelular – ela mencionou. – O Sr. Chang não os informou?

– Quase nada – Alex hesitou ao dizer. – Acredito que devemos descobrir por conta própria. Estão nos chamando.

A voz de Wankler ecoou nas caixas acústicas. O grupo se reuniu em frente a uma porta larga no fim do espaço da Exposição.

Odillez pousou a mão sobre o ombro de Alex.

– Observe – ela levantou o indicador.

Os olhos dele fitaram as fotografias na parede.

– Parecem tão reais – ele comentou. – Microscopia de excelente resolução.

– Meu palpite é de que esta técnica é melhor que microscopia – disse, enigmática. Alex franziu a testa para ela e voltou o olhar para a fotografia diante dele.

Manuel, funcionário do museu, passou pelo grupo e, com um clique, destravou as portas vai e vem, empurrando-as contra as paredes. Um corredor amplo com janelas redondas de vidro revelaram vista para um jardim. Odillez se surpreendeu com a peça comprida de quase cinco metros em acrílico esverdeado e translúcido no meio da passagem. Imediatamente associou a um monstro marinho.

– Esta é uma obra conjunta dos artistas plásticos Ronald Mueck e Keng Lye feita em silicone e resina acrílica – Wankler surgiu no corredor. – Outras peças estão para chegar ao museu. Vamos dispô-las em toda a sala de exposição. É perfeita, não é? – disse, juntando as mãos num gesto de satisfação.

– É um Trypanosoma cruzi – Alex comentou, tocando na peça.

– É sim, mas não acredito que seja sua especialidade – Wankler nem disfarçou a ironia.

– Não me subestime – Alex atacou. – Minha área é biologia marinha. Conheço protozoários específicos.

Odillez achou estranho o tom do diálogo entre eles. Wankler encarou o professor, depois o deixou e se juntou a Manuel.

Odillez notou os detalhes no boné e na camisa que o funcionário vestia. Havia o desenho de uma criatura verde com flagelos pelo corpo e um slogan abaixo:

MUSEU DE MICRÓBIOS

"É mais que único. É unicelular"

– Boa tarde. Bem-vindos ao nosso Museu! – Manuel disse ao grupo. – Vou acompanhá-los durante nossa excursão. Temos uma escada ao fundo deste corredor até o Ambiente de Realidade Aumentada. O espetáculo começa ali – apontou.

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