1 - SAMANTHA

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Nuvens de algodão doce, hienas voando, dragões nadando. Corações em volta de mim. O que está acontecendo? Por que eles me seguem? Acho que...

Sou acordada por um forte chacualhão.

— Ai! O que foi? – abri os olhos dando de cara com meu pai e sua carranca.

— O que significa aquilo lá em baixo, Samantha? – questiona irritado.

— Aquilo o que? – pergunto me sentando na cama.

— Não se faça de desentendida!

— Ué, eu não sei do que...– me interrompo. — Ah, você está falando da pista de skate?

— O que mais de bizarro tem lá além disso?

— Não é bizarro!

— Já estou farto Samantha! Pare de agir como uma adolescente de quinze anos, pois você não é mais! – disse irritado.

— Desde quando skate é coisa só para adolescente? Se no seu tempo era assim, me desculpe mas estamos no século vinte e um, as coisas mudam.

— Já não basta aquela cabra, agora me vem com essa pista de skate. Em que você quer transformar essa casa? Samantha, você tem vinte e quatro anos e não quinze, já estou cansado de sua irresponsabilidade!

— É só me vender! Já pensou na grana que vai ganhar comigo? – ele suspirou cansado.

— Já chega! Eu não queria ter que tomar essa decisão, mas você está me obrigando. – saiu do meu quarto.

— O que? – me levantei indo atrás dele. — O que vai fazer? Vai me obrigar a casar igual fez com o Brian?

— Não vou cometer o mesmo erro! Nem com um marido você mudaria.

— Não mesmo. Ninguém irá me mudar! – digo decidida.

— Você diz isso pois nunca se apaixonou. Quando você realmente encontrar alguém que vale a pena você vai ver.

— O que? Me tornar uma idiota igual o Brian? Não obrigada. Se você espera que eu mude por amor, você vai esperar sentado pois isso não vai acontecer! – subo para meu quarto e bato a porta com força.

Sou a Samantha Campbell. Sejam bem vindos a minha vida! Ou nem tanto.

Acho que muita gente me conhece de outros carnavais. Para quem não conhece, vou fazer um pequeno resumo sobre eu e minha adorável vida.

Me chamo Samantha Louise Campbell. Tenho vinte e quatro anos, e moro com meu pai, minha madrasta e meu irmão mais novo, Pedro no Rio de Janeiro.

Tenho um irmão mais velho chamado Brian, o idiotinha de carteirinha. Ele é casado com a Anna, que é meio fora do normal. Tenho dois sobrinhos: Thomas e Brianna, que no caso são louquinhos.

Muito nova, eu por conta própria escolhi ir para um internato na Itália. Morei lá até meus dezoito anos.

Não me dou muito bem com a minha mãe. Mas atualmente estamos em uma relação até... amigável. Ela mora em Portugal com o marido, Matteo. Ele é uma ótima pessoa.

Vivem dizendo que nasci revoltada da vida, mas não é verdade. Talvez no fundo, seja. Cresci com a ausência da minha mãe, já que a carreira dela sempre fora mais importante que os filhos. Meu pai, pouco parava em casa e meu irmão sempre esteve mais preocupado com ele mesmo.

Eu sempre gostei de ser livre, isso eu amo de paixão. Gosto de fazer o que me der vontade, talvez esse seja um dos meus defeitos. Fazer as coisas sem pensar nas consequências, apenas ir até lá e fazer. Eu sou bastante impulsiva e quase nunca penso nas coisas que faço.

Meu pai querem que eu seja uma mulher normal e responsável. É mais fácil eu virar freira!

De pijama mesmo, peguei as chaves do meu New Beetle e desci. Entrei na garagem, entrei no meu carro e dei partida. Coloquei uma música do The 1975 para tocar durante o trajeto e esquecer um pouco minha revolta matinal.

Parei em frente a nova mansão de Anna e de Brian. Uma casa um tanto menor do que a antiga, já que Anna não gosta muito de exageiros. Brian como sempre faz tudo o que ela quer.

Toni, o jardineiro, abriu o portão para mim e eu sorri para ele como agradecimento. Abri a porta de entrada e entrei na casa. Estava tudo quieto, as crianças devem estar na escola ainda e Brian e Anna trabalhando.

Entrei na cozinha e encontrei Maria e Débora preparando algo. Débora é a assistente de Maria, já que ela já está em uma idade avançada precisa de algumas ajudas.

— Bom dia. – digo me sentando na pequena mesa redonda.

— Bom dia! – sorriu Maria. — Andando por ai de pijama de novo?

— Sim, por que as pessoas acham um problema andar de pijama? – questiono roubando uma maçã da pequena fruteira sobre a mesa.

— Não é um problema, só não é muito normal.

— Qual é a graça da normalidade? – bufei enterrando a cabeça na mesa.

— Qual é o problema agora? – passou as mãos em meu cabelo. — Vem, vamos andar um pouquinho? – me puxou levemente pelos ombros.

— Maria, eu não sou fofoqueira não, ta? – diz Débora. — Qualquer coisa que você vai falar com os patrões você foge. – prosseguiu se sentindo ofendida. Maria apenas revirou os olhos.

— Débora, continue com o trabalho vai. Pare de reclamar! – Débora apenas bufou. — E não deixe o molho secar. – saímos da cozinha em direção aos fundos, no jardim lindo que ali se encontrava. — Que carinha é essa?

— Meu pai disse que vai tomar uma decisão quanto a minha irresponsabilidade.

— E está com medo. – afirmou.

— Não, eu não estou com medo. Só quero estar preparada caso ele me arrume um marido, porque ai sim eu vou fugir e fazer um plástica em meu rosto e irei para China. Ai sim eu quero ver ele me encontrar e me obrigar a algo. – Maria solta uma risada. — E outra, ele fica falando que eu preciso me apaixonar, que o amor muda as pessoas... Argh! Eu não quero um marido, não quero ser igual Brian e Anna que ficam a todo tempo soltando corações pelas ventas. – ela ri novamente.

— Ai Samantha, quem sabe um dia você pense diferente?

— Nunca! Namorar, casar, se apaixonar não é para mim. Não mesmo!

Por que tinham essa mania idiota de achar que tudo se resolve com amor?

— Nunca diga nunca, minha querida. Não se sabe o que pode acontecer. – alisou meu braço. — As coisas infelizmente não acontecem como a gente quer, principalmente quando tem sentimento envolvido. Você sabe a história do seu irmão e a de Anna. – suspirei afirmando.

— Sim, eu sei. Eles acabaram se apaixonando e blá blá blá. Mas eu realmente não estou interessada.

— Se não quer fazer faculdade, por que não tenta trabalhar com algo que goste? Assim você destrai um pouco essa cabeça e para de tirar seu pai do sério.

— Sabe que eu já tentei, mas nada realmente me faz bem. Até vender minha arte na praia eu tentei mas não deu certo. – ela riu concordando. — Talvez eu só precise de um tempo para encontrar algo que eu realmente tenha vocação.

— Pode ser. Agora vamos comer algo, vou preparar um lanchinho. Ou melhor, vamos almoçar? Logo seu irmão chega com as crianças e Anna também. Ela teve plantão e ficou a noite toda no hospital

— Tá aqui algo que eu digo com toda certeza que não faria, medicina. – ela riu e me puxou nos levando para dentro novamente.

Por que tudo tem que ser tão complicado?

SIMPLESMENTE SAMANTHA Onde histórias criam vida. Descubra agora