6 - SAMANTHA

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Caminhei com Anne pelos  quinhentos cantos da casa. Daqui a pouco vou ter que usar um GPS, porque vou acabar me perdendo sempre. Com tão poucas pessoas, para que uma casa tão grande? Nunca vou entender essa fixação de gente rica.

Não demorou para que a noite chegasse. Falar de comida com Anne me deu uma tremenda fome, foi então que ela me abandonou e foi preparar o jantar.

Me joguei na cama e fiquei um longo tempo por lá. Desde então eu não encontrei mais Miller, e isso de alguma forma me deixava aliviada.

Esse homem só pode ser louco! Tem tantas perguntas sobre esse ser rodeando a minha mente que chego a ficar tonta.

Que tipo de pessoa coloca uma estranha maluca como eu na mesma casa que a filha de cinco anos? Por que tanta frieza ao falar da mãe da garota? Por que ter aceitado se responsabilizar por alguém como eu? O que há de errado com aquela mulher? E por que sinto que ela não faz bem a menina?

Não que eu seja intrometida, na verdade as vezes eu realmente sou. Mas eu sou curiosa, fazer o que?

Por volta das nove, fui avisada por Anne de que o jantar iria ser servido, então desci.

Me sentei na espaçosa mesa da sala de jantar e encarei minhas unhas curtas pintadas de preto. Logo Miller aparece e se senta no centro da mesa.

— Onde está Agatha? – pergunto notando a ausência da menina.

Desde que a vi, fiquei com aquela expressão tristonha na minha mente e uma grande vontade de me aproximar.

— No quarto, ela come por lá com Pilar.

— Não fui com a cara dessa mulher. – resmunguei alto de mais.

— Desde que chegou você foi com a cara de quem? – ele questiona.

— Martín e da Anne. Ah e é claro, com a de Agatha. – sorrio.

— Você é má influência para Agatha, então nem pense. – ele diz me deixando indignada.

— E aquela mulher não?

— Eu não tenho do que reclamar de Pilar.

— Claro que não. – resmungo. — Você sabe o que acontece lá em cima enquanto você está aqui brisando no ponto? Ela pode estar fazendo maldades com a garota.

— Brisando? – perguntou sem entender.

— Esquece.

— Você nem conhece Pilar e a está pintando como uma vilã de conto de fadas.

— Até a Malévola é melhor, pode apostar. – ele revira os olhos. — Uma coisa que você não deve saber sobre mim, é que meu sexto sentido nunca falha. Meu santo não bateu com o dela, e isso significa muita coisa.

— Suas aulas começam amanhã. – mudou de assunto.

— E dai? Vai amarrar um segurança na mesa da universidade para que eu não fuja?

— Você vai estudar, – ignorou minha provocação. — e eu vou querer ver seu rendimento.

— O que quer dizer com isso?

— É como eu disse, vou acompanhar seu estudo. Eu sou uma pessoa ocupada, mas a pedido do seu pai eu diminui um pouco da minha carga horária por você.

— Devo agradecer? – resmunguei. — Tudo isso é contra a minha vontade, portanto, pode simplesmente cuidar da sua vida e deixar a minha em paz.

— Você chegou hoje e já está reclamando demais, não acha?

— Não. Tenho motivos para reclamar!

— Você procurou por isso.

— Você não tem nada a ver com a minha vida.

— Samantha estou tentando ser legal com você, mas você não está ajudando. Não estou aqui para ser o vilão da história.

— O que você tem na cabeça para concordar em deixar eu vir para cá? – o encarei.

— Eu já falei, seu pai é um grande amigo. Eu estou lhe fazendo um favor.

— Eu tenho vinte e quatro anos. Não preciso de babá!

— E eu jurava que você tinha doze. – o fuzilei com o olhar. — Se você realmente tem vinte e quatro anos, tente agir como uma mulher da sua idade. Pois isso em minha frente é tudo, menos uma mulher de vinte e quatro anos!

Indignada o encarei.

— Que absurdo! – me levantei saíndo da sala de jantar.

— Samantha, volte aqui!

— Você não manda em mim!

— Você é uma garota tão infantil! Até uma criança de cinco anos tem mais maturidade que você. – o escuto dizer. — Volta aqui, não queira que eu vá até ai e te traga para a mesa!

— Ah mas essa eu quero ver, só vem! – lhe desafiei parando onde estava e cruzando os braços. O escuto bufar e sair da sala de jantar e me encarar todo raivoso.

— Você está testando meu limite, garota! Você é infantil, mimada, rebelde que acha que tudo tem que ser do seu jeito e que não aceita verdade! Mas escute, daqui para frente as coisas vão mudar! – diz ainda convicto.

— É o que nós vamos ver!

Subi para o meu quarto e bati a porta com força.

Caminhei até a varanda, olhei para baixo e dava para ter uma ótima visão do jardim. Era imenso, mas não tinha flores. Jardim sem flores não é jardim. Já que fui obrigada a vir para cá, vou tratar de fazer mudanças. Não vou viver em uma casa sem graça dessa.

Resolvi ir até o banheiro trocar de roupa. Coloquei meu camisão branco e minhas meias pretas até o joelho. Prendi meu cabelo e me joguei na cama.

Miller você me paga!

SIMPLESMENTE SAMANTHA Onde histórias criam vida. Descubra agora