7 - SAMANTHA

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Estava dormindo tranquilamente enquanto sonhava com as minhas hienas voadoras, até ser acordada por alguém me dando chacoalhões nada gentis. Abro os olhos e vejo a figura de Miller me olhando furioso.

— O que foi? – perguntei me afastando dele. — Isso se chama invasão de privacidade, sabia?

— O que você fez, garota? – perguntou com os dentes serrados e com os olhos fuzilantes.

— Fiz com o que? Está maluco? Eu estava dormindo! – ele me puxa pelos braços.

— Não se faça de idiota! O que você fez com meu projeto?!

— Me solta, seu idiota! – o empurrei. — Eu não sei de droga nenhuma de projeto!

— Sabe sim! Você apagou! – diz afirmativo.

Ok. Talvez eu realmente tenha decidido me vingar da discussão idiota que tivemos ontem...

— Se sabe que eu apaguei, por que veio aqui me questionar?

— Você é maluca! – quase grita.

— Se sabia que eu era tudo isso, por que foi tão imbecil a ponto de me aceitar? Anda! Me expulsa logo daqui, vai ser um favor que você estará fazendo para eu e você. – digo no mesmo tom de voz que ele.

— Você passou de todos os limites! Querendo ou não você vai mudar. – soltei uma risada debochada o fazendo se irritar mais ainda.

— Você continua esperançoso? Admiro a coragem, pois eu já disse que ninguém irá me mudar. Muito menos você!

— Você é mimada, maluca, sem noção e extremamente infantil. – diz contando nos dedos. — Isso não vai ficar assim! Não vai! – ameaçou.

— Olha para minha cara de preocupação. – digo abrindo meu melhor sorriso mesmo que não fosse realmente o que eu queria fazer.

— Você já percebeu o quão infantil você é? – sua voz soa cansada. — Isso é ridículo! Você não tem razão em querer protestar sobre as atitudes do seu pai. Você age como uma criança, que precisa que o pai esteja todo o tempo em cima dizendo o que fazer ou não. – desabafou e saiu do quarto me dando um último olhar e batendo a porta com força.

Tudo bem, pode ser que eu tenha exagerado um pouco em minhas atitudes. E talvez ele tem acertado um belo tapa na minha cara nesse momento com suas palavras.

Soltei um pequeno suspiro e adentrei o banheiro e tomei um banho. Ao sair, vesti uma calça jeans preta, uma camiseta preta e um tênis vans preto. Luto. O dia em que eu matei Peter Miller.

Alguém bate na porta e antes que eu dissesse algo, o Pinguim ambulante entra.

— O senhor Miller lhe mandou descer. Vai se atrasar para a faculdade. – diz com certo desprezo a minha pessoa.

— Pois mande ele ir lamber sabão! – o pinguim me olha torcendo o nariz.

— Garota insolente. – disse antes de empinar o nariz.

— Não me estressa mais um pouco e eu quebro essa sua cara de papai pig! – ele arregala os olhos.

— Me chamou de que?

— Do que você ouviu!

— Insolente! – repetiu e saiu do quarto correndo.

Ah mas hoje eu mato um!

Arrumei minhas coisas, todas que meu pai tinha mandado comprar. Desci e vi a tal Pilar com Agatha. A morena me olha de cima a baixo com cara de quem comeu e não gostou.

Agatha me olha e da um sorriso doce. Meu Deus, crianças viraram meu ponto fraco.

— Bom dia! – digo a Agatha.

— Bom dia! – ela diz sorrindo. Pilar me olha assustada.

— Mas o que... – Pilar encara a mim e a Agatha com o cenho franzido mas depois retorna com sua expressão de superioridade. — Digo, você deve ser a hóspede do senhor Miller. – diz com um sorriso tão falso quanto os próprios seios.

— Sim, sou eu. – respondo em tom morno.

— É um prazer, meu nome é Pilar.

— Pilar falsiane? – ela me olha em choque e eu rio. — Sou Samantha anti-falsiane. Muito prazer! – lhe dou um sorriso sacana e ela me olha furiosa.

— Como pode falar assim comigo?

— Desculpe se te ofendi, mas eu sempre sou honesta com as pessoas.

— Morei por alguns anos no Brasil, as coisas lá pelo jeito decaíram bastante desde que sai. – diz me olhando de cima a baixo. 

— Interessante. – ignoro sua provocação. — Onde está Miller?

— No escritório, por que? – pergunta interessada.

— Acho que isso não é da sua conta, mas obrigada pela informação. – ela me olha ainda mais irritada. — Tchau, anjo.

— Ainda tem coragem de dizer que eu sou a falsa. – resmungou.

— Eu tinha falado com a Agatha. – sorrio e saio em direção ao escritório de Miller. Entro sem bater e ele me fuzila com o olhar.

— Não tem nem um pouco de educação não? – questiona ele.

— Com você, não.

— O que quer?

— Dizer que não sou tão má como pensa.

— Má? – debochou. — Você não é má, é infantil e sem limites.

— Olha aqui, estou vindo falar contigo numa boa e você me trata assim. Depois um vazo "acidentalmente" – fiz aspas. — voa na sua cabeça e não sabe o motivo.

— Isso é uma ameaça? – me encarou e revirei os olhos.

— Não trabalho mais com ameaças, ou eu faço ou não faço. Como eu disse, não sou uma pessoa má. Então toma! – joguei meu pen drive em sua mesa.

— O que é isso?

— Um pen drive, não vê?

— Estou vendo, pois não sou cego, mas o que tem aqui dentro?

— Seu projeto. – ele me encara.

— O que?

— Antes de apagar, eu passei para meu pen drive. Era só para te assustar.

— Me assustar?

— Sim. Pois sou uma pessoa vingativa, não pense que tudo o que você disser vai ficar por isso mesmo, então cuidado. – ele cerra os olhos e nega com a cabeça.

— Vai logo estudar vai, Martín está esperando com o carro.

— Não me diz nenhum obrigada?

— Você não fez mais que sua obrigação!

— Quando você ver o máximo que posso fazer com você, você vai se arrepender! – ele arqueia uma de suas sobrancelhas. — Não seja mente poluída! – virei as costas e bati a porta com força.

Passei pelo pinguim e pelo projeto de encosto e lhes dei o meu melhor sorriso.

Ao entrar no carro tomo o maior susto vendo um armário ambulante ao meu lado e outro no banco do passageiro.

— Quem são vocês? – pergunto.

— Senhorita Campbell, esses são John e Jack. Seus seguranças particulares. – diz Martín. Jonh e Jack?

— Jonh e Jack, hum e ai? – mexi com o armário ao meu lado, mas ele me ignorou. — Não vai falar comigo? Não mesmo? Tem certeza? – ele ignora novamente. — Tomara que um raio caia na sua cabeça!

Ótimo, as coisas só melhoram para mim a cada segundo que passa.

SIMPLESMENTE SAMANTHA Onde histórias criam vida. Descubra agora