Voltei para casa no fim da tarde. Tomei um banho, terminei de arrumar minhas coisas e desci. Me despedi de Dora, e foi uma difícil despedida.
— Estou pronta. – digo entrando na sala. — Vamos logo ou vamos deixar para o ano que vem?
— Filha...– meu pai começou. — Isso é para o seu bem.
— É sempre a mesma ladainha de "É para o seu bem". – lhe imitei. — Mas tudo bem, eu vou fingir que acredito e dizer: "Obrigada papai, estou realmente grata pelo senhor me mandar para morar com um estranho do outro lado do mundo." – digo fazendo uma voz fina em provocação.
— Um dia você ainda vai me agradecer e perceber que eu não estava errado. – ele diz convicto.
— Nem vou dizer mais nada. – dou de ombros.
Me despedi de Alexandra e de Pedro e segui junto ao meu pai para o aeroporto.
Chegando lá, fui fazer o check-in. Meu vôo não demorou a ser chamado. Me despedi de meu pai e fui em direção ao portão de embarque, entrei no avião e coloquei meus fones. Assim que o avião decolou eu já esta sonhando com hienas voadoras.
Algumas horas mais tarde, fui acordada pela voz da aeromoça. Desembarquei do avião e fui pegar minhas malas. Essas que nem eram tantas, apenas uma mochila grande e uma menor.
Vejo um cara trajado de terno e gravata segurando uma placa com meu nome escrito. Não seria ele o tal amigo do meu pai, seria? Parecia muito jovem.
— Acho que sou eu. – digo parando em sua frente e apontando para o cartaz.
— Seja bem vinda senhorita Campbell, sou Martín, o motorista do Sr. Miller. Irei levá-la para a casa. – ele diz todo formal, parecia que tinha sido programado para isso.
— Hm, tudo bem. – ele pegou minhas malas e começou a andar a caminho da saída.
O segui e paramos em frente a um carrão de luxo. Ele guardou as malas e abriu a porta traseira para que eu entrasse.
Durante o trajeto, vi uma cafeteria do Starbucks e pedi para ele parar. Ainda com receio ele parou e desceu comigo. Com certeza meu pai tinha dito a esse tal amigo dele que me falta alguns parafusos, com certeza ele me acha uma maluca. E ele tem razão de achar isso.
Pedi um cappuccino e um muffin de chocolate e voltei para o carro.
Em poucos minutos ele parou em frente a uma super mansão. Abriram os portões automáticos e entramos com o carro. Era uma super, tipo, SUPER mansão. Talvez até maior que a do meu pai, e olha que a dele é grande.
Assim que ele parou em frente a entrada, eu pulei para fora do carro. Olhei tudo em volta e realmente era tudo bem extenso.
Subo os degraus da entrada e aperto a campainha, em poucos minutos um homem abre a porta. Ele era baixinho, careca e parecia aqueles personagens de desenho. Ele me olha de cima a baixo e da espaço para que eu entre.
Já não gostei desse cara.
Entrei na casa e ela realmente era imensa. Só que era sem graça, não tinha cor, não tinha nada de chamativo lá. Talvez fosse o estilo das casas americanas, não sei. Mas que merecia algumas mudanças, merecia. Olhei para o projeto de pinguim ao meu lado e ele me olhava de cima a baixo.
— Qual é o seu problema comigo? – questionei lhe chamando a atenção.
— Nenhum. – engoliu a seco. — O Sr. Miller já irá recebê-la!
— Tá.
Faz tanto tempo que eu não falo inglês que tudo parecia muito estranho para mim. Talvez eu só precisasse me acostumar com isso.
Continuando a olhar em volta, a casa até era bonita. Os móveis eram de luxo mas não pareciam ser atuais. Mas é claro, o dono deve ser um velho tampinha que usa um dente de ouro e óculos do Harry Potter e que todo domingo paga uma garota para ficar de acompanhante no xadrez.
Escuto passos no andar de cima e rapidamente encaro o topo da escada. Meu queixo quase atravessa o chão.
Um homem bonito está descendo as escadas. Quando eu digo bonito, é tipo MUITO bonito mesmo. Me diz que é o filho dele ou eu me jogo da primeira janela que eu encontrar. O cara era forte, tinha uns músculos quase para fora do terno que usava. Merda!
Ele termina de descer e para bem na minha frente.
— Senhorita Campbell? – pergunta com um sorriso um tanto fechado.
— Não. Quer dizer, sim mas... – por que diabos eu estou gaguejando? — Só Samantha está de bom tamanho. – ele arqueia uma sobrancelha e dá um sorriso de lado bem fechado.
— Tudo bem, Samantha. – enfatizou meu nome. — Seja bem vinda, e muito prazer! – estendeu sua mão em cumprimento e a apertei no mesmo instante sentindo um arrepiozinho na espinha com tal contato. — Sou Peter Miller.
— Você é o Peter, amigo do meu pai? – questionei em choque.
— Sim.
Mil vezes merda!
— Ah tá. Hm, então, só vai morar nós dois aqui? Sua namorada não vai achar ruim? Se sim, não tem problema, eu posso ir para um hotel.
— Não se preocupe, não namoro. É a primeira vez que recebo um hóspede em casa, e se tratando do meu amigo Heitor eu não podia negar. – diz com um certo brilho nos olhos.
— Você é gay?
Por que Samantha não pensa antes de falar as coisas?
Ele me olhou indignado.
— Gay? Claro que não!
— Desculpe se te ofendi mas o modo como falou do meu pai... – dei de ombros.
— Não sou afim do seu pai! – disse agora sério.
— É que não é qualquer um que aceita Samantha Campbell morar em sua casa, principalmente sabendo que ela é maluca, impulsiva, rebelde e irresponsável.
— Não quer dizer que eu esteja apaixonado pelo seu pai! – diz ríspido. — Seu pai me disse tudo sobre você, principalmente essas características que acabou de citar.
— Eu já esperava! – suspirei.
— Ele me deu a responsabilidade sobre você. Terei de acompanhar seu desempenho na faculdade para que não a abandone. Não poderá sair sozinha, pois não posso correr o risco de você fugir, por tanto você terá seguranças a todo tempo. – o encarei. Era algum tipo de piada, não é mesmo? — Terá que seguir as minhas regras e tudo o que eu mandar. – o encarei e soltei uma gargalhada.
— Acho que meu pai não te contou exatamente tudo sobre mim. – digo me aproximando de alguns vasos caros em uma estante. — Eu não gosto que me controlem. Regras? – sorrio. — Essa palavra não existe no meu dicionário. – lhe encarei.
— Se o seu pai me deu a responsabilidade de cuidar de você, eu vou fazer isso. Você voltará completamente diferente para o Brasil. – diz me dando um olhar decidido. Eu posso até ter me arrepiado mas não foi de medo.
— Você fala com tanta confiança e convicção que chego até a me emocionar. Não sonhe tal alto, pode cair. Vá sonhando que irá me mudar, pois isso não vai acontecer.
— Isso é o que vamos ver! – me encarou novamente. — Andrew, leve a senhorita Campbell para seu quarto.
— Sim senhor. – o pinguim disse pegando minhas malas que brotaram ali sem que eu percebesse.
— Estou de castigo? – questionei em provocação. — Talvez eu esteja com medo.
— Garota, não teste minha paciência! – disse com total seriedade.
— Vou pensar no seu caso! – lhe mandei um beijo no ar e segui o pinguim que no caso, se encontrava perplexo.
Pode ser que seja interessante essa minha estadia na mansão do senhor Chatonilson Miller.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SIMPLESMENTE SAMANTHA
RandomSamantha Campbell está de volta, e promete muitas surpresas. Depois de Sam testar seus limites, Heitor não pensa duas vezes antes de tomar uma importante decisão: Mandá-la para Nova York para iniciar seus estudos na faculdade de administração. O qu...